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Com chuva e calor, Estado alerta para risco de dengue
Secretaria da Saúde confirma uma contaminação autóctone; 47 ocorrências estão em investigação
As condições climáticas no Rio Grande do Sul não poderiam ser mais propícias para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya e zika vírus - altas temperaturas e muitas ocorrências de chuva. Por esse motivo, os órgãos de Vigilância em Saúde têm reforçado o combate ao inseto e alertado a população para tomar pedidas preventivas à infestação, como acabar com os focos de água em vasinhos de plantas e ralos, por exemplo.
No último informativo epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (SES), referente à semana entre 13 e 19 de janeiro, quatro casos de dengue tinham sido confirmados no Rio Grande do Sul, sendo três importados (contraídos em outros estados) e um autóctone (contraído em solo gaúcho). O caso autóctone foi registrado em Panambi. Os importados atingiram moradores de São Luiz Gonzaga e Sete de Setembro. Outras 47 ocorrências estavam em investigação.
Entre o final de fevereiro e o início de março, está prevista publicação de um novo Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) e um novo Levantamento de Índice Amostral (LIA). O último publicado, no final de novembro, apontou 319 municípios gaúchos com algum tipo de infestação (ou seja, com alguma armadilha detectando larvas do mosquito nos 12 meses anteriores), sendo 93 deles com infestação considerada em situação de alerta ou risco alto (quando a presença de larvas do inseto foi verificada em pelo menos 1% dos imóveis vistoriados).
Na semana passada, o governo do Estado anunciou um repasse superior a R$ 2,4 milhões para o combate à infestação do Aedes aegypti em 232 cidades. O aporte de recursos visa o fortalecimento da área da saúde no período de veraneio, em municípios impactados pelo crescimento populacional e consequente aumento na demanda por serviços de saúde durante o verão.
Segundo a bióloga do Programa Estadual de Vigilância e Controle do Aedes na SES, Carmen Gomes, apesar de ainda não haver nenhum caso confirmado de dengue, chikungunya ou zika no Rio Grande do Sul em 2019, ainda é preciso ficar em alerta, pois normalmente os casos começam a aparecer entre março e abril, após o período de deslocamento das pessoas para estados onde há mais risco de contágio, durante as férias, e um período de incubação da enfermidade.
"Esta é uma época na qual temos que ter uma atenção maior, porque é quando o mosquito se prolifera mais. Então, tendo o vetor, tempos mais risco de ter a circulação viral", explica Carmen. A servidora explica que o mosquito existe o ano inteiro, mas em épocas de chuva e calor tem mais condições de se reproduzir. Por esse motivo, a Vigilância em Saúde do Estado busca fazer a prevenção o ano inteiro, a fim de chegar ao verão com uma transmissão mais baixa. O trabalho das equipes das prefeituras consiste em fazer vistorias em estabelecimentos e residências, para eliminar possíveis criadouros do mosquito.
Carmen recomenda uma vez por semana esvaziar vasos de flores, manter o ralo coberto e esvaziar os receptáculos de plantas como a bromélia, cujas folhas são duras e acumulam água. Os demais recipientes devem receber o destino correto, sendo cobertos ou furados. "O importante é não mantermos nenhum tipo de depósito, para não acumular água", indica a bióloga. Conforme ela, ao contrário do mosquito normal, que circula mais no final da tarde, o Aedes aegypti pousa mais durante o dia.
Prefeitura de Porto Alegre aumenta o número de armadilhas contra o mosquito transmissor
Em Porto Alegre, a prefeitura ampliou o sistema de monitoramento do Aedes aegypti, aumentando de 1.362 para 1.434 o número de armadilhas contra o mosquito. Os equipamentos, instalados em residências e estabelecimentos de diversos bairros da cidade, capturam larvas do inseto e são verificados semanalmente. O resultado da observação de cada armadilha é inserido em um mapa no site http://ondeestaoaedes.com.br/.
"O sistema de monitoramento nos permite estar alguns passos à frente na detecção da circulação sustentada do vírus. Ele permite que, semanalmente, avaliemos os mosquitos capturados e se há vírus no inseto, evitando que só saibamos da existência do Aedes contaminado quando já há pacientes doentes", explica o coordenador-geral da Vigilância em Saúde da Capital, Anderson de Lima.
Esse sistema existe desde 2012 e ganhou força nos últimos dois anos. Além das 1.434 armadilhas já instaladas, a prefeitura conta com 54 de reserva, para serem colocadas em bairros onde não há monitoramento permanente, em caso de registro de alguma ocorrência nos locais. O sistema também permite a destinação de serviços na área da saúde para a região correta da cidade.
Para Lima, como as informações sobre a proliferação do Aedes estão disponíveis para todos, em um site de domínio público, a população deve fazer sua parte e consultá-lo, fazendo a prevenção sem aguardar a visita dos agentes de saúde. "Pode parecer batido, mas eliminar os focos de água é a única maneira de prevenção. O combate ao mosquito é perene e deve ocorrer ao longo do ano todo", alerta.
O coordenador-geral da Vigilância em Saúde conclama a população, ainda, a receber os agentes de saúde em sua casa. "Em alguns bairros, as pessoas têm medo de violência e desconfiam que o agente possa, na verdade, ser um bandido, mas eles estão sempre identificados e a informação sobre a visita pode ser confirmada pelo telefone 156", assegura. Ao identificar a doença no mosquito antes de este infectar alguém, a prefeitura pode tomar medidas como aplicar inseticida e larvicida na região, para evitar o contágio.