Os casos de extremismo no Exército da Alemanha cresceram no ano passado, segundo relatório divulgado pela Comissão de Defesa do Parlamento alemão. Foram 477 episódios investigados em 2020, uma alta de 30% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do Serviço de Contra Inteligência Militar. Casos ligados a neonazismo passaram de 16 para 31.
Para a presidente da comissão, Eva Högl, os números mostram que é preciso reforçar a ação contra influências de extrema-direita. "É preciso educação, sanções e prevenção, de forma consistente, consistente e rápida", afirmou ela.
Ao apresentar o relatório, Eva criticou supostas omissões na investigação da infiltração da extrema-direita em uma das principais tropas de elite da Alemanha, o Comando das Forças Especiais (KSK). Com uma de suas quatro unidades desmantelada e submetido a reformas, o KSK está sendo pressionado por ter anistiado soldados que roubaram armas e munição, permitindo que eles as devolvessem sem serem punidos. Estima-se que até 48 mil cartuchos e 62 quilos de explosivos tenham sido desviados.
De acordo com a comissária, transparência e combate à impunidade são fundamentais para combater o extremismo, ainda que ele atinja apenas a minoria dos soldados alemães. O relatório também afirma que o envelhecimento geral do Exército alemão está prejudicando o Serviço de Contra-Inteligência Militar. O órgão deveria ter sido ampliado para combater o extremismo crescente, mas não tem conseguido encontrar candidatos, apurou a agência Folhapress.
No Reino Unido, comissária defende endurecimento da lei para impedir o discurso de ódio
O risco do extremismo também foi tema de um relatório oficial no Reino Unido divulgado na semana passada, produzido pela Comissão para Combater o Extremismo (CCE). "Grupos extremistas, sejam eles neofascistas, neonazistas, islâmicos ou outros, podem operar legalmente e impunemente, e estão radicalizando ativamente outros", afirmou a comissária Sara Khan. Segundo a CCE, a lei britânica precisa ser endurecida para impedir o discurso de ódio e o crescimento da violência incentivada por ele.
Sara afirmou que, desde os atentados terroristas de 2005, o governo britânico tem sido incapaz de conter grupos extremistas por falta de previsão legal para enquadrar sua propaganda e suas atividades. Tentativas anteriores de atacar essa lacuna foram abandonadas por ameaçarem a liberdade de expressão e outras liberdades civis.
Segundo ela, porém, a proposta da CCE "garantirá a proteção da liberdade de expressão e ao mesmo tempo restringirá a perigosa atividade de extremismo odioso". Para o grupo, a lei britânica deveria elevar o extremismo odioso a uma ameaça prioritária ao lado do terrorismo e da exploração sexual infantil on-line, e passar a criminalizar a posse de material terrorista ou extremista nos mesmos moldes do que é aplicado para casos de pedofilia.
"Não apenas nossas leis falharam em acompanhar a crescente ameaça do extremismo moderno, mas os limites legais atuais permitem que os extremistas operem com impunidade, recrutando cada vez mais terroristas e elevando a tensão entre as comunidades e dentro delas", disse Mark Rowley, líder nacional do Policiamento de Contraterrorismo.
Segundo o estudo, 20% dos jovens do sexo masculino entrevistados em uma pesquisa de 2020 disseram não acreditar no Holocausto, e muitos são influenciados por discurso de ódio nas redes sociais. A comissão também afirmou que o antissemitismo entre jovens é o quíntuplo do registrando entre os mais velhos.
Entre os problemas relatados estão o da circulação de textos sobre um fictício "genocídio branco", que teriam como objetivo incitar o ódio contra negros e muçulmanos, mas não são tolhidos pela lei por não incitar diretamente a violência.
A CCE propôs que extremismo de ódio passe a ser definido como atividade ou material que tem "a intenção de promover uma ideologia de supremacia política, religiosa ou racial, criar um clima favorável ao crime de ódio, terrorismo ou outra violência ou tentar erodir ou destruir os direitos e liberdades fundamentais de nossa sociedade democrática".