Dez das 15 cidades pertencentes à Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) se reuniram nesta quinta-feira (3) para discutir o
novo calendário de volta às aulas presenciais apresentado pelo governo do Estado. Segundo a presidente do Consórcio dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), Margarete Simon Ferretti, nenhuma escola da RMPA retomará as atividades presenciais no mês de setembro. Os municípios alegam falta de segurança e de estrutura para o retorno.
Margarete, que também é prefeita de Nova Santa Rita, defende que os prefeitos estão tomando as decisões em cima dos levantamentos disponibilizados pelas secretarias de Saúde e Educação de cada município. “A grande maioria dos prefeitos não são favoráveis. Entendemos que estamos com muitos infectados, com os leitos de UTI cheios, os protocolos não são seguros, temos muitos servidores que fazem parte do grupo de risco e também temos problemas para contratar mais servidores para atender aos protocolos.” Ainda, ela aponta que um levantamento feito com os
pais dos estudantes indica que mais de 90% são contrários à volta às aulas.
O governador do Estado, Eduardo Leite, estabeleceu
regras para a retomada das aulas e, por isso, alegou que
não há obrigatoriedade de retorno. Uma das orientações é que os municípios devem estar em bandeira laranja por duas semanas antes de retomar as atividades presenciais em escolas. “Algumas cidades da RMPA estavam em bandeira vermelha até semana passada, entramos agora em bandeira laranja”, aponta Margarete.
Para o diretor do Granpal, Eduardo Fagundes, essa não deveria ser uma decisão individual de cada município. “O debate é municipal e cada prefeito tem uma posição, mas temos o entendimento de que deveria ser uma solução regional. Não é tão simples quanto cada município fazer alguma coisa”, defende. Ainda, Fagundes acredita que a decisão é muito apressada. “Ter que mobilizar escolas, equipes, professores, servidores da noite para o dia não é tão simples. Além disso, algumas escolas doaram todo estoque de alimentação e agora vão ter que repor tudo.”
Margarete também pensa que decisão deveria ser tomada com mais calma e de maneira gradativa. “Nesse momento não é possível retornar porque podemos correr o
risco de aumentar o número de contaminados, uma vez que estamos flexibilizando o comércio também.” Ela afirma que os prefeitos vão seguir ouvindo os cientistas e as equipes responsáveis. “Em setembro, nos reuniremos para ver como será a situação do mês de outubro. Não vamos tomar decisões precipitadas, iremos avaliar mensalmente.”
Essa é a
segunda vez que o calendário de volta às aulas proposto pelo governo não é bem recebido pela maioria dos municípios. A Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) foi contra as duas propostas. “A Famurs mantém seu posicionamento contra o retorno da retomada das atividades presenciais nesse momento em que ainda não há a segurança necessária para isso. Ainda mais quando, nesse novo calendário, as aulas da rede estadual só estão previstas para retornar em 13 de outubro. Não é justo que a rede municipal volte em setembro e a estadual só em outubro”, afirma o presidente da Famurs, Maneco Hassen.
Ainda, Hassen afirma que na terça-feira (8) haverá nova posição sobre a proposta. “Na terça-feira, a Famurs vai se reunir com os presidentes das 27 associações regionais. Cada presidente está verificando a posição dos seus municípios.”
Porto Alegre foi um dos cinco municípios que o prefeito não compareceu e nem enviou representante para a reunião. “Em princípio, o prefeito Nelson Marchezan Jr. não cogitava abrir o debate de retomada das aulas presenciais agora nessas duas semanas. Mas ainda não falei com ele hoje (nesta quinta-feira), então não sei o novo posicionamento”, esclarece a presidente da Granpal.