Alimentação e faixa etária explicam taxas do câncer de mama no Estado

Porto Alegre possui o maior índice nacional de casos da doença entre as capitais

Por Juliano Tatsch

Mamografia periódica é um dos três pilares para o controle da doença
O Ministério da Saúde lançou ontem a campanha nacional em alusão ao Outubro Rosa e, junto com a mobilização, apresentou novos dados a respeito do câncer de mama no Brasil. A atualização do cenário da doença apresentado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) traz dados ruis para os gaúchos.
Conforme as estimativas para o surgimento de novos casos da neoplasia até o final de 2019, Porto Alegre é a capital com maior taxa de incidência da doença no Brasil, com um índice de 114,25 casos por 100 mil mulheres. Em segundo lugar está a cidade do Rio de Janeiro, com taxa de 113,57 ocorrências.
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Baixo financiamento prejudica tratamentos no SUS

Ainda que todos os principais e mais modernos medicamentos e tecnologias estejam disponíveis no Brasil, as pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) recebem uma atenção muito diferente daquelas que buscam diagnóstico e tratamento na rede privada. O motivo é um só: baixo financiamento público.
"Em alguns casos se consegue fazer mais com menos, mas não é sempre. Além disso, fazer sempre mais com sempre menos é impossível", aponta o médico Carlos Eugênio Escovar. A posição é corroborada por Maira Caleffi. "Estamos longe de conseguirmos reduzir a alta mortalidade nos hospitais públicos. A diferença de atendimento para a rede privada é muito grande", afirma a médica, que questiona os dados apresentados pelo Inca, que indicam queda na mortalidade no País. "O Inca não publicou recentemente um estudo que explique ou mostre esses dados sobre queda na mortalidade. No observatório do câncer e nos dados que temos até agora, vemos até um leve aumento na mortalidade por câncer de mama", alerta.
Conforme o Ministério da Saúde, o investimento público para o tratamento dos diversos tipos de câncer saltou de R$ 2,2 bilhões em 2010 para R$ 4,6 bilhões em 2017, ano que em que foram realizadas pelo SUS 324.045 cirurgias oncológicas, 3,1 milhões de procedimentos quimioterápicos e 11,2 milhões de sessões de radioterapia.
Uma avaliação realizada no ano passado pela Controladoria-Geral da União (CGU), no entanto, aponta uma série de problemas na atenção pública ao combate ao câncer. Entre os "buracos" encontrados, estão a má distribuição de recursos federais com regiões com rede mais estruturada - como Sul e Sudeste - recebendo maiores valores destinados à estruturação de estabelecimentos do que regiões mais carentes, como Norte e Centro-Oeste. Além disso, foi verificada uma tendência de concentração dos investimentos na área de oncologia em estabelecimentos de saúde privados que atendem pelo SUS. Outro problema encontrado pela CGU foram atrasos nas ações voltadas a aumentar a capacidade de oferta de tratamentos oncológicos no SUS.
"Em 2013, o Ministério da Saúde iniciou o Plano de Expansão da Radioterapia, que previa a instalação de equipamentos utilizados no tratamento contra o câncer em 80 hospitais até 2015. Atualmente (primeiro semestre de 2018), somente oito soluções foram entregues", observa o órgão de controle, que fez uma série de recomendações ao gestor público para que as falhas sejam corrigidas.

#metratedireito

Como tradicionalmente faz todos os anos, o Imama irá realizar no dia 20 de outubro a Caminhada das Vitoriosas em Porto Alegre. O trajeto tem início no Parque Moinhos de Vento (Parcão) e segue até o Parque da Redenção. A mobilização deste ano, que atua nas redes sociais com a hashtag #metratedireito cobra uma maior atenção dos gestores públicos com o atendimento às mulheres, desde o diagnóstico precoce até o tratamento e o acompanhamento pós-tratamento.