A temida segunda onda de infecção pelo novo coronavírus veio mais mansa na maioria da Europa, mas, na Espanha, está mais alta do que nunca. O número de novos casos confirmados de Covid-19 nos 14 dias encerrados na terça-feira (1º) foi recorde desde o início da pandemia, segundo relatório da ECDC (agência europeia de doenças infecciosas).
Foram mais de 106 mil testes positivos nas duas semanas. Na primeira onda, o pico havia sido de 102 mil novos casos em 14 dias, em 5 de abril.
A nova maré de alta assusta menos agora, porque não vem acompanhada de maior registro de mortes. Foram 482 óbitos nas últimas duas semanas, muito longe dos 11 mil que ocorreram no começo de abril. Segundo números oficiais, a taxa de mortalidade (porcentagem de casos conhecidos que terminam em morte) é agora de 6,6%, pouco mais da metade dos 12% de maio.
Para o ministro da Saúde da Espanha, Salvador Ilia, o novo pico não justifica a adoção de uma nova quarentena, já que não há pressão sobre os hospitais. Só 6% dos leitos para contaminados pelo coronavírus estão ocupados, segundo ele.
Apesar da ressalva, a Espanha é, atualmente, o país europeu em que o vírus cresce mais rapidamente em relação à população. Foram 227 novos casos na quinzena para cada 100 mil habitantes, seis vezes os 37/100 mil do vizinho Portugal e nove vezes os 25/100 mil da Itália.
Esses dois países, assim como Alemanha e Reino Unido, também viram um crescimento dos novos casos, mas ainda bem abaixo da primeira onda. Já a França também se aproxima do pico anterior, mas os novos casos ponderados pela população são a metade dos registrados na Espanha.
O turismo é uma das principais fontes de criação de empregos na Espanha nesta época do ano e contribui com mais de 12% do PIB do país. Com uma taxa de desemprego de 15%, já alta em relação aos outros países do continente, o mercado de trabalho espanhol pode chegar ao final do ano com até 23,6%, segundo o Banco Central.