O governo do Estado divulgou, nesta quarta-feira (27), o resultado da quarta etapa da pesquisa que busca avaliar o avanço da Covid-19 no Rio Grande do Sul. Nesta etapa, o estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com outras 12 universidades, identificou que 20.226 pessoas já tiveram contato com o vírus no Estado.
Por se tratar de um estudo realizado com uma pequena quantidade de pessoas em relação ao total da população, a margem de erro é alta. Isso explica o motivo de a quarta etapa apontar um número estimado de gaúchos que já foram infectados inferior ao mostrado na anterior, quando indicava que 24,8 mil pessoas haviam tido o contato com o novo coronavírus.
A pesquisa ganhará ainda uma segunda fase, com quatro novas etapas, previstas para iniciar em junho e terminar em agosto. "Seguiremos monitorando a proporção da população gaúcha infectada pelo coronavírus até o meio de agosto. Então isso tornará esse estudo gaúcho ainda mais inédito", afirmou Pedro Hallal, reitor da Ufpel.
Nesta última etapa da primeira fase, foram testadas 4,5 mil pessoas das cidades de Porto Alegre, Canoas, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Ijuí e Uruguaiana. Os municípios onde as amostras foram coletadas representam 31% da população gaúcha, estimada em 11,3 milhões.
Das 4,5 mil amostras coletadas nesta etapa, oitos deram resultado positivo, o que equivale a 0,18% da população com anticorpos para a doença. Ainda, a pesquisa estima que exista um infectado a cada 562 habitantes e que, no Estado, 20.226 pessoas já tenham tido contato com a doença.
Dos oito casos positivos desta etapa, quatro foram identificados em Passo Fundo, dois em Uruguaiana, um em Porto Alegre e um em Pelotas. De acordo com Hallal, a pesquisa estima que para cada um milhão de habitantes no Rio Grande do Sul, existem 1.778 infectados reais e 580 notificados. Ou seja, para cada caso confirmado, existem cerca de três não notificados, o que mostra que "não há crescimento descontrolado do coronavírus no Rio Grande do Sul", segundo o pesquisador.
Durante as quatro fases da pesquisa, pessoas que testaram positivo para a doença também tiveram seus familiares testados. Dos 52 familiares testados nas quatro fases do estudo, 14 tiveram resultados positivos e 38 negativos.
Entre as 26 pessoas que tiveram testes positivos ao longo das quatro fases do estudo, os principais sintomas relatados foram: tosse (23,1%), dor de garganta (15,4%), diarreia (15,4%), dificuldade para respirar (7,7%), alterações no olfato ou paladar (7,7%) e febre (3,8%). Hallal lembrou ainda que as estimativas levam em consideração pessoas que apresentaram um ou mais sintomas.
A letalidade da doença, baseada nos 6.559 casos notificados foi de 3%. Já em relação ao total de casos estimados, 20.226, a letalidade foi de 0,97%. O reitor da UFPel reforçou a importância das políticas de distanciamento social, visto que elas podem ser consideradas as grandes responsáveis por essa estabilidade na disseminação do vírus no Estado.
Estado é um dos que mais mantêm isolamento social
No que diz respeito ao distanciamento social, na primeira etapa da pesquisa 20,6% dos entrevistados afirmaram que estavam saindo diariamente, 58,3% que estavam saindo apenas para atividades essenciais e 21,1% sempre em casa.
Na segunda etapa, 28,3% estavam saindo diariamente, 53,4% somente para atividades essenciais e 18,3% estavam sempre em casa. Na terceira fase, o cenário também não teve muitas mudanças: 30,4% afirmaram que estavam saindo diariamente, 56,1% apenas para atividades essenciais e 16,5% sempre em casa.
Nesta última etapa da primeira fase, os resultados também não sofreram muitas alterações: 31,5% continuam saindo diariamente, 54% somente para atividades essenciais e 14,5% ficam sempre em casa. "O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais tem apresentado resultados positivos", afirmou Hallal, lembrando que, mesmo com esses resultados, o Estado deve ter cautela.
O governador Eduardo Leite, por sua vez, elogiou a pesquisa e se mostrou satisfeito com os resultados apresentados. "A pesquisa viabiliza acompanhar esses indicadores e entender a velocidade e o estágio que estamos em relação ao coronavírus no Rio Grande do Sul", disse. "As novas quatro rodadas serão importantes, principalmente agora com a chegada do inverno".