Depois de uma semana marcada por vento forte e chuva ocasionados pelo ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul, os gaúchos continuam sentindo os reflexos do evento. Isso porque, mesmo após uma semana, o nível dos rios continua elevado, e alguns municípios seguem registrando cheias e alagamentos.
De acordo com a sala de monitoramento hidrológico da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), até as 18h desta segunda-feira (13), os rios Taquari e Caí seguiam medindo cotas acima do nível de normalidade. No Rio das Antas, em Muçum, por exemplo, a estação registrava declínio, mas ainda assim seguia em situação de alerta. No Taquari, entre Encantado e Estrela, o rio, mesmo que em situação de inundação, já começava a apresentar declínio.
O rio Caí continua registrando cheia. No entanto, conforme a prefeitura de São Sebastião do Caí, o nível de água parou de subir às 6h desta segunda-feira, quando atingiu 11,24 metros. Depois, por volta das 9h30min, registrou um pequeno movimento de baixa, passando para 11,10 metros.
No Rio dos Sinos não é diferente: houve leve declínio, ainda que acima dos leitos de inundação. O nível no Delta do Jacuí também apresentou pequena retração. Na bacia do Ijuí, a situação é de estabilização e declínio. O rio Uruguai também segue baixando em São Borja, porém ainda está em elevação em Uruguaiana.
Outros pontos do Rio Grande do Sul ainda requerem atenção, principalmente os referentes às bacias do Ijuí, Pardo, Taquari-Antas, Baixo Jacuí, Guaíba e rio Uruguai.
Em Porto Alegre, na manhã desta segunda-feira, o lago Guaíba estava com 2,22 metros, porém, por volta das 13h, subiu para 2,26 metros no Cais Mauá, devido ao vento Sul e ao começo da chegada da vazão de chuva do final de semana, segundo a MetSul Meteorologia. Em comunicado oficial, a empresa fez um alerta sobre o quadro de cheia do Guaíba. "Haverá vento Sul, com efeito de represamento, com o ingresso de uma massa de ar polar, mas não se espera vento intenso e represamento acentuado. O evento de chuva do final de semana trará nova cheia do Taquari, cujas águas acabam no Guaíba, e isso deverá manter o nível alto".
A cheia do Guaíba provocou alagamentos na região das Ilhas em Porto Alegre. "O nível da água subiu muito rápido, mas de sábado (11) para domingo (12) baixou bastante. Na minha casa entrou muita água, mas também já escoou, o que nos dá esperança agora", reforçou Itamar Silva, morador da Ilha dos Marinheiros.
Segundo ele, alguns vizinhos precisaram sair de casa em virtude da enchente que começou ainda na sexta-feira (10). "A água subiu muito rápido, causando estragos e deixando muitas pessoas em perigo. Com a água baixando, a expectativa é de que logo todos possam retornar".
Com o nível do Guaíba acima do normal, a prefeitura montou, na sexta-feira, um abrigo emergencial na Escola Estadual Alvarenga Peixoto, na Ilha dos Marinheiros, para abrigar as famílias que tiveram suas casas tomadas pela água. Apesar da disponibilização do local, moradores resistiram em deixar seus lares por medo de serem saqueados. "Vários precisaram sair, mas outros, mesmo ilhados, preferiram continuar por medo de serem roubados. A gente já não tem muito, então temos que cuidar do nossos bens", afirmou Silva.
A Defesa Civil da Capital, com base no monitoramento hidrológico da Sema, prorrogou o alerta de inundação na região do Arquipélago até quarta-feira (15). O motivo, segundo a pasta, é que os principais rios das bacias da metade Norte do Rio Grande do Sul encontram-se em declínio.
"A Defesa Civil e a Comissão Permanente de Atuação em Emergências (Copae), composta por órgãos municipais e instituições parceiras (Corpo de Bombeiros Militar e CEEE), deverão dar continuidade às providências previstas no Plano de Contingência de Enchentes, priorizando a integridade física das pessoas", ressaltou a pasta.
De acordo com boletim de monitoramento da Defesa Civil estadual, divulgado às 17h desta segunda-feira, ao menos 1.286 pessoas seguiam desabrigadas e 2.611 desalojadas no Rio Grande do Sul.
Chuva dá trégua e frio se intensifica em todo o território gaúcho
Na quarta-feira, Rio Grande do Sul pode registrar marcas de até -4ºC
MARCELO G. RIBEIRO/JC
O tempo deve ficar firme no Rio Grande do Sul ao menos até quinta-feira (16). Conforme a meteorologista da MetSul Estael Sias, uma massa de alta pressão atmosférica chegará com força máxima ao Sul do País nesta terça-feira (14), sendo a responsável pela queda das temperaturas. "O sistema de alta pressão atmosférica está associado a tempo seco e muito frio, ou seja, essa poderá ser a semana mais gelada de 2020".
Nesta terça-feira, o tempo firme prevalece no Estado inteiro, acompanhado de muito frio e geada nas regiões da Campanha, Centro, Serra e Metropolitana. Alguns municípios podem registrar temperaturas negativas, variando entre -2ºC e 18ºC. "Haverá geada significativa em pontos do Centro, Oeste, Sul, trechos da Serra, no Planalto e nas Missões", apontou a meteorologista.
Na quarta-feira (15), a temperatura promete ser ainda mais baixa, podendo registrar marcas de até -4ºC no Estado, especialmente na região dos Campos de Cima da Serra, e máxima de 21ºC no Rio Grande do Sul. Na quinta-feira, a chuva retorna, mas segundo Estael, não há previsão de grandes acumulados. Os termômetros devem marcar entre 4ºC e 23ºC no Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre, o frio também será rigoroso, tanto é que não está descartada geada em alguns parques localizados próximos à região central da cidade. Nesta terça-feira, a temperatura deve variar entre 2ºC e 11ºC. Na quarta-feira, a mínima prevista é de 1ºC e, a máxima, de 14ºC. Na quinta-feira, o céu ficará nublado na Capital e os termômetros devem marcar entre 5ºC e 14ºC, com possibilidade de geada.