"Chegamos na falência absoluta do transporte coletivo. O transporte coletivo se transformou em uma estrutura falida em Porto Alegre", disse o prefeito Nelson Marchezan Júnior durante transmissão ao vivo pelo Facebook, nesta segunda-feira (27). Logo depois, Marchezan disse que está elaborando um novo pacote de medidas para o setor.
Em janeiro passado, a prefeitura
enviou um conjunto de projetos à Câmara Municipal com a intenção de baratear o serviço. Um projeto foi recusado, sobre cobradores, e a maior parte das propostas não foi analisada na Câmara de Vereadores.
Segundo Marchezan, as soluções têm de ser buscadas pela cidade e apontou que o modelo da Capital está ultrapassado, citando que o modelo tem despesa elevada em pessoal e alta gratuidade, que restringe a receita. Os dois fatores, diz o prefeito, fazem com que o valor da passagem na Capital seja muito acima da média brasileira. A
tarifa em Porto Alegre é a mais cara entre as capitais. O valor hoje é de R$ 4,70.
Antes da pandemia, estava sendo avaliado o aumento para mais de R$ 5,00. O
processo de avaliação foi suspenso no Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu) para esclarecimento sobre a composição de custos da planilha das empresas.
Com a pandemia, o que já era um problema - a queda progressiva e aguda de passageiros, tornou a situação dos operadores mais difícil. "O serviço que levava 800 mil usuários por dia, sendo 400 mil pagantes, passou a uma média de 240 mil, sendo 120 mil pagantes", descreveu o prefeito.
"Nós, porto-alegrenses, precisamos tomar este problema como nosso e parar de colocar a culpa no governo federal ou estadual, temos de buscar as nossas soluções", afirmou. O prefeito disse que vai reestruturar o pacote anterior de medidas. Marchezan diz que buscará segmentos para formatar as ideias e espera sensibilidade de vereadores e órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União (TCE).
"Vamos voltar às atividades econômicas e os mais pobres não vão ter como andar porque não vão ter transporte coletivo", adiantou o prefeito. A previsão é que em maio possa haver maior flexibilização com abertura de segmentos. As
empresas de ônibus vinham alertando que não conseguiriam manter o serviço.
Nesta segunda-feira (27), o
transporte público teve nova redução de oferta de linhas e horários. A oferta de viagens será de 40% de um dia útil comum antes da pandemia do novo coronavírus. A EPTC aceitou parcialmente a proposta de redução da oferta feita pela Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) diante da baixa no número de passageiros. A queda no uso é de 72%. A negociação garante o atendimento até a meia-noite nos principais eixos de atuação de Porto Alegre.
"A prefeitura vai enviar novo pacote para a Câmara para o setor", projetou Marchezan, sem dar detalhes de quais seriam as alternativas.
No fim do ano, o foco das medidas foi na criação de tarifas para os aplicativos de transporte e para veículos oriundos da Região Metropolitana, tipo um pedágio para trafegar na Capital. Além disso, outra mudança seria o fim da obrigatoriedade de cobrador em alguns horários, preparando terreno para acabar com a função no transporte.
Com as medidas e seus impactos financeiros, a meta era reduzir a R$ 2,00 a tarifa até 2021. O
projeto dos cobradores foi rejeitado pelos vereadores e os demais não foram sequer votados. O do pedágio teve grande rejeição entre os prefeitos da RMPA, com alguns ameaçando retribuir com a mesma medida para veículos de Porto Alegre.