O avanço de piranhas-vermelhas em direção à foz do rio Jacuí, no lago Guaíba, nos últimos anos, serviu como base para a criação de um grupo de trabalho entre gestores ambientais, representantes de pescadores e membros da academia e de entidades ligadas ao meio ambiente. Na próxima quarta-feira (8), a equipe se reúne, na Câmara de Vereadores de Esteio, para o Seminário Palometas (Serrasalmus maculatus) nos Rios Gaúchos – Impactos Socioeconômicos e Ecológicos.
O evento é liderado pelo Consórcio Pró-Sinos, com participação do Ibama, Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), secretarias de Meio Ambiente dos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, representantes de pescadores e de universidades. O objetivo do grupo, formado em 2021, é criar uma rede para compartilhamento de dados, informações e monitoramento das ocorrências. Além de discutir, o projeto antecipa o planejamento de ações que facilitem o manejo e o controle das palometas a partir da chegada à Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos.
Naturais (ou autóctones) na Região Hidrográfica do rio Uruguai, as piranhas-vermelhas começaram a ser observadas nos rios da Região Hidrográfica do Lago Guaíba, onde não existiam antes. "O seminário é uma oportunidade de reunir atores envolvidos com o tema e discutir impactos ecológicos e socioeconômicos do surgimento das palometas para construção de encaminhamentos", destaca o diretor-técnico do Pró-Sinos, Hener de Souza Nunes Júnior.
A primeira parte do evento será reservada aos impactos ecológicos. Neste momento, ocorre uma apresentação da ictiofauna do RS - um conjunto de espécies de peixes que existem em uma determinada região - do histórico de invasões e seu impacto, uma vez que as palometas não são as primeiras espécies invasoras no sistema Patos. Outros pontos como a caracterização da espécie: taxonomia, reconhecimento, hábitos e comportamento, serão incluídos na conversa. A possibilidade de que canais de irrigação sejam o caminho para a transposição de bacias é um dos objetos de estudo.
Na sequência, haverá um painel sobre o viés socioeconômico, no qual será apresentada a repercussão das palometas na pesca profissional, com participação de pescadores profissionais artesanais e usuários de recursos hídricos. Foram convidados trabalhadores que atuam nas regiões da Praia do Paquetá, Rio Pardo, Colônia Z-4 (Itapuã) e Colônia Z-5 (Ilha da Pintada). Também está previsto um relato sobre o monitoramento realizado pela Defesa Civil em Cachoeira do Sul e apresentação de políticas públicas para o pescador profissional, além de ações dos municípios para enfrentamento de crises.
O seminário prevê a apresentação de ações de monitoramento e acompanhamento da disseminação das palometas. Entre elas estão os projetos de Detecção de DNA Ambiental, desenvolvido por pesquisadores da Ufrgs, de Monitoramento da Palometa, do Ibama, o Programa Invasoras RS da Sema, e a formação da rede de informação. Também será possível entender como é feita a captação de águas nas regiões limítrofes das bacias (interface Ibicuí – Vacacaí e Gravataí – Litoral).
O evento encerrará com perspectivas de convivência e ações para mitigação e controle dos danos. Serão apresentadas algumas alternativas de fontes de recursos para os estudos e as ações, como o fundo de recursos para recuperação de bens lesados, o Fundo Estadual de Meio Ambiente e conversão de multas ambientais. O representante do Ibama apresentará o Plano Estadual de Combate à Invasão Biológica e o uso da eletricidade para diminuir/impedir a entrada de peixes em bombas de água. Além disso, serão demonstradas estratégias de comunicação e educação ambiental relacionadas ao tema.
O Seminário de Palometas (Serrasalmus maculatus) nos Rios Gaúchos – Impactos Socioeconômicos e Ecológicos será apresentado pelo grupo de trabalho e representantes da Emater, Fepam, Ministério Público, Defesa Civil, Comitês de Bacia, Secretaria de Agricultura do Estado, docentes da Ufrgs e Unisinos.