Os brasileiros seguem como a maior comunidade estrangeira em Portugal, representando 27,8% dos imigrantes no país. Segundo especialistas, o crescimento do número de brasileiros residentes, mesmo em ano de pandemia, é explicado em larga medida pela demora do
processo de regularização.
Na avaliação da presidente da Casa do Brasil de Lisboa, ONG que auxilia a comunidade imigrante, os novos títulos de residência concedidos são relacionados a pedidos que foram feitos em anos anteriores, mas que ainda se encontravam tramitando na burocracia administrativa.
"Nós temos identificado que esses brasileiros e brasileiras que constam nos relatórios dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras já estavam em Portugal mesmo antes da pandemia. O que acontece é que as regularizações e as autorizações de residência chegaram neste momento", diz Cyntia de Paula.
Ao contrário de muitos membros da União Europeia (UE), Portugal tem um sistema relativamente simples de regularização para quem entra no país como turista e permanece vivendo e trabalhando sem a autorização adequada.
O caminho, no entanto, costuma ser longo. Não raro, há um intervalo de mais de dois anos entre o pedido de regularização e a concessão da autorização de residência.
Com as fronteiras da UE fechadas a turistas brasileiros desde março de 2020, a entrada de novos imigrantes com esse perfil - que respondem por parte significativa das novas residências - ficou bastante limitada. Neste momento, para entrar no país, é preciso ser cidadão da UE, ter visto de estudo ou trabalho concedido por um consulado no Brasil ou ainda se enquadrar em alguma das poucas exceções previstas pelo governo.
Os números da imigração brasileira para Portugal costumam acompanhar o clima econômico e político nos dois países. Em 2011, quando Portugal estava em crise e precisou recorrer a um empréstimo internacional, o número de brasileiros residentes começou a cair seguidamente. Em 2017, com o Brasil em crise e Portugal em recuperação, a tendência se inverteu.
Embora os 183.993 brasileiros residentes oficiais contabilizados pelo SEF já representem um número expressivo, a quantidade real de brasileiros vivendo no país é bem maior. Não entram nas estatísticas oficiais aqueles que têm também dupla cidadania de Portugal ou de outro país da UE, nem os migrantes em situação irregular.