Uma das cidades gaúchas que mais desperta atenção em relação à pandemia do novo coronavírus é Passo Fundo. O município é o segundo em número de mortes, com cinco óbitos contabilizados, atrás apenas de Porto Alegre. Entretanto, adotou o chamado distanciamento social controlado, que permite a abertura do comércio e o funcionamento de serviços não essenciais desde que respeitadas regras para evitar contato físico, aglomeração e higiene.
Nesta quarta-feira (22), a cidade tinha 58 casos confirmados. Caxias do Sul, com 44 diagnósticos, não tem nenhuma morte por Covid-19. Porto Alegre acumula 401 casos e dez mortes.
A taxa de letalidade da Covid-19 (relação entre casos confirmados e óbitos) em Passo Fundo é de 8,6%, bem acima da de Porto Alegre (2,5%) e da nacional (de 6,3%). O Brasil tem 45.757 casos confirmados da doença e 2.906 mortes foram registradas.
O prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, afirma, no entanto, que o cenário é monitorado constantemente. O Executivo instalou um Comitê de Orientação Emergencial (COE), composto por representantes do Conselho Municipal de Saúde, da Secretaria de Saúde e dos hospitais de referência no atendimento a casos do novo coronavírus - Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e Hospital de Clínicas (HC).
Importante polo econômico da região central do Estado, o município também abriga os principais hospitais e recebe pacientes com casos da Covid-19 das cidades vizinhas. Mesmo assim, de acordo com Azevedo, apenas 43% dos leitos de UTI destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 estão ocupados. O município também aguarda a chegada de novos EPIs e testes para coronavírus nesta semana.
Segundo Azevedo, a decisão de flexibilizar temporariamente as atividades de parte do comércio foi tomada com muita responsabilidade. Bares e restaurantes, por exemplo, podem ser abertos apenas para entrega em domicílio (tele-entrega) ou para retirada no local de alimentos prontos e embalados e bebidas lacradas. "Continuamos seguindo os especialistas e recomendando que seja seguido o distanciamento social. Quem pode deve ficar em casa e sair apenas para o necessário", destaca.
Desde domingo, o uso de máscaras é obrigatório em deslocamento pelas ruas, nos espaços públicos e em estabelecimentos com funcionamento autorizado. Em caso de necessidade, elas podem ser substituídas por quaisquer outros instrumentos que protejam nariz e boca. Ações de fiscalização estão sendo realizadas e, segundo a pasta da saúde, a maioria da população está aderindo.
Passo Fundo flexibilizou o funcionamento de atividades apenas um dia após a entrada em vigor do decreto estadual com as orientações para a abertura do comércio, publicado no dia 16. Ao anunciar a mudança, o governador Eduardo Leite salientou que a adesão ao distanciamento social controlado deve ser feita mediante análise e justificativa dos prefeitos.
Cabe a cada município avaliar a necessidade de tornar mais rigorosas as regras de circulação de acordo com a sua realidade. Azevedo avalia que a regra do governo estadual não é suficientemente clara e que o município aguarda um novo posicionamento do Executivo no dia 30 de abril para, quem sabe, repensar suas ações.