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Estudo aponta urgência de atrair migrantes para o Rio Grande do Sul
População gaúcha economicamente ativa será 20,5% menor em 2060
Um estudo feito pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), divulgado ontem, alertou para a necessidade iminente de atrair migrantes para o Rio Grande do Sul. Entre saídas e chegadas, o saldo, em 2015, era de 696,8 mil pessoas a menos em solo gaúcho, o que representa 6,2% da população do Estado na época, de 11,17 milhões de habitantes - se todos voltassem, a população subiria, hoje, de 11,32 milhões para 12 milhões. O dado, somado à taxa de natalidade decrescente e ao envelhecimento gradual da população, tem reduzido o contingente de pessoas entre 15 e 64 anos no Rio Grande do Sul e, por consequência, a força de trabalho gaúcha.
Santa Catarina lidera o ranking dos destinos preferidos dos gaúchos que decidem morar fora do Estado: entre saídas e chegadas, o saldo é negativo em mais de 280 mil pessoas. Em seguida estão Paraná (saldo migratório de -177 mil), Mato Grosso (-90 mil), São Paulo (-37 mil) e Mato Grosso do Sul (-33 mil), que fecham a lista dos cinco principais destinos.
Coordenador do projeto, o estatístico do DEE Pedro Tonon Zuanazzi aponta que, apesar de a população gaúcha ter projeção de crescer até 2035, o número de pessoas economicamente ativas está em seu ápice e tende, nos próximos anos, a se tornar decrescente, passando dos 7,8 milhões de moradores em idade produtiva para 6,2 milhões até 2060 - uma redução de 20,5% nessa faixa etária. A perda demográfica se encontra especialmente nas regiões Norte e Oeste gaúchas.
Ao mesmo tempo, o Rio Grande do Sul, embora não registre um percentual muito alto de pessoas migrando em comparação com outros estados, é o estado fora do Nordeste com a menor taxa do Brasil de moradores que vieram de outras unidades da Federação. "O grande problema não é perder população, e sim atrair poucas pessoas de fora", explica Zuanazzi. A participação do Estado na população brasileira baixou de 5,6%, do total em 2010, para 5,4% em 2018.
Para o estatístico, a baixa atratividade se deve à questão geográfica, por ser longe de boa parte dos estados brasileiros, mas também há outro fator preponderante: a cultura de "portas fechadas" ao migrante. "Precisamos acabar com essa mentalidade incorreta de que o migrante vem para roubar emprego dos gaúchos, até porque o migrante geralmente tem entre 20 e 35 anos, logo, em idade economicamente ativa, e possui um nível de escolaridade mais alto do que a média", informa. Em sua opinião, a imigração será cada vez mais importante, diante da perda de população em idade produtiva.
A secretária estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, afirma que o resultado do estudo demonstra necessidade de criação de políticas públicas para atrair população economicamente ativa. "É o que se faz em países da Europa que apresentam a mesma inflexão da demografia. Este é um estudo muito importante, que desmistifica alguns pontos sobre migração e mostra a importância de termos uma política de atratividade de talentos para o Estado", ressalta Leany.
Dados sobre a migração no Estado (Fonte: IBGE)
- População gaúcha crescerá até 2035, mas faixa etária economicamente ativa terá decréscimo de 1,6 milhão até 2060;
- Número de habitantes do Estado aumentou 3,8% entre 2010 e 2018, enquanto no Brasil crescimento foi de 7% no período;
- Em 2015, se todos que nasceram no mesmo estado que residem retornassem ao seu estado natal, a população do Rio Grande do Sul teria 696,8 mil (6,2%) pessoas a mais do que a população total da época, de 11,17 milhões de habitantes;
- Santa Catarina é principal destino de gaúchos que emigram, com saldo de 280,1 mil a mais no estado vizinho, seguido pelo Paraná (177,3 mil) e pelo Mato Grosso (90,6 mil).