O governador Eduardo Leite usou as redes sociais na semana passada para dizer que a retomada das aulas presenciais na rede pública estadual do Rio Grande do Sul é “necessária para assegurarmos o direito à aprendizagem, provermos atenção e assistência e evitarmos abandono e evasão”. Além disso, Leite escreveu em sua conta no Twitter que “não será um retorno às aulas como costumávamos ver”. Pois, ao que parece, o governador tinha razão. Não foi um retorno como o que se costuma ver, na medida em que a grande maioria das escolas estaduais permaneceram fechadas nesta terça-feira (20),
dia que marca o retorno às atividades presenciais nas escolas estaduais, conforme o calendário do governo do Estado.
A Secretaria Estadual de Educação (Seduc-RS) vem sofrendo forte resistência por parte dos professores, representados pelo Cpers-Sindicato. Com uma campanha chamada “Escolas fechadas, vidas preservadas”, a entidade pressiona o governo a não realizar a abertura das escolas. Na quinta-feira da semana passada, dia 15 de outubro,
um protesto marcando o Dia do Professor foi realizado em frente ao Palácio Piratini. Na ocasião, os professores desejavam entregar ao governador um termo de responsabilidade, no qual Leite assumiria todos os riscos por uma reabertura das escolas.
Nesta segunda-feira (19), o Cpers ingressou com uma ação civil pública contra a reabertura das escolas. O juiz Cristiano Vilhalba Flores deu um prazo de 24h para o Estado se manifestar. O sindicato fundamenta a ação afirmando que há "completa ausência dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) prometidos pelo Estado" e "falta crônica de profissionais para efetuar a higienização das escolas".
A reabertura imposta sem ouvir a comunidade escolar acabou por frustrar as expectativas do Palácio Piratini. Além dos protestos dos docentes, o governo do Estado viu uma forte resistência dos pais em enviar seus filhos às escolas em meio à pandemia que ainda contagia e mata muito no Rio Brande do Sul. Somente na segunda-feira (19), dia da semana que costuma ter números menores em razão do trabalho reduzido no final de semana, foram 1.096 novos casos e 41 mortes no Estado em razão da Covid-19.
Maior e mais tradicional escola pública gaúcha, o Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, amanheceu com os portões fechados com correntes em Porto Alegre. A mesma cena se repetiu em diversas outras escolas na Capital, como os colégios Protásio Alves e Inácio Montanha. Nas escolas que reabriram, como a Dom João Becker, a presença de alunos foi irrisória.
Confira o calendário estadual de volta às aulas:
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Ensino Médio e Ensino Técnico: a partir de 20 de outubro
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Ensino Fundamental – Anos Finais: a partir de 28 de outubro
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Ensino Fundamental – Anos Iniciais: a partir de 12 de novembro