{{channel}}
Pediatras de UPA e do Hospital Universitário de Canoas pedem demissão em massa
HU está com o Pronto Atendimento Pediátrico fechado por falta de médicos
Pediatras do Hospital Universitário (HU) e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h Rio Branco/Hugo Simões Largranha, em Canoas, entregaram cartas de demissão em massa nesta semana. O HU está com o Pronto Atendimento Pediátrico fechado desde segunda-feira (6), por conta da falta de médicos.
O HU está sob intervenção do município de Canoas desde o dia 27 de maio, quando a 2ª Vara Cível da Comarca do município deferiu o pedido de tutela de urgência requerido pela prefeitura. O hospital era administrado pela Fundação Educacional Alto Médio São Francisco (Funam), que alega falta de pagamento da fatura de abril por parte da prefeitura.
O deputado estadual Dr. Thiago Duarte (União) levou o tema para o Plenário da Assembleia Lgislativa nesta quarta-feira (8), destacando que o fechamento do Pronto Atendimento do HU afeta também Porto Alegre e toda a Região Metropolitana. "Não há nenhuma condição estrutural de se atender no HU em Canoas. O HU em Canoas falta água destilada pra diluir o remédio; falta o remédio; falta soro fisiológico. Então é um hospital que foi prolatado por alguns gestores como tendo condição de atender, e não tem nenhuma condição de prestar atendimento à população de Canoas", afirmou o parlamentar.
Os profissionais da UPA Rio Branco entregaram a demissão coletiva nesta quarta e explicam que a decisão foi tomada "considerando a piora progressiva das condições de trabalho sem a devida segurança de retaguarda da Emergência Pediátrica do HU da ULBRA, ocasionando na chegada de pacientes em estado grave pela sala vermelha da UPA trazidos pelo SAMU, assim como transferências solicitadas pelo HPSC e Nova Santa Rita, uma vez que a Emergência Pediátrica no HU não funciona mais como deveria".
Conforme a carta, dois pediatras atendiam na UPA e precisavam lidar com a superlotação da sala de observação - muitas vezes sem parede com saídas de oxigênio disponíveis, mesmo no início do inverno; atender a sala vermelha; cobrar resultado de exames; aceitar e solicitar transferências; além de atender toda a demanda do pronto atendimento.
Os médicos relatam que foram feitas solicitações prévias para a melhoria da retaguarda, o que não foi atendido, assim como pedido para que pacientes acima de 13 anos fossem examinados por clínicos gerais, o que também não foi considerado.
Por fim, o documento cita que a UPA Rio Branco "não possui estrutura de complexidade maior, visto que trata-se de complexidade intermediária entre as unidades de saúde e as portas de urgências hospitalares, devendo ser os pacientes em estado grave encaminhados ao hospital, o que não está sendo disponibilizado no momento".
O vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Dr. Marcelo Matias, fala com preocupação sobre a situação enfrentada pelo atendimento pediátrico no município: "Nós temos, hoje à noite, o que me parece algo muito grave. É literalmente um apagão no atendimento pediátrico na cidade de Canoas."
"Hoje, a questão mais grave de Canoas - têm várias questões graves, mas a questão mais grave do momento - é, literalmente, a falta de condições de trabalho, especialmente para os pediatras."
Contatada pela reportagem, a Secretaria Municipal da Saúde de Canoas não se manifestou até a publicação dessa matéria.