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escassez de sangue registrada nos hemocentros gaúchos também se estende aos principais hospitais de Porto Alegre. Com queda do número de doações, principalmente nos últimos dois meses, os estoques dos bancos de sangue de algumas instituições já atingem níveis críticos.
No Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), segundo a coordenadora da Gestão de Captação do Banco de Sangue, bióloga Patrícia Seltenreich, a redução das doações chega a 20%, sendo que, desde o início da pandemia, já se registrava uma queda média de 30%.
"Os estoques de alguns tipos de sangue, como A e O, negativo e positivo, já se encontram em níveis críticos. Nossa missão em busca de doadores é diária para chegar aos 60 agendamentos de coleta, o mínimo que estipulamos desde o início da pandemia", comenta Patrícia.
Patrícia diz que estoque de sangue não está compatível com a demanda do HCPA. Crédito: Clovis Prates/HCPA/Divulgação/JC
Segundo a bióloga, desde que as cirurgias eletivas foram retomadas, houve um aumento da necessidade de sangue e de realização de transfusões na instituição. No entanto, mesmo com a baixa adesão de doadores, não houve, até o presente momento, prejuízo direto em procedimentos ou tratamentos por falta de bolsas de sangue. Por mês, são captadas cerca de mil bolsas de sangue no HCPA.
"Sempre que notamos que algum tipo sanguíneo precisa ser reposto com urgência, nos concentramos nisso e desenvolvemos ações. Mas o estoque de sangue não está compatível com a demanda do hospital, que presta atendimentos de alta complexidade. Se as pessoas se prontificassem a doar, não estaríamos passando por essa escassez", reforça Patrícia.
No Grupo Hospitalar Conceição (GHC), a realidade não é diferente. De acordo com o responsável técnico do Banco de Sangue do GHC, Marco Antônio Winckler, em 2019, a média mensal de doadores foi de 1.417 pessoas, baixando para 1.145 em 2020. Já em maio de 2021, esse número caiu para 1.113 doações.
"Estamos há muitas semanas com falta de O positivo e, em especial, O negativo", explica Winckler. Como consequência disso, segundo o médico, já há diminuição na frequência das transfusões realizadas.
"Temos tido uma associação desfavorável entre pacientes O negativo que necessitam transfusões e o baixo número de doações desse tipo de sangue. Os pacientes não ficam desassistidos, mas não recebem as transfusões com a presteza ideal. E, até uma semana atrás, mesmo para O e B positivo, ocorria a mesma coisa", destaca Winckler.
Estoques mais afetados no GHC são de sangue tipo O positivo e negativo. Crédito: Andrea Porcher/Divulgação/GHC
De acordo com ele, o único tipo sanguíneo com estoque "além do normal" é o A positivo.
Em ambos os hospitais, campanhas emergenciais em busca de doadores vêm sendo intensificadas, especialmente neste mês, que marca o Junho Vermelho, como forma de incentivo à doação segura e manutenção do abastecimento de sangue.
No GHC, ação desenvolvida destaca que "basta apenas alguns minutos para salvar uma vida", e lembra que doar não dói e pode salvar até quatro vidas. Informações aos doadores interessados em colaborar com o Banco de Sangue do GHC podem ser obtidas diretamente pelo WhatsApp (51) 3357-2072.
Já no HCPA, a campanha "A solidariedade não pode parar" informa que o Banco de Sangue do Hospital de Clínicas precisa de todos os tipos de doadores, e reforça que "a solidariedade de grupos se torna fundamental". Além disso, a instituição lançou ainda a campanha Irmãos de Sangue, que divulga nomes de doadores assíduos que são colaboradores do hospital. O agendamento para doações voluntárias pode ser feito pelo
link ou WhatsApp (51) 99937.7892.
Em todo o País, a taxa de doação de sangue é de apenas 1,6%, contra a média de 3% a 5% preconizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ao longo de 2020, em função das restrições e insegurança dos voluntários, gerada pela pandemia, a redução das doações chegou a um total de 20%.
O que é preciso para ser doador:
- Estar em boas condições de saúde.
- Apresentar documento oficial de identidade com foto.
- Ter entre 16 e 69 anos (menores de 18 anos devem estar acompanhados pelos pais ou responsável legal).
- Pesar no mínimo 50 kg com desconto de vestimentas.
- Ter limite de idade de 60 anos para a primeira doação.
- Não estar em jejum e evitar alimentação gordurosa.
- Ter dormido pelo menos 6 horas antes da doação.
- Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação.
- Não fumar pelo menos duas horas antes da doação.
Impedimento temporário para doação:
- Estar com gripe ou febre.
- Ser gestante ou mãe que amamenta bebê com menos de 12 meses.
- Ter passado por aborto até 90 dias ou parto normal e até 180 dias após cesariana.
- Ter feito tatuagem ou acupuntura nos últimos 12 meses.
- Ter sido exposto à situação de risco para HIV.
- Ter herpes labial.
Pessoas infectadas pela Covid-19 devem guardar pelo menos 30 dias depois da completa recuperação. Já os vacinados contra a doença devem aguardar entre 48 horas e sete dias para doação de sangue, de acordo com o tipo de vacina recebida.