O governo do Ceará publicou neste sábado (22) uma relação de 160 policiais militares que foram suspensos das funções por envolvimento nos motins da Polícia Militar que ocorrem no Estado desde quarta-feira (19). Entre os afastados está o PM reformado Cabo Sabino, ex-deputado federal apontado como um dos incentivadores do tumulto.
É a segunda relação de afastados. Na primeira, publicada na quinta-feira, havia oito afastados. Os 168 PMs foram afastados por "incapacidade de participação na Polícia Militar" e por terem "conduta transgressiva". Com os afastamentos, os PMs passam a não receber mais salários.
Cabo Sabino e os demais PMs passam agora a responder processo no Conselho Disciplinar, instaurado pela Controladoria Geral de Disciplina. O afastamento, por ora, é de 120 dias, mas as punições podem chegar à expulsão. "Os investigados deverão entregar identificações funcionais, distintivos, armas, algemas e outros elementos que os caracterizem nas suas unidades", informou o governo cearense.
Sabino faz parte de um grupo de políticos com origem na Polícia Militar que têm atuado em favor dos grevistas, que inclui o deputado federal Capitão Wagner (Pros) e o vereador de Sobral Sargento Ailton (sem partido). A diferença é que o cabo chegou a ser reformado, enquanto os outros dois deram baixa para seguir com a carreira política. A reportagem não conseguiu contato com o ex-deputado punido.
O Exército e a Força Nacional de Segurança Pública já patrulham as ruas de Fortaleza, que neste sábado de carnaval está com os centros comerciais tradicionais fechados por causa das festas. Em Sobral, no interior, o patrulhamento ostensivo foi reforçado com homens da Polícia Rodoviária Federal.
Nesta segunda-feira (24), os ministros Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa) terão reunião com o governador Camilo Santana (PT) para debater ações para garantir a segurança da população.
O número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) subiu para 127 no estado desde o início dos motins dos policiais militares em 18 de fevereiro. , que paralisaram as atividades por falta de acordo com o governo do estado referente à reestruturação salarial. Só no sábado foram 34 homicídios.
Os CVLIs englobam os casos que se enquadram como homicídio doloso/feminicídio, lesão corporal seguida de morte e latrocínio. Na sexta-feira, 21, o número de CVLI chegou a 37, o dia mais violento registrado desde o início de 2020. Até então, o dia com maior números de casos foi em 18 de janeiro, com 17 mortes.
Mesmo com reforço da Força Nacional e do Exército na segurança do Estado, os crimes continuam acontecendo. Ao todo, 2,8 mil homens ocupam as ruas da capital e de algumas cidades do interior com o intuito de amenizar os efeitos da crise na segurança pública. A medida está dentro da Garantia da Lei e da Ordem decretada pelo presidente Jair Bolsonaro.