Em debate com especialistas, a nova gestão da Prefeitura de Porto Alegre deu os primeiros passos, neste sábado (30), a caminho de um processo de estudo de reestruturação do sistema de transporte público da Capital. Em formato virtual, a reunião de duas horas, o prefeito Sebastião Melo ouviu sugestões de medidas de curto, médio e longo prazos, desde a estruturação da tarifa a estratégias de mobilidade envolvendo os demais modais de transporte. A necessidade de apontar receitas extra-tarifárias permeou os discursos.
“O subsídio tem que ser a última medida a ser tomada, porque os recursos fazem falta para serviços à sociedade. Devemos estudar as gratuidades e o sistema tem que ter recursos extra-tarifários”, defendeu o coordenador da Comissão de Transportes da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, João Fortini Albano. Já o diretor do programa de Cidades do WRI, Luis Antonio Lindau, reafirmou que o transporte enfrenta problemas em nível internacional. “O sistema está colapsando em todo o Brasil”, disse, apontando entre os rumos possíveis também as receitas extra-tarifárias como taxa de mobilidade.
Melo exaltou a importância de um "debate técnico" sobre o futuro do transporte, que exige no presente medidas "também urgentes" para viabilizar a manutenção do serviço. “É uma discussão rica sobre um problema extremamente complexo e histórico em Porto Alegre. Estamos buscando diálogo em todas as frentes para tomar as melhores decisões para a cidade." ,
Em contraposição, o especialista Daniel Andrade pontuou que não encontra em medidas pontuais a solução para o problema de Porto Alegre. “É preciso um conjunto de ações sincronizadas, em diversos âmbitos, para romper o ciclo negativo. Não temos licença social para taxar mais nada no Brasil”, defendeu, afirmando que existe oportunidade de captação de recursos, inclusive internacionais, para projetos de inovação em mobilidade.
“Há necessidade de uma ação governamental integrada envolvendo os órgãos federais, recompondo uma estrutura de apoio aos municípios quanto ao transporte coletivo. O governo federal não pode estar ausente dessa discussão”, afirmou Clóvis Magalhães, que foi secretário de Gestão de Porto Alegre. “Precisamos de uma fonte de financiamento mais justa, que induza o uso do sistema público com qualidade. A cidade ganhará em mobilidade e justiça social”, sugeriu o engenheiro Luís Roberto Ponte.