O Rio Grande do Sul lidera a recepção de refugiados venezuelanos no Brasil, segundo o Ministério de Desenvolvimento Social (MDS). Este mês chegarão 646 venezuelanos ao Estado. Já ingressaram desde quarta-feira (5) 125 imigrantes do país que já estão alojados em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).
Os demais desembarcarão entre os dias 12 e 13 deste mês e também serão colocados em Canoas e Chapada, informou o ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, que veio junto no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que desembarcou em Porto Alegre com o grupo na noite de quarta. No País, a chamada interiorização de refugiados que deixam a Venezuela devido à crise econômica e instabilidade política soma até agora 1,3 mil pessoas enviadas a diversos estados e Distrito Federal.
O ministro atribui a liderança na recepção dos refugiados ao perfil de formação étnica do Rio Grande do Sul, que e formado por descendentes de ondas migratórias desde o século 19, como de italianos e alemães, que foram as maiores. "Muitos antepassados vieram fugindo de guerras, pobreza e fome. Além diss, a bandeira do Estado tem o lema humanidade, liberdade e igualdade. A humanidades fala mais alto e o povo gaúcho está demonstrando isso", avalia Beltrame, que é gaúcho. Por essa condição, o titular do MDS descartareação negativas de gaúchos pela concorrência dos estrangeiros às vagas de emprego.
"Não vai ter reserva de mercado para ele (venezuelanos). Eles vão disputar vagas em igualdade de condições. Vão conseguir pelas aptidões e qualidades", garante o ministro, que cita exemplo de oferta de um empresário em Esteio. "Ele veio oferecer cinco vagas de padeiros, pois não se consegue este tipo de profissional na cidade."
Na primeira leva, vieram apenas homens, a maioria com nível de escolaridade Superior e Média. Apenas sete deles não completaram o Nível Médio, observou Beltrame. "Eles têm elevado nível cultural e escolar. Nossa prioridade número um é conseguir trabalho para eles", destacou o ministro. Beltrame descreveu como de muita emoção a vinda, com saída de Roraima, principal porta de entrada no Brasil, e a chegada. "Muitos deixaram parte ou a família inteira e chegam com a esperança e sonho com a perspectiva de futuro melhor para trazer o restante dos familiares", descreve o titular do MDS.
Na chegada a Esteio, houve jantar para a recepção, onde os refugiados receberam vestuários doados por uma empresa. Os grupos vão ficar em imóveis alugados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). São dois em Esteio (apartamentos com quatro a cinco quartos por quarto) e três em Canoas (estilo flats com duas camas cada). A prefeitura de Chapada ofereceu mais 50 vagas.
No dia 12, chegam mais 200 venezuelanos, no dia 13 outros 200 e até 27 de setembro deve se completar o número de 646. O ministro espera que mais prefeituras queiram acolher os imigrantes. Entre os atrativos para isso, estão recursos para que sejam feitas melhorias em serviços que atenderão os refugiados. Canoas está recebendo R$ 1,2 milhão e Esteio, R$ 500 mil. São verbas do MDS. As administrações municiais podem buscar informações pelo e-mail
[email protected].
Vagas já começam a ser ofertadas
Beltrame acompanhou venezuelanos na chegada ao Rio Grande do Sul. Foto: Clarice Castro/MDS
O ministro diz que já foram ofertadas diversas vagas de trabalho aos recém-chegados, que terão cadastro no sistema do governo federal e também serão inscritos em órgãos de oferta de emprego locais. "A ideia é preparar em currículo sumário para colocar no site do ministério e da prefeitura. Já há ofertas de empresas que buscam os venezuelanos. Aqui estão engenheiros, advogados e técnicos em diversas áreas, como agronomia", comenta Beltrame. "A ideia é colocá-los em uma vaga o mais rápido possível. Tem muita oferta já."
O MDS explica que o governo não repassa recursos financeiros aos refugiados. Eles têm casa, comida e apoio como curso de português e possiblidade de colocação no mercado. A alimentação é bancada pelo governo federal, e quem distribui é o Exército. A Associação Antônio Vieira (Asav), responsável pela gestão de recursos que oriundos da Acnur em Esteio, repassou R$ 170,00 para cada venezuelano - o valor será passado por três meses para custos mensais.
O prazo de permanência nos alojamentos é previsto em seis meses. Beltrame iz que a maioria consegue emprego antes, de três a quatro meses. "É importante que eles possam deixam os locais para liberar vagas para outros que vão chegar."