Buscando mudar os índices de reprovação e analfabetismo nos anos iniciais dos alunos da rede municipal de ensino, a secretaria da Educação implantou, em 2017, o Método das Boquinhas, que, mais uma vez atestou sua eficácia, reduzindo de modo significativo os índices negativos das turmas de 1º a 3º anos das escolas de Gramado. Em 2018, 996 alunos de 14 escolas utilizaram os materiais de ensino do Boquinhas, porém, os professores tiveram a opção de aderir ou não à metodologia em sala de aula. Sendo assim, alguns a usaram integralmente, enquanto outros apenas a utilizaram como ferramenta.
Um dos exemplos da sua efetividade foi nas turmas de 2º ano, nas quais, na avaliação final, 100% dos alunos realizaram a leitura de palavras totalmente sem erros, enquanto 89% daqueles que não utilizaram a metodologia conseguiram o mesmo feito. Em todas as turmas, os resultados daquelas que utilizaram o método integralmente foi significativamente maior do que daquelas que não utilizaram ou utilizaram como ferramenta, sendo que, nas turmas de 1º ano, na fase de escrita, a diferença chegou a mais de 30%.
Os resultados foram apresentados nesta semana para a secretária e o adjunto da Educação, Gilça dos Santos Silva e Gelson Oliveira, e para a diretora pedagógica, Joseane Vasconcelos Machado, pelas multiplicadoras Ana Méri Wammes Matozo, Cláudia Suzana Souza da Silva Ferreira e Emília Genoveva Vieira e pelas assessoras do Boquinhas, Andreia Liliane Farias de Campos e Patrícia Hoffmeister.
A secretária Gilça Silva comemorou os resultados e relembrou como era a situação das crianças antes da implantação do método. "Em 2017, tínhamos 66 alunos de 3º ano em defasagem. Destes 66, após um intensivo utilizando o método, tivemos uma aprovação de 60%. Isto mostra que estamos no caminho certo", ressaltou.
O Método Fonovisuoarticulatório, apelidado como Método das Boquinhas, está de acordo com os atuais estudos de neurociência, os quais têm pesquisado como o nosso cérebro adquire a leitura e a escrita. Esses estudos mostram que os alunos precisam ser estimulados por meio de metodologias multissensoriais, favorecendo a aprendizagem de qualquer criança, inclusive daquelas que apresentam dificuldades, promovendo assim a inclusão escolar.
"O Boquinhas tem atividades muito práticas, que foram elaboradas por meio de estimulação das percepções auditivas, visuais, sensoriais, consciência fonológica, orientações espaçotemporais, entre outras, e, desta forma, nenhuma criança aprende copiando do quadro, e sim vivenciando a leitura e a escrita", explica a aplicadora do método, a fonoaudióloga, psicopedagoga e mestranda em neurociência, Patricia Hoffmeister.
O Método das Boquinhas utiliza, em sua prática, estratégias fônicas, visuais e articulatórias. Seu desenvolvimento foi alicerçado na Fonoaudiologia, em parceria com a Pedagogia, sendo indicado para alfabetizar qualquer criança e mediar os distúrbios de leitura e escrita. O Boquinhas atinge, de maneira rápida e eficaz, a conversão fonema/grafema, viabilizando a compreensão e utilização do sistema de escrita alfabética (SEA).
Para o próximo ano, as turmas de Pré II e o 4ºs anos serão incluídas no processo. Sendo assim, na primeira turma, serão apresentados os pré requisitos para alfabetização através da ludicidade, e na última, formações com as multiplicadoras do método Boquinhas, sondagens de escrita e oficinas práticas. Para as turmas de 1º, 2º e 3º ano, será dada continuidade no processo, contando com formações para professores utilizando de oficinas práticas e mediações.