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Geral

- Publicada em 28 de Agosto de 2020 às 19:31

Tradicional escolinha de Porto Alegre, Pato fecha após mais de 50 anos em atividade

Escolinha Pato estava sem atendimento presencial desde 18 de março devido a restrições

Escolinha Pato estava sem atendimento presencial desde 18 de março devido a restrições


JOYCE ROCHA/JC
Lourenço Marchesan
Mais de 50 anos depois de ser fundada por cinco amigas e professoras, a Escola de Educação Infantil Pato, uma das mais tradicionais de Porto Alegre, fechou definitivamente. A escolinha não suportou as dificuldades impostas pela pandemia, que levou à suspensão de aulas e das atividades presenciais de educação em março deste ano, ainda sem data para retorno. 
Mais de 50 anos depois de ser fundada por cinco amigas e professoras, a Escola de Educação Infantil Pato, uma das mais tradicionais de Porto Alegre, fechou definitivamente. A escolinha não suportou as dificuldades impostas pela pandemia, que levou à suspensão de aulas e das atividades presenciais de educação em março deste ano, ainda sem data para retorno. 
O estabelecimento, no bairro Menino Deus, completaria 53 anos em setembro. O setor é um dos que mais sofrem na crise. O governo Eduardo Leite hapresenta no dia 1º de setembro seu plano de retorno ao ensino presencial que soma mais de de 2,4 milhões de crianças, adolescentes e adultos.
"O Pato é a nossa vida. Eu sempre digo, o Pato foi o meu primeiro filho. Primeiro nasceu ele, depois a Mônica e depois o Álvaro", emociona-se uma das fundadoras Elisabeth Mariani, que completou 78 anos nessa quinta-feira (27) e há dois anos se afastou da direção para se dedicar aos netos, que moram na Holanda com Álvaro. No lugar de "Beth", como era mais chamada pelos alunos do Pato, ficou a filha Mônica, que cresceu nas turminhas do Pato.
Nas primeiras décadas do estabelecimento, Beth conta que ela e as outras quatro fundadoras — Léa Viçosa, Marcia Palmira Sacco, Marcia Teresa Sacco e Marta Saldanha — faziam de "tudo", desde a limpeza até os cuidados com a alimentação, além de lecionarem. Com uma demanda maior de alunos e a necessidade de se ter mais professores, a escola se mudou em 1987 para a sede atual, na Rua Dona Augusta, a terceira "casa", cujo espaço era maior.
Por causa da pandemia, o Pato parou as atividades em 18 de março. Seis meses depois, a fundadora diz que a escolinha chegou ao momento mais delicado. Já haviam ocorrido demissões e agora as dispensas vão chegar a todo o quadro. Professores que há décadas trabalhavam na instituição, inclusive alguns que estudaram no Pato e depois deram aula aos filhos de Beth, coordenadores, seguranças e demais profissionais que já atuavam com reduções salariais previstas em lei vão ter o contrato rescindido.
"Até o final do ano, pensaremos com calma tudo o que vai acontecer. Se houver possibilidade de 'brotar' em 2021, brota. Se não, encerra-se por completo", projeta Beth, que tenta manter viva alguma chance de um dia reabrir.
De março para cá, em função do distanciamento social, a metodologia de ensino mudou completamente, especialmente em se tratando de crianças de 0 a 5 anos. Os professores gravavam vídeos com diferentes atividades, que eram recebidos pelos pais.
"Antes de enviar, eu recebia os vídeos (das professoras) e dava "ok". Era eu que coordenava. Tínhamos o grupo no Facebook Patinhos em Quarentena e recebia vídeos todos os dias", destaca a coordenadora pedagógica do Pato, Patrícia Dexheimer.
"Os pais mostravam para as crianças, que já não conseguiam mais assistir porque estavam saudosas da escola", descreve Patrícia. 
Ainda com o calendário indefinido das aulas presenciais, o governo estadual defende a prioridade no retorno à Educação Infantil. A posição é compartilhada por Magliane Locatelli, representante do Movimento das Escolas Privadas de Educação Infantil do Rio Grande do Sul (MEPEI-RS):
"A Educação Infantil é a nossa base. O que não foi cumprido na minha (base) reflete hoje nas minhas dificuldades. Então, a base precisa ser muito bem construída e respeitada para sustentar o adulto que nos tornaremos", argumenta Locatelli.
* Depoimento do repórter:
"Sou 'filho do Pato'. É difícil sintetizar em palavras o que a gente sente em momentos como esse. A Beth dizia que nós (crianças) não sabíamos o tamanho da relevância que tivemos para o Pato. O mesmo pode ser dito de minha parte. Comigo, eu sempre carregarei o sentimento de gratidão, felicidade e emoção por ter feito parte da história dessa escola, além dos laços de amizade e carinho. Enquanto 2020 segue um mar de dúvidas, o que definitivamente não queremos é uma escola com mais de 50 anos de existência sem condições de receber crianças no começo de suas vidas."
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