A 23ª edição da Parada Livre de Porto Alegre coloriu o Parque da Redenção, em Porto Alegre, neste domingo (8). A multidão que carregava as cores da diversidade e da causas LGBT+, porém, parecia ter mais a lamentar do que a comemorar. O evento foi marcado pelo alerta dos organizadores e de boa parte do público para o que classificaram como "um ano de retrocessos".
A 23ª edição teve tema "Sem Vergonha de ser quem somos". “Venho à Parada Livre desde 2010. Neste ano, tive um pouco de receio de vir até aqui identificada com as cores da bandeira (multicolorida, que representa a causa) na camiseta. Pela primeira vez em quase dez anos tive medo de violência na rua”, conta a designer Zi Bonotto.
O medo da violência, explicou Zi, se deve ao que considera estímulos do novo governo federal ao preconceito e à defesa das armas e contra grupos minoritários em geral. Mas ao chegar ao parque e encontrar a diversidade desfilando por todos os lados do Espelho D’água, próximo do palco central da Parada Livre, a designer conta que se sentiu novamente fortalecida e encorajada.
Público acompanhou programação e depois seguiu para a tradicional marcha. Foto: Luiza Prado/JC
“A Parada Livre tem esse efeito importante de nos sentirmos parte da sociedade, de que não se está sozinho e de mostrar aos outros que, por trás de um conjunto de letras, o LGBT, estão pessoas”, explicou a designer Zi, que foi à Redenção acompanhada da irmã, Sílvia, e da companheira dela, Liliane Jornada.
Liliane, que é professora aposentada e padeira em Garopaba (SC), estava pela primeira vez na manifestação. Para ela, o grande motivador de contar com eventos como esse é, mais do que mostrar a diversidade, provocar a reflexão sobre o tema. Sílvia, que também acompanhou o evento pela primeira vez, destacou a alegria do público como o fator mais positivo da data.
“É importante ver pessoas felizes, sem preconceito. É necessário nos vermos com um grupo que tem objetivos e causas comuns”, ressaltou Sílvia.
A Parada Livre teve início às 14h com uma agenda intensa de apresentações artísticas e intervenções em defesa da causa LGBT+, que deve se estender até as 22h. No fim da tarde, a marcha marcou o momento mais esperado da parada.