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Macron defende solução de Putin para estabelecer paz na Ucrânia
O Ocidente, os EUA e a Otan seguem rejeitando as demandas do russo
Um dia após passar mais de cinco horas à mesa com Vladimir Putin em Moscou, o presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu em Kiev nesta terça (8) que a única saída para negociar uma paz no leste da Ucrânia é justamente aquela defendida há anos por seu colega russo.
"Os Acordos de Minsk são o único caminho que nos permitirá estabelecer a paz, o único caminho para encontrar uma solução política duradoura", afirmou Macron em entrevista coletiva com seu colega Volodimir Zelenski, na capital ucraniana.
Não se trata de uma capitulação aos termos mais gerais que Putin estabeleceu para a crise de segurança no Leste Europeu, rejeitados por EUA e pela Otan, aliança militar ocidental da qual Paris faz parte. Mas é um sinal de que a pressão militar exercida pelo russo nos últimos meses pode começar a dar frutos.
Zelenski, um presidente frágil por sua origem antipolítica como comediante e sem muito apoio popular, com efeito não passou recibo ao francês, a quem recebeu em uma mesa consideravelmente menor do que o opressor móvel que havia separado Putin de Macron na véspera. Porém, disse que "estamos esperando por uma oportunidade no encontro do Quarteto da Normandia no nível de chefes de Estado".
Ou seja, pediu um encontro com Putin, Macron e o chanceler (primeiro-ministro) alemão, Olaf Scholz, os artífices desse formato de negociação que ocorre desde 2014, quando a primeira versão dos Acordos de Minsk foi elaborada.
Ela fracassou em encerrar a guerra civil no Donbass (leste ucraniano), contudo, levando a um segundo texto, que abaixou a fervura militar, mas nunca foi estabelecido completamente por resistências de Kiev: o arranjo prevê que as áreas dominadas há oito anos por separatistas pró-Rússia fiquem com a Ucrânia, mas com um status autônomo.
Nos últimos anos, Putin insistiu na implementação dessa versão, que na prática vai alcançar seu objetivo estratégico de manter a Ucrânia impossibilitada de entrar na Otan - a aliança não aceita membros com disputas territoriais tão sérias, e Kiev já havia perdido a Crimeia para Putin no mesmo 2014, quando o russo reagiu à queda do governo pró-Kremlin no país.
Desde novembro, a Rússia concentra tropas e equipamentos perto das fronteiras ucranianas, levando ao temor ocidental de uma invasão que ela diz não querer fazer. Seja como for, a mobilização deixou claro à Otan que uma ação pode ocorrer, o que já é bastante como instrumento de pressão.
O Ocidente, os EUA e a Otan à frente seguem rejeitando as demandas de Putin, de impedir a expansão do clube militar e a inclusão da Ucrânia. São exigências feitas para não serem aceitas, abrindo a porta para outras concessões, e talvez Macron tenha dado a senha. Ou então os pessimistas estão certos e o russo pode ir às vias de fato.