Alerta sobre nitrato de amônio que causou explosão no porto do Líbano é ignorado desde 2013

Governo libanês determinou prisão domiciliar de autoridades portuárias; número de mortos chega a 145, com mais de 5 mil feridos

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Responsáveis pela administração aduaneira pediram remoção da carga explosiva ao menos seis vezes
Atualizada às 14h37min de 06.08.2020
Nesta quarta-feira (5), os libaneses acordaram ainda atônitos com a megaexplosão que atingiu a área portuária de Beirute na terça-feira (4). A detonação - ao que tudo indica, acidental - de 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio, usado em bombas e fertilizantes, armazenadas em um hangar, levou os libaneses a se perguntarem o que uma carga altamente inflamável fazia ali. Como resposta à tragédia, o governo libanês ordenou, nesta quarta-feira, a
As alegações incluem desvios de bilhões de dólares em receita tributária, que nunca chegaram ao tesouro do Líbano, esquemas para subestimar as importações, bem como acusações de suborno sistemático e generalizado para evitar o pagamento de impostos alfandegários.

Com danos em casas e prédios devido à explosão, 300 mil pessoas estão desabrigadas no Líbano

Como a explosão no porto de Beirute danificou muitas casas e prédios, cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas. Autoridades libanesas ainda aguardam uma avaliação mais precisa feita por especialistas e engenheiros, mas os danos, que se estendem a mais da metade da área da capital são estimados em US$ 5 bilhões (R$ 26,4 bilhões).
A tragédia pode afetar também o abastecimento de comida, pois o porto de Beirute era a principal entrada de produtos no país. Havia silos de cereais perto do local da explosão, e milhares de toneladas se perderam. O governo disse que tem estoques de trigo para um mês de consumo, o que deve ser suficiente para evitar uma grande crise.
O governador Marwan Abboud, chorando, comparou a destruição à causada pelas explosões nucleares em Hiroshima, 75 anos atrás. "A situação é apocalíptica. Beirute nunca viveu isso em sua história."
A intensidade das explosões chegou a ser detectada pelo Serviço Geológico dos EUA, que monitora atividades sísmicas em todo o mundo. O impacto em Beirute foi registrado como equivalente a um terremoto de magnitude 3.3.
O sistema de saúde, já sobrecarregado pelo atendimento a paciente contaminados pelo coronavírus, agora luta para conseguir prestar primeiros socorros às vítimas da explosão. Países como França, Alemanha, Turquia, Rússia, Qatar e Irã anunciaram o envio de assistência médica, profissionais de saúde, hospitais de campanha, equipamentos cirúrgicos e equipes de busca e salvamento. Brasil, Estados Unidos e Reino Unido também já ofereceram apoio ao governo.
Localmente, uma rede de solidariedade também começou a se fortalecer nas redes sociais. Perfis em diferentes plataformas têm feito publicações para ajudar a localizar os desaparecidos e para oferecer moradia aos desabrigados.
O país atravessa sua pior crise econômica em décadas, marcada por depreciação monetária sem precedentes, hiperinflação, demissões em massa e restrições bancárias drásticas, que alimentam há vários meses o descontentamento social.
 

Embaixada brasileira sofreu avarias em janelas e móveis; Bolsonaro oferece ajuda ao Líbano

O Ministério das Relações Exteriores confirmou que a Embaixada do Brasil em Beirute foi atingida pelo impacto das explosões, mesmo estando localizada no centro da capital. Uma brasileira, esposa de um adido de Defesa da embaixada, segundo o ministério, sofreu ferimentos, mas passa bem.
Segundo o governo brasileiro, o impacto não causou danos estruturais ao prédio. "De modo geral, as salas voltadas para o local da explosão foram mais afetadas, com janelas estilhaçadas, desabamento do forro do teto, mobília e computadores seriamente danificados", esclareceu o Itamaraty.