Nas
oito videoconferências que o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, fez com setores econômicos na sexta-feira (7), um assunto foi repetido exaustivamente e não era a liberação de atividades, foco principal das conversas. "Uma das peças chaves para ampliar as aberturas (setores) é a testagem e isolamento das pessoas. Se quiseram ajudar, são bem-vindos para a cidade se sentir mais segura", reforçou Marchezan.
O prefeito diz que não há problema de oferta de testes, do RT-PCR, que identifica se a pessoa está com o novo coronavírus ativo no organismo, aos sorológicos, que medem anticorpos. O mais adequado para conseguir isolar e restringir a transmissão é o RT-PCR. A dificuldade está em aumentar a adesão de potenciais infectados, como os sintomáticos, aos exames.
"Estamos com uma estratégia completa, com testagem de todos os sintomáticos e quem reside com eles e colegas de trabalho", descreveu Marchezan. Os exames são feitos nos postos de saúde. "Muitas pessoas não vão fazer os exames e têm sintomas. Temos de ver um jeito de chegar nestas pessoas que estão sintomáticas, e, se der positivo, possamos isolá-las e também quem reside ou trabalha com elas", completou.
A Capital atingiu em 31 de julho o número de 60 mil exames tanto na rede pública como privada. A cidade saiu de 8 mil testes, em 22 de junho, para 16 mil no começo de julho e 32 mil em meados do mês passado. Os números englobam o RT-PCR e sorológicos. O painel de dados da pandemia, com informações que vão de internações em UTIs a perfil de positivos e negativos dos exames, mostra que em 30 de julho foi o maior número de RT-PCR, de mais de mil em um dia.
Outro dado destacado pela prefeitura é que a taxa de aplicação de exames por mil habitantes por dia em Porto Alegre, que é de 1,3% a 1,4%, já teria superado países como Coreia do Sul, Uruguai, Alemanha e Portugal. O aumento do ritmo de testagem na Capital também impactou na aceleração de casos, que ultrapassaram 10 mil contaminados no fim de semana, devido à detecção de positivos.
Com a liberação de atividades - a construção civil privada volta nesta segunda-feira (10), o temor é de que, com a maior circulação, o nível de transmissão se eleve. Isso foi dado como certo pelo prefeito e sua equipe nas videoconferências, que alertaram que, se houver aumento de casos com impacto nas internações de UTIs, o fechamento deve voltar. As UTIs têm apresentado certa estabilidade de ocupação.
"Vou precisar do apoio de vocês (dirigindo-se aos setores) para isso", pontuou o prefeito, nas sessões virtuais.
Grêmio, que adotou testagem (foto), e Inter foram citados como potenciais parceiros para campanhas
A prefeitura sugere campanhas promovidas pelos setores para ampliar a informação e conscientização das pessoas que possam estar com o vírus. O prefeito citou que o Grêmio e Inter, que adotaram protocolos e testagem intensiva e voltaram às atividades, incluindo jogos, poderiam ajudar, até pela força que têm no imaginário dos torcedores. As entidades indicaram que são parceiras em fazer campanhas.
O presidente do Sinduscon-RS, Aquiles Dal Molin Júnior, indicou que o setor vai colaborar e citou que a adesão nos canteiros de obras aos cuidados surpreendeu. Dal Molin também destacou que é importante divulgar onde as pessoas fazem os testes. Segundo a Secretaria da Saúde, os moradores podem buscar postos de saúde - há instalações específicas para avaliar casos que devem fazer os exames.
As reuniões foram com construção civil, comércio,
bares e restaurantes,
imobiliárias,
academias, supermercados e shopping centers. Seriam os segmentos com reabertura acenada pela gestão municipal. A expectativa ainda é pela publicação de decretos com as novas regulações.