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Parada há dois anos, obra no Instituto de Educação deve ser retomada neste mês
Contrato com a empresa responsável está suspenso e Seduc negocia novas condições para continuar o restauro
Desocupado desde 2016 para uma obra de restauro, o prédio do Instituto de Educação (IE) General Flores da Cunha, na avenida Osvaldo Aranha, em Porto Alegre, está sem canteiro de obras desde setembro de 2019. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) pretende retomar as obras ainda neste mês de outubro. Membros da Comissão de Acompanhamento da Obra de Restauro, formada pela escola, estão preocupados com a falta de confirmação do novo início das obras e com o destino futuro do prédio.
A Comissão foi criada muito antes do início dos trabalhos, em meados de 2011. Na época, conforme os relatos da presidente, Maria da Graça Ghiggi Morales, o IE tinha uma série de problemas estruturais, e a Seduc tinha decidido concentrar todas as necessidades de restauro em um só processo. A licitação foi feita em 2011 e o processo foi concluído em 2014. A ordem de início do serviço foi assinada em janeiro de 2016 e, a princípio, s 1,9 mil estudantes da instituição foram realocados para três outras escolas da Capital. “O nosso retorno, enquanto escola, é para a sede da Osvaldo Aranha, mas existe uma indefinição desse retorno. Não temos certeza de como e quando acontecerá”, pontua.
Prédio do IE será sede de um centro de referência em educação, diz Seduc
Além da preocupação com quando acontecerá o retorno, Maria da Graça e Heloiza também ficam apreensivas com a falta de informações oficiais sobre o destino do prédio, que foi construído em 1935 e é considerado um dos patrimônios históricos do Rio Grande do Sul. “O Instituto tem 152 anos de história e está há mais de 80 anos no prédio da Osvaldo Aranha. A casa anterior do IE era na rua Duque de Caxias e não foi por qualquer decisão que ele se mudou para aquela sede”, defende Heloiza.
A professora, que leciona no Instituto há 21 anos, conta que o prédio tem tudo para garantir que o IE tenha uma educação de referência no Estado. Mas, desde o início das obras, existem boatos de que será destinado para outras funções além da escola. A Seduc informou, via nota, que “o projeto a ser realizado no Instituto de Educação Flores da Cunha visa transformar sua estrutura em um centro de referência em educação. Ele receberá o Museu Escola do Futuro, o Centro de Educação Mediada por Tecnologia e o Centro de Desenvolvimento do Profissional da Educação, além de uma escola modelo.”
Segundo a pasta, a ideia é criar um ambiente que estimulará a qualificação e a descoberta, em um espaço que aproxima as pessoas das novas formas de conhecimento. “O projeto tem como propósito a preparação de professores e estudantes para os novos desafios do mundo, com habilidades para responder às exigências de inovação e complexidade do século XXI”, declarou.
Apesar da Seduc afirmar ter participado de encontros com a equipe diretiva para debater esse projeto, o assunto ainda está nebuloso para Heloiza e Maria da Graça. “Foi com muita surpresa que essas coisas foram ditas fora do nosso conhecimento. Nos derrubou, ficamos com esse medo que viesse gente de fora e que nós ficássemos nessas unidades que estamos hoje”, conta Heloiza.
Para ela, os atuais espaços são muito pequenos e não propiciam a continuidade da educação que o IE oferecia antes dessa divisão. “Onde estamos hoje é muito pequeno, não temos espaço para nada. No IE temos tudo. Lá eu me faço professora. E penso muito nos nossos alunos. Sabe o que é um adolescente não ter espaço para conversar com outro no recreio? Ou não ter onde atirar uma bola na Educação Física?”, indaga.
Já para a presidente da Comissão de Acompanhamento da Obra de Restauro, a preocupação principal acerca desse assunto é outra: a forma como esses espaços irão coexistir. “O IE tem uma equipe diretiva formada para gerir a escola. Não sabemos como esses centros foram desenhados, quem vai geri-los ou quais espaços irão utilizar”, aponta.
Nesta semana, em Madri, na Espanha, o governador Eduardo Leite assinou o protocolo de entendimento do Museu Escola do Futuro, confirmando, então, a nova função do prédio. Na ocasião, Leite disse que queria “rechear este prédio para dar a ele a vida que entendemos que é importante que tenha: não ser apenas a formação para uma centena de alunos, mas ser uma escola de escolas.”