As categorias militares do Estado definiram um conjunto de ações de mobilização para pressionar pela retirada do pacote do governo Eduardo Leite (PSDB) que altera regras da carreira, previdência e tempo de serviço. O Legislativo está examinando as propostas. Os militares ligados à Brigada Militar e aos Bombeiros e esposas dos servidores
fizeram caminhada pelo Centro de Porto Alegre e ato em frente ao Palácio Piratini nesta quinta-feira (5).
Assembleia em frente ao Piratini aprovou medidas que vão de fechamento surpresa de quartéis à operação padrão quando houver problemas com viaturas e equipamentos precários, como coletes balísticos vencidos. Nestes casos, os militares serão orientados a não irem para as ruas. Operações padrão começam no dia 16. A Operação Surpresa Fecha Quartel, como as entidades estão chamando, é prevista para ser ativada no dia 17.
Os cerca de 13 mil participantes do ato, segundo as associações das categorias, deliberaram em votação simbólica que os militares não consideram o governador Eduardo Leite como seu comandante, "por ter convicção de que o governador não possui força e honra para comandar entidades tão importantes como o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar", informaram por nota.
Os servidores fizeram passeata por avenidas próximas ao Centro no fim da manhã em direção à Praça Brigadeiro Sampaio, localizada em frente ao Gasômetro, em Porto Alegre, de onde as categorias saíram rumo ao Piratini. O percurso seguiu pela avenida Borges de Medeiros, o que gerou mais lentidão no trânsito. No fim da tarde, tiveram audiência com o presidente da Assembleia Legislativa, Luis Augusto Lara.
O coordenador geral adjunto da Associação de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (ABERGS), tenente-coronel Ederson Carlos Franco da Silva, diz que os servidores são contrários às medidas do governador, principalmente aquelas que mudam regras sobre a composição da remuneração, gerando redução dos vencimentos, aumentam a alíquota da previdência para faixas mais elevadas e alteram o tempo de serviço.
“Percebemos que há condição de conversa, mas o governador exclusivamente encaminhou o pacote de medidas. As propostas do governo são inconstitucionais e quem vai sofrer as consequências é a população”, afirmou Silva. O presidente estadual da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM), Aparício Costa Santellano, não descarta a possibilidade de paralisação. "Tudo dependerá do governo. Vamos deliberar em frente ao palácio", projetou Santellano.
Por lei, a Brigada Militar é o único órgão que não pode realizar uma paralisação, que poderia ser convocada pela Associação Recreativa Cultural e Beneficente das Esposas dos Policiais Militares e Policiais Femininas do Nível Médio do Rio Grande do Sul (AESPPOM/RS). Esposas de policiais bloquearam entradas de quartéis em 2015 em protesto ao parcelamento de salários que foi instaurado pelo ex-governador José Ivo Sartori. Já são mais de 46 meses de parcelamentos. “Estamos dispostas a fazer isso de novo. Temos coragem para ir ao extremo para defender nossa família”, afirmou a presidente da entidade, Claudete Valau.