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Educação

- Publicada em 09 de Outubro de 2021 às 09:10

Parada há dois anos, obra no Instituto de Educação deve ser retomada neste mês

Os 1,9 mil estudantes do Instituto de Educação foram realocados para três outras escolas em 2016

Os 1,9 mil estudantes do Instituto de Educação foram realocados para três outras escolas em 2016


ANDRESSA PUFAL/JC
Desocupado desde 2016 para uma obra de restauro, o prédio do Instituto de Educação (IE) General Flores da Cunha, na avenida Osvaldo Aranha, em Porto Alegre, está sem canteiro de obras desde setembro de 2019. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) pretende retomar as obras ainda neste mês de outubro. Membros da Comissão de Acompanhamento da Obra de Restauro, formada pela escola, estão preocupados com a falta de confirmação do novo início das obras e com o destino futuro do prédio.
Desocupado desde 2016 para uma obra de restauro, o prédio do Instituto de Educação (IE) General Flores da Cunha, na avenida Osvaldo Aranha, em Porto Alegre, está sem canteiro de obras desde setembro de 2019. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) pretende retomar as obras ainda neste mês de outubro. Membros da Comissão de Acompanhamento da Obra de Restauro, formada pela escola, estão preocupados com a falta de confirmação do novo início das obras e com o destino futuro do prédio.
A Comissão foi criada muito antes do início dos trabalhos, em meados de 2011. Na época, conforme os relatos da presidente, Maria da Graça Ghiggi Morales, o IE tinha uma série de problemas estruturais, e a Seduc tinha decidido concentrar todas as necessidades de restauro em um só processo. A licitação foi feita em 2011 e o processo foi concluído em 2014. A ordem de início do serviço foi assinada em janeiro de 2016 e, a princípio, a obra duraria 18 meses, com previsão de término em julho de 2017.
Alguns impasses financeiros impediram que a Porto Novo Empreendimento e Construções, empresa vencedora da licitação, continuasse responsável pela obra. No final do ano em que a obra deveria terminar, o contrato foi rescindido e o Estado começou o processo para fazer uma nova licitação. Em 2018, uma nova empresa, Concrejato Serviços Técnicos de Engenharia S.A, venceu o processo e ficou responsável pelo restante da obra. Em setembro de 2018, dois anos e oito meses após o início da empreitada, a obra estava com apenas 10% de conclusão. A empresa tinha apresentado orçamento de R$ 22,9 milhões, menor que o previsto inicialmente.
O valor da obra, estimada em R$ 28,5 milhões, vinha de um empréstimo do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), com validade até fevereiro de 2019. Ou seja, se a obra não fosse concluída até lá, no mês seguinte já seria necessário aportar recursos próprios do Estado para a reforma. “Em 2019, o novo secretário de educação (Faisal Karam) assumiu e começaram a surgir questionamentos sobre o valor da obra, já que o prazo do Bird estava quase vencendo e a obra não estava pronta. Diante disso, começaram a atrasar os pagamentos, a empresa contestou e disse que deixaria o canteiro até que os termos do contrato e os valores fossem acertados”, relembra Maria da Graça. A pandemia atrasou as tratativas e a obra segue parada desde então.
Em maio deste ano, a Seduc informou ao Jornal do Comércio que o investimento previsto - proveniente do salário-educação (Fundo Nacional de Educação) - na obra do Instituto de Educação é de R$ 22,9 milhões, dos quais R$ 9,1 milhões são referentes à mão de obra e R$ 13,7 milhões a materiais. Na ocasião, a pasta disse que a obra seria retomada em julho de 2021, com prazo de término para dezembro de 2022.
Nesta semana, por meio de nota ao JC, a Seduc disse que "está em negociações com a empresa responsável pela restauração do Instituto de Educação Flores da Cunha para retomada da obra em outubro”.
O contrato com a Concrejato está suspenso desde 2019, mas ainda não foi rescindido. "Temos informações de que o aditivo ao contrato com a empresa, para retomada da obra, ainda não foi assinado. Portanto, a mobilização efetiva dos trabalhos, acredito que vai demorar um pouco mais", afirma Maria da Graça. 
“Saímos de lá em 2016 com o intuito de retornar em 18 meses e isso não aconteceu. Não poderíamos ficar lá enquanto a obra acontecia”, conta a professora de língua portuguesa do IE e membro da Comissão, Heloiza Rabeno.
Os 1,9 mil estudantes da instituição foram realocados para três outras escolas da Capital. “O nosso retorno, enquanto escola, é para a sede da Osvaldo Aranha, mas existe uma indefinição desse retorno. Não temos certeza de como e quando acontecerá”, pontua.

Prédio do IE será sede de um centro de referência em educação, diz Seduc

Nesta semana, em Madri, Leite assinou o protocolo de entendimento do Museu Escola do Futuro

Nesta semana, em Madri, Leite assinou o protocolo de entendimento do Museu Escola do Futuro


Gustavo Mansur/Palácio Piratini/JC
Além da preocupação com quando acontecerá o retorno, Maria da Graça e Heloiza também ficam apreensivas com a falta de informações oficiais sobre o destino do prédio, que foi construído em 1935 e é considerado um dos patrimônios históricos do Rio Grande do Sul. “O Instituto tem 152 anos de história e está há mais de 80 anos no prédio da Osvaldo Aranha. A casa anterior do IE era na rua Duque de Caxias e não foi por qualquer decisão que ele se mudou para aquela sede”, defende Heloiza.
A professora, que leciona no Instituto há 21 anos, conta que o prédio tem tudo para garantir que o IE tenha uma educação de referência no Estado. Mas, desde o início das obras, existem boatos de que será destinado para outras funções além da escola. A Seduc informou, via nota, que “o projeto a ser realizado no Instituto de Educação Flores da Cunha visa transformar sua estrutura em um centro de referência em educação. Ele receberá o Museu Escola do Futuro, o Centro de Educação Mediada por Tecnologia e o Centro de Desenvolvimento do Profissional da Educação, além de uma escola modelo.”
Segundo a pasta, a ideia é criar um ambiente que estimulará a qualificação e a descoberta, em um espaço que aproxima as pessoas das novas formas de conhecimento. “O projeto tem como propósito a preparação de professores e estudantes para os novos desafios do mundo, com habilidades para responder às exigências de inovação e complexidade do século XXI”, declarou.
Apesar da Seduc afirmar ter participado de encontros com a equipe diretiva para debater esse projeto, o assunto ainda está nebuloso para Heloiza e Maria da Graça. “Foi com muita surpresa que essas coisas foram ditas fora do nosso conhecimento. Nos derrubou, ficamos com esse medo que viesse gente de fora e que nós ficássemos nessas unidades que estamos hoje”, conta Heloiza.
Para ela, os atuais espaços são muito pequenos e não propiciam a continuidade da educação que o IE oferecia antes dessa divisão. “Onde estamos hoje é muito pequeno, não temos espaço para nada. No IE temos tudo. Lá eu me faço professora. E penso muito nos nossos alunos. Sabe o que é um adolescente não ter espaço para conversar com outro no recreio? Ou não ter onde atirar uma bola na Educação Física?”, indaga.
Já para a presidente da Comissão de Acompanhamento da Obra de Restauro, a preocupação principal acerca desse assunto é outra: a forma como esses espaços irão coexistir. “O IE tem uma equipe diretiva formada para gerir a escola. Não sabemos como esses centros foram desenhados, quem vai geri-los ou quais espaços irão utilizar”, aponta.
Nesta semana, em Madri, na Espanha, o governador Eduardo Leite assinou o protocolo de entendimento do Museu Escola do Futuro, confirmando, então, a nova função do prédio. Na ocasião, Leite disse que queria “rechear este prédio para dar a ele a vida que entendemos que é importante que tenha: não ser apenas a formação para uma centena de alunos, mas ser uma escola de escolas.”