O aumento das contaminações de coronavírus na Europa faz países como França, Irlanda, Espanha e Rússia adotarem restrições de circulação de pessoas mais severas para conter a segunda onda da pandemia de Covid-19 no continente. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Europa teve 235.553 mortos
desde o início da pandemia e o número de contaminações chegou a 5,8 milhões.
Desde sexta-feira (2), o governo da Espanha decretou "lockdown" em Madri e em nove cidades-satélites. Nesta segunda-feira (5), 300 policiais se dividiam em 60 postos de controle nos arredores da capital. Com 850 infecções de Covid-19 por 100 mil pessoas,
Madrid tem a taxa de contágio mais alta da Europa.
Preocupado com mais danos econômicos, o governo local concordou com relutância com as novas medidas por ordem do governo nacional. Agora, os residentes de Madri só podem cruzar os limites da cidade por motivos de trabalho, escola, saúde ou compras. Bares e restaurantes devem fechar às 23h ao invés de 1h e encontros de mais de seis pessoas estão proibidos.
Com as taxas de contágio aumentando também em outras regiões, autoridades na Espanha impõem as mesmas restrições a outros locais, incluindo partes da região norte de Castela e Leão. No total, o país teve 32.086 mortes por coronavírus e 789.932 casos confirmados - os piores números na Europa Ocidental.
França
A venda e o consumo de álcool a partir das 22h foram proibidos, assim como músicas em estabelecimentos depois das 22h. Apesar disso, cinemas, teatros e museus vão continuar abertos na capital francesa.
Paris tem 260 casos a cada 100 mil habitantes, e 36% dos leitos dos serviços de UTI já estão ocupados por pacientes com Covid-19. "Estamos entrando em uma nova fase", declarou a prefeita Anne Hidalgo, que pediu aos franceses que "trabalhem juntos" para proteger os mais frágeis. Eventos com mais de mil pessoas e reuniões de mais de dez pessoas em espaços públicos continuarão proibidos na capital francesa.
Irlanda
Na Irlanda, a Equipe Nacional de Emergência de Saúde Pública pediu um avanço para o nível mais alto de restrições na noite de domingo (4), apenas três dias depois de dizer ao governo que o atual status de nível 2 para a maior parte do país era apropriado.
Embora a Irlanda tenha relatado o maior número de casos diários desde o final de abril no sábado (3), seu total de casos acumulados em 14 dias, de 104,6 por 100 mil pessoas, é apenas a 14ª maior taxa de infecção entre 31 países europeus monitorados pelo Centro Europeu de Controle de Doenças.
"É mais do que medo, é a realidade. Se continuarmos do jeito que estamos, se você ou eu tivermos um acidente de trânsito grave em novembro ou precisarmos de uma cirurgia cardíaca de emergência, pode não haver uma cama para terapia intensiva", afirmou Mary Favier, clínica geral e membro da equipe de emergência, à emissora nacional RTE.
A Irlanda reabriu sua economia em um ritmo mais lento do que a maioria da Europa em maio e, embora seu grande setor multinacional a tenha protegido do pior golpe econômico, a taxa de desemprego está estagnada abaixo de 15%, mesmo com o governo aumentando os salários em muitas partes da economia.
A Irlanda teve 1.810 mortes confirmadas por Covid-19 e 38.032 casos. Partes do país, incluindo a capital Dublin, já estão sob importantes restrições.
Rússia
Na Rússia, o número de contaminações diárias atingiu nesta segunda-feira (5) o mais alto nível desde 12 de maio, com 10.888 novos casos - 3.537 na capital, Moscou. As escolas na metrópole russa e nas regiões de Ulyanovsk e Sakhalin devem voltar com o ensino online em breve, devido ao aumento nos casos.
Autoridades de Moscou informaram que vão reabrir dois hospitais temporários contra a covid-19 e pediram para que pessoas com mais de 65 anos e com doenças crônicas fiquem em casa. O Kremlin disse que não tem planos para impor um "lockdown" nacional. A Rússia é o quarto país com mais casos, com 1,2 milhão de contaminações, e registrou 21.375 mortes.