Difundida pelos benefícios que promove para o corpo e a mente, a prática da yoga é também um caminho para quem deseja melhorar o desempenho profissional. Quando feita regularmente, pode reduzir o estresse, aliviar a ansiedade e aumentar a concentração e o foco. Isso porque o método milenar – que viabiliza o desenvolvimento da flexibilidade e da força física – trabalha principalmente com a respiração.
Segundo o baba Adi Nath Kapalika, esse é o ponto fundamental: “A maneira como as pessoas respiram vai determinar o ritmo e as consequências do modo de vida delas”, explica. Ordenado monge em dezembro de 2012, ele é o único sacerdote adepto da linhagem Aghori Nath vivendo no Brasil.
Natural de Tapera (RS), o yogue reside em Santo Antônio da Patrulha, onde ministra aulas particulares nos formatos online e presencial (para no máximo duas pessoas por horário) para adultos com faixa etária entre 18 e 70 anos, de diferentes profissões. “Sempre digo para meus alunos que respirar não é aquilo de inspirar profundo e soltar o ar pela boca – isso é o mesmo que cuspir a vida fora”, compara. Ele observa que, por não ter essa consciência, a maioria das pessoas utiliza apenas 5% da capacidade respiratória. “Uma vez que o praticante reaprende a respirar, em pouco tempo consegue perceber uma melhora no desempenho em diversas áreas da vida e amplia a capacidade respiratória para 30%.”
Adi Nath (cujo nome de nascença é Jorge Luiz Teixeira Bernardes Jr.) ensina yoga há 16 anos, e vivencia essa prática há mais de duas décadas. Bacharel em Direito desde 2003, ele optou por não exercer a profissão para se dedicar ao caminho da espiritualidade e da meditação, mas pondera que não é necessário abandonar uma carreira para isso. Pelo contrário: a prática de respirar com a boca fechada (utilizando somente as narinas) oxigena o cérebro e estimula a inteligência, além de ampliar o foco e contribuir para uma melhor tomada de decisões, beneficiando qualquer profissional, desde um autônomo que faz doces para vender até o CEO de uma grande companhia, garante o yogue.
Também a atenção dada à postura e aos asanas que antecedem a meditação viabiliza uma maior clareza mental, e portanto, um desempenho intelectual mais qualificado. “O yoga que eu ensino é ancestral (Hatha Yoga), mas também incluo o Jnana Yoga (yoga da sabedoria), pois costumo repassar meu conhecimento além dos asanas durante as aulas”, explica o baba. “Meu grande objetivo é ensinar de modo que as pessoas tenham autonomia e que sejam capazes de elas próprias contornarem as situações mais difíceis, no âmbito mental, e lidarem com os desafios do dia a dia.”
Ao destacar que a prática regular da atividade física auxilia também a corrigir problemas de coluna, Adi Nath pontua que a yoga possibilita uma maior consciência corporal em todos os âmbitos, “inclusive amplia a potência sexual”. Ao combater a depressão e a ansiedade, a yoga se torna uma ferramenta para a saúde psicológica, emenda o sacerdote. “Por conta da pandemia de Covid-19, vivemos tempos difíceis, principalmente no Brasil, onde o cenário tem o agravante do aumento do desemprego e da fome”, avalia o adepto da linhagem Aghori. Ele observa que, entre outros males, os transtornos mentais são uma consequência para grande parte das pessoas que vivenciam esta situação.
“Só o fato de não se conseguir vislumbrar uma melhora na vida financeira já pode ser suficiente para desencadear esse processo negativo”, avalia o sacerdote, destacando a importância de um preparo mental e psicológico para superar este tipo de dificuldade. Ele garante que é possível ficar menos ansioso e evitar uma crise de pânico somente com algumas técnicas respiratórias.
“É preciso parar a mente, manter a coluna ereta (ao invés de curvar e deixar os ombros pesarem), fechar a boca e respirar pelas narinas”, reforça. “Isso a yoga, seguida de meditação, nos ajuda a implementar. Atualmente, a meditação é algo de primeira necessidade, porque pode, sim, ser a salvação de uma pessoa.”
Adi Nath ressalta que a prática “recarrega as baterias” e viabiliza o aprendizado que deve ser vivido e assimilado a cada experiência no decorrer da vida. “Quando a gente se vê cercado de situações repetitivas, tem algo que precisa ser aprendido: a lição está aí o tempo todo.”