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Saúde

- Publicada em 12 de Julho de 2019 às 00:52

Simers faz dossiê sobre precariedade do HPS

Segundo associação de servidores, hospital carece de 250 funcionários

Segundo associação de servidores, hospital carece de 250 funcionários


/MARIANA CARLESSO/JC
Com base em visita que realizou em maio ao Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre (HPS), o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) elaborou um dossiê detalhando as deficiências que encontrou no local.
Com base em visita que realizou em maio ao Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre (HPS), o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) elaborou um dossiê detalhando as deficiências que encontrou no local.
Entre os problemas apontados está a falta de materiais e equipamentos, problemas de manutenção, fechamento do serviço de coleta de sangue e do Centro de Diagnóstico por Imagem e uso parcial do bloco cirúrgico e da sala de recuperação, devido à falta de pessoal, e inatividade das enfermarias de traumatologia e pediatria.
O dossiê foi o assunto desta quinta-feira em reunião da Frente Parlamentar em Defesa do HPS, na Assembleia Legislativa. O documento foi entregue à prefeitura de Porto Alegre, aos conselhos Municipal e Estadual de Saúde e a parlamentares da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vereadores.
Segundo a diretora metropolitana do Simers, Alessandra Felicetti Pires, somente dentro do corpo médico, faltam 50 profissionais, sendo as maiores faltas nos setores de neurologia e cirurgia geral, nos quais faltam 13 e nove, respectivamente. A Associação dos Servidores do HPS calcula que hoje atuem no hospital 950 servidores no total, quando a previsão era de 1,2 mil. A associação levantou, ainda, a falta de pelo menos 40 leitos, sendo 22 na área de traumatologia.
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Alessandra destaca a existência de dois tomógrafos no HPS, mas a impossibilidade de uso de ambos ao mesmo tempo, porque a energia elétrica não é forte o suficiente para refrigerar as duas salas, o que é pré-requisito para seu uso. Também chama atenção para o fato de a Enfermaria 8, responsável pela internação de todos os setores do hospital, não contar com separação física entre homens e mulheres, nem mesmo por biombos, gerando constrangimento a pacientes que precisam ser banhados no próprio leito. Na sala de isolamento, para pacientes com doenças contagiosas, a diretora do Simers relata que a porta, as janelas e a pia não são, de fato, isoladas, gerando risco de contágio para pacientes e servidores.
Tanto os servidores do HPS quanto o Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs) demonstraram preocupação com o movimento de terceirização no atendimento em unidades municipais - nos pronto-atendimentos Bom Jesus e Lomba do Pinheiro, por exemplo, já foi escolhida uma empresa que prestará os serviços no lugar dos servidores. Para Estêvão Finger da Costa, presidente do Sergs, o HPS tem sofrido um processo de precarização por parte da prefeitura, a fim de justificar uma terceirização posterior das atividades no hospital. "Sabemos que a terceirização leva à precarização das condições de trabalho e do atendimento para a população, o que já vimos acontecer em outros municípios gaúchos", argumenta.
Entre as definições na reunião da Frente Parlamentar está o encaminhamento do dossiê para o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), o uso da tribuna popular pelas entidades envolvidas, quando a sociedade civil pode apresentar suas demandas na tribuna da Assembleia Legislativa, e o agendamento de uma audiência pública a respeito. "O desmonte do HPS nos preocupa, porque trata-se de um hospital que é patrimônio público do Estado. Mesmo as classes mais abastadas vão, em algum momento, ao HPS", destaca a presidente da Frente Parlamentar, deputada Sofia Cavedon (PT).

Secretaria alega que informações 'não condizem com a verdade'

Questionada sobre a situação do HPS, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) destacou, em nota, que "o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul não realiza a gestão dos serviços de saúde da Capital, por esse motivo desconsidera qualquer ação que esteja sendo tomada na área da saúde".
"Ainda ressaltamos que o Simers tem demonstrado não levar em conta o interesse público de 1,5 milhão de habitantes da Capital, mas somente de uma categoria. Este sindicato está atuando em clara retaliação pela secretaria não privilegiar a categoria que ele representa", afirma a SMS.
Para a secretaria, as afirmações do dossiê "não condizem com a verdade", prejudicando o processo de qualificação do atendimento ao paciente e gerando incertezas para a população de Porto Alegre. Ao final do texto, a SMS promete, para a próxima semana, divulgar as respostas de todas as informações registradas no relatório.