Um parque suspenso sobre os trilhos do Trensurb se estendendo da Estação Mercado até a Rodoviária promete mudar a relação dos porto-alegrenses com o Guaíba e a visão de quem chega à cidade. O projeto audacioso é inspirado no The High Line, de Nova York, nos Estados Unidos - misto de passeio, jardim e galeria a céu aberto que ressignificou uma linha de trem abandonada.
A versão gaúcha do calçadão se estenderia ao longo de um trecho de 1430 metros. A ideia é devolver o rio à cidade, diz o secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cézar Schirmer, e "lidar com a questão do muro da vergonha (Muro da Mauá) - algo que tanto eu quanto o prefeito (Sebastião Melo) achamos que não funciona".
Versão gaúcha do calçadão se estenderia ao longo de um trecho de 1430 metros
"O local será transformado em um espaço de convivência, de passeio, com jardins suspensos", adianta Schirmet. O projeto ainda não está totalmente detalhado, mas já foi assunto de reunião entre integrantes da Secretaria de Planejamento e a direção do Trensurb.
A iniciativa é parte da agenda prioritária de Schirmer de revitalizar o Centro Histórico de Porto Alegre. "O Centro, que deveria ser um cartão de visitas está muito degradado. Hoje, quem chega à Capital tem uma visão tão negativa que é capaz de dar meia volta", lamenta o secretário.
Prioridade no momento é desocupar o Esqueletão
As ações mais urgentes da pasta, porém, são outras: reformar a Fonte Talavera, em frente ao Paço Municipal, terminar a reforma do Mercado Público e dar um destino ao "Esqueletão". O prédio de 19 andares que se ergue com fisionomia assustadora no coração do Centro, na esquina da rua Floriano Peixoto com a avenida Otávio Rocha,
está inacabado há quase 70 anos e preocupa não só pela questão estética. Um laudo afirma que o imóvel corre risco de desabar.
Revitalizar o Centro Histórico da Capital é uma das prioridades do secretário do Planejamento Cézar Schirmer Foto: Luiza Prado/JC
A prefeitura entrou no início deste ano com novo mandado judicial pedindo a desocupação do imóvel. A ação já havia sido movida pela gestão anterior, mas a saída dos moradores foi suspensa em 2020 devido à pandemia do novo coronavírus.
No novo pedido de desocupação, a prefeitura garante que irá realizar pagamento de auxílio-moradia à população em situação de vulnerabilidade social que vive no local. Segundo Schirmer, "é melhor para essas pessoas saírem de lá" tendo em vista que o local corre risco de desabamento.
Além disso, a Procuradoria Geral do Município (PGM) ainda enfrenta dificuldade para localizar os proprietários das salas, a maioria completamente vazias e inacabadas. Mesmo assim, Schirmer garante que a saída para esse imbróglio não deve tardar.