Se depender da decisão das prefeituras gaúchas o retorno das aulas presenciais não ocorrerá em 31 de agosto pela Educação Infantil, conforme o
pré-calendário sugerido pelo governo do Estado na semana passada. Em assembleia geral realizada na manhã desta terça-feira (18), a Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs) e as associações regionais avalizaram a pesquisa que apontou a
rejeição maciça dos municípios em relação à proposta. A posição dos prefeitos será levada ao Palácio Piratini nesta quarta-feira (19), em reunião agendada para o período da manhã.
De acordo com o levantamento feito pela entidade 94% dos gestores são contra a medida. O presidente da entidade, Maneco Hassen, já esperava que houvesse negativa do grupo quanto ao calendário, mas não tão significativa. Segundo ele, a intenção dos prefeitos é não autorizarem a retomada das aulas durante a pandemia, enquanto não houver segurança para a comunidade escolar em relação à diminuição da disseminação do coronavírus.
Eles também cobrarão que o governador assuma a responsabilidade pela liberação das aulas, não deixando a decisão a cargo do "julgamento dos prefeitos", como
sugeriu em live na segunda-feira. "Vamos levar duas questões ao governador: não queremos a retomada das aulas enquanto não baixarem significativamente os índices da Covid-19 e não aceitaremos que o governo, mais uma vez, queira transferir aos prefeitos a responsabilidade da decisão", destacou.
Além disso, a maioria dos prefeitos defende que a volta às aulas seja feita pelos alunos mais velhos, capazes de respeitarem os autocuidados e protocolos sanitários necessários, a exemplo do que foi sugerido na
consulta feita pelo governo do Estado às entidades da educação. De acordo com o governador Eduardo Leite, o cenário de redução da velocidade de ocupação de leitos foi determinante para a decisão de debater a retomada do ensino presencial neste momento.
No entendimento da da Famurs, no entanto, a retomada das aulas presenciais não pode ser tratada como a de outras atividades que já tiveram regras flexibilizadas, como comércio e alimentação, pois envolvem "pessoas adultas retomando suas atividades e empreses com maiores responsabilidades". Sobre a pressão das escolas e universidades privadas a reabertura, como forma de evitar o colapso do setor, a sugestão da entidade é que o Executivo gaúcho lance uma linha de crédito junto ao Banrisul, permitindo que os estabelecimentos particulares tomem financiamentos com juros subsidiados até o final do ano.
Secretário da Educação foi convidado a explicar o plano de retomada das aulas na AL
Embora mantenha a discussão do pré-calendário para a volta às aulas, o Piratini reforça que os pais de alunos da Educação Infantil não são obrigados a enviarem os filhos à escola, e garante que o ensino remoto continuará sendo uma opção.
O tema, que gera controvérsias entre pais e educadores, também será debatido na Assembleia Legislativa, que aprovou a convocação do secretários estadual de Educação, Faisal Karam, para a explicar plano de retorno às aulas presenciais na Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia. A previsão é de que o secretário participe da agenda da Comissão, presidida pela deputada Sovia Cavedon (PT), já na próxima quinta-feira (20) à tarde.