O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para a possibilidade de o avanço do coronavírus (Covid-19) se tornar uma pandemia, mas ponderou que o surto ainda pode ser contido. "Estamos em um ponto decisivo", definiu durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (27), em Genebra, na Suíça.
Segundo dados mais recentes da entidade, 78.630 casos da doença foram registrados na China, com 2.747 mortes. Mas, de acordo com Ghebreyesus, o principal foco de preocupação se deslocou para fora do país asiático. "Nos últimos dois dias, o número de novos casos de coronavírus no resto do mundo superou o de novos casos na China", destacou.
Entre as nações mais afetadas, além da China, estão Irã, com 245 casos e 26 mortes; Itália, com 650 ocorrência e 17 óbitos; Coreia do Sul, com 1.595 e 13 mortes; e Japão, 186 casos e cinco mortes.
Ainda de acordo com a OMS, além do gigante asiático, 44 países relataram 3.474 diagnósticos do vírus, com 54 mortes. "Minha mensagem para cada um desses países é a seguinte: esta é sua janela de oportunidade. Se agirem agressivamente agora, podem conter o coronavírus e salvar vidas", disse Ghebreyesus.
A organização explicou que a maior parte dos países que já registraram a doença está em fase de importação do vírus, mas que há casos de redes de transmissões próprias. "As epidemias no Irã, na Itália e na Coreia do Sul demonstram o que o coronavírus é capaz", lembrou.
O médico etíope citou a África como região que requer maior atenção, por ter sistemas de saúde mais frágeis, mas disse que todos os países do mundo têm comunidades vulneráveis. Para ele, o surto está em uma fase "delicada" e pode ir para qualquer lugar.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Harvard estimou que entre 40% e 70% de toda a população mundial deve ter resultado positivo para o novo coronavírus em algum momento. "É provável que vejamos uma pandemia global", afirmou o professor Marc Lipsitch ao Wall Street Journal nesta semana. Segundo ele, essa taxa de infecção poderia ocorrer ao longo do próximo ano. Lipsitch advertiu, porém, que não conseguia projetar quantas pessoas apresentariam sintomas da doença.