Uma audiência pública promovida pelo Ministério Público Estadual (MP) do Rio Grande do Sul, na noite desta terça-feira (20) em Porto Alegre, debateu a viabilidade de implantação do projeto Mina Guaíba. Caso aprovado, o
empreendimento será o maior em extração de carvão mineral a céu aberto do País, com produção de 142 milhões de toneladas do mineral em 30 anos.
A plenária, na sede do MP, ficou lotada com participantes pró e contra o projeto. A Promotoria de Meio Ambiente convocou a audiência devido à crescente divergência e questionamentos de segmentos sobre impactos da exploração. Entre as críticas, está a do uso do carvão como fonte de geração de energia.
Notícias sobre meio ambiente e negócios são importantes para você?
O gerente de sustentabilidade corporativa da Copelmi Mineração, responsável pela proposta, Cristiano Weber, apontou que serão criados mais de 500 empregos diretos apenas na etapa de implementação do projeto. “Durante os anos de operação, serão mais de cinco mil”, ampliou Weber. Além disso, o gerente da empresa citou que poderá ser criado um polo carboquímico na região, podendo gerar até R$ 4 bilhões em investimentos.
No polo de críticos à exploração, o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), sustentou que a abertura de uma mina há 16,77 quilômetros do Centro da Capital poderá contaminar o rio Jacuí com carvão, “que é um dos minerais mais complexos que existem”. Na apresentação, Menegat mostrou que o mineral tem componentes como o mercúrio, que teria maior risco.
O professor também alegou que a remoção de cinco milhões de toneladas por ano vai gerar danos às estradas da região e um domo de poeira (quando resíduos ficam suspensos) sobre a Região Metropolitana. "Isso poderá criar neblinas e chuvas ácidas”, alertou Menegat. Segundo a empresa, as novas tecnologias garantem a segurança durante o processo, além de já garantir estudos de medidas de controle dos possíveis impactos.
Área de extração fica entre Eldorado do Sul e Charqueadas e exigirá reassentamento de moradores
Para fazer a extração, será necessário reassentar famílias do loteamento Guaíba City e Apolônio de Carvalho, que ficam entre os municípios de Charqueadas e Eldorado do Sul.
A audiência não faz parte do processo ordinário do licenciamento. O MP promoveu o debate em Porto Alegre também porque a cidade terá seus únicos pontos de captação de água atingidos. Cerca de 80 entidades também criaram o Comitê de Combate à Megamineração no Rio Grande do Sul.
Até o momento, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) não tem um posicionamento ou prazo para a emissão de parecer final sobre o licenciamento prévio da mina, solicitado pela Copelmi. O projeto para mineração de carvão, areia e cascalho será em área entre Eldorado do Sul e Charqueadas.