Com seu aumento populacional, a Tristeza tem se destacado na área gastronômica. Padarias e cafeterias se espalham pelas ruas próximas ao Guaíba

Negócios criados no bairro Tristeza puxam o crescimento da zona sul de Porto Alegre


Com seu aumento populacional, a Tristeza tem se destacado na área gastronômica. Padarias e cafeterias se espalham pelas ruas próximas ao Guaíba

O bairro Tristeza não tem nada de triste. Quem circula pela região da Zona Sul de Porto Alegre percebe a chegada de muitos novos negócios que já operavam em outras áreas da cidade. A impressão é que tudo que dá certo na Capital também abre uma unidade por ali.
O bairro Tristeza não tem nada de triste. Quem circula pela região da Zona Sul de Porto Alegre percebe a chegada de muitos novos negócios que já operavam em outras áreas da cidade. A impressão é que tudo que dá certo na Capital também abre uma unidade por ali.
Há, ainda, diversas marcas tradicionais que sobrevivem ao tempo e atraem turistas conterrâneos. A Tristeza é um celeiro dos chamados "negócios-destinos". Ou seja, pontos comerciais que são verdadeiras experiências e que valem a visita, independentemente da origem da clientela.
Com seu aumento populacional, a Tristeza tem se destacado na área gastronômica. Padarias e cafeterias se espalham pelas ruas próximas ao Guaíba.
Os empreendedores percebem a relação afetiva dos moradores com os negócios. Cada marca que chega é celebrada pela vizinhança, pouco acostumada a ter tanta variedade ao alcance dos pés.
Por muito tempo, foi um bairro dormitório, já que o polo comercial se concentrava em regiões centrais. Pois esse cenário vem mudando.
A Tristeza, que é um local com um passado ligado ao empreendedorismo rural, passa por uma modernização e se encaminha para um futuro promissor. 

A história do bairro da ZS

Vinícius Mitto, professor e arquivista que apresenta uma série sobre a história dos bairros de Porto Alegre no @cartaotri e no @bahguri.rs, conta curiosidades sobre a Tristeza:
"A origem do nome do bairro vem do antigo chacareiro da região, José da Silva Guimarães, o Tristeza, reconhecido como um dos primeiros moradores, ainda no século 19. Em 1896, o imigrante Joseph Winge iniciou a produção de frutas e uma pequena criação de animais. Anos mais tarde, foi fundada uma das primeiras floriculturas do Brasil, presente no bairro até os dias atuais. Em meados de 1900 foi instalado o terminal da Tristeza da Ferrovia do Riacho, que transformou a vida da região com a venda de muitos lotes e construção de chalés de veraneio. A chegada da luz elétrica em 1923 foi comemorada na Tristeza, onde Dr. Mário Totta patrocinou a comemoração conhecida como 'enterro do lampião'."
 

Machry foi um dos primeiros negócios a atrair clientes à Tristeza

Se tem um negócio que representa o bairro Tristeza, na Zona Sul de Porto Alegre, é o armazém Machry, que funciona na rua Armando Barbedo desde 1988. O estabelecimento é destino para famílias de diversas regiões da cidade em busca da famosa torta banoffe, das cucas ou dos chás, que fazem as tardes de inverno mais aguardadas.
Ao entrar no local, os olhos se perdem entre pães, bolachas, queijos, iogurtes e uma infinidade de produtos. Por conta da pandemia, o espaço de delivery acabou gerando uma reconfiguração na estrutura, o que diminuiu as prateleiras dos itens de decoração. É que a demanda por receber os quitutes em casa aumentou muito nos últimos dois anos, e exigiu essa adaptação.
Estão à frente da marca as irmãs Ilse e Iara Machry, empreendedoras e moradoras da Zona Sul. Mas tudo começou com a mãe delas, Carmen.
O primeiro negócio da família foi um restaurante no Morro do Sabiá, que oferecia também café colonial. As coisas foram dando certo para Carmen e o marido, José, até que ela entrou na meia idade e começou a se questionar sobre certas escolhas. Passou a fazer yoga e decidiu estudar o ramo de alimentação natural.
Como a Tristeza estava em ascensão no fim dos anos 1980, com a chegada de muitas agências bancárias, teve a ideia de abrir um restaurante no miolo do bairro.
"Bombou. Minha mãe servia quase 300 almoços por dia", lembra Ilse, dizendo que o primeiro Machry foi do outro lado da rua, onde até pouco tempo funcionava uma revenda da Hering.
Já que as coisas iam bem, Carmen e José decidiram comprar, em 1990, o terreno onde agora funciona o Machry. Enquanto o novo estabelecimento era construído, Carmen faleceu em um acidente.
As irmãs, bastante novas na época, tiveram de assumir a empreitada. Ilse tinha 24 anos, mas já havia trabalhado com hotelaria e gastronomia fora do País. "Com público muito fiel, as pessoas nos acolheram", conta Ilse, que agora tem 57. Por seis anos, foi um solavanco, descreve.
O Machry como é atualmente se formou a partir da demanda do público. As opções continuaram sendo saudáveis, mas sem radicalismos.
Uma das criações que virou "assunto", como afirma, foi a linha de bolos de final de ano, com receitas doadas por clientes. "Vimos que os bolos precisavam ir em cestas e, assim, o que saía daqui ia para o outro lado da cidade", descreve. E a marca ficava cada vez mais conhecida, misturando as produções culinárias com canecas ou outros adereços.
Ilse aprendeu a receita da banoffe, que virou tema de reportagens de jornais, com um colega durante suas aulas de italiano. Ela provou e a incrementou. "Fiz um chantilly mais leve, dei uma repaginada", explica. A empresária acabou tendo de apresentar o segredo até em programas de TV.
O Machry, avalia, apresenta "queridices" à clientela constantemente. Entre os frequentadores, há celebridades como o cantor Lulu Santos, que virou amigo de Iara e adorou o que encontrou no local.
"Temos um conceito caseiro despreocupado. Levou muito tempo para ganhar forma de negócio, pois existe uma relação muito afetiva com as pessoas", analisa Ilse.
Operando há 33 anos, o Machry faz parte da história da Tristeza, seja entre os que frequentam o número 257 da Armando Barbedo ou entre os que degustam a produção no aconchego do lar. O gostinho de lembrança de momentos com avós ou amigos integra a lista de ingredientes.

Novo espaço reúne cafeteria e loja de decoração

No limite dos bairros Tristeza e Vila Assunção, na Zona Sul de Porto Alegre, uma charmosa casa da avenida Copacabana ganhou uma nova operação. Há dois meses, o Espaço Bossa abriu as portas no número 731 da via, unindo, em um mesmo local, duas operações: cafeteria e loja de decoração.
Quem está à frente do negócio é Deborah Hoffmeister, moradora do bairro Tristeza. Formada em Educação Física, ela conta que chegou a cogitar empreender na área, mas depois começou a trabalhar com eventos, idealizando experiências para marcas. Foi dessa vivência que surgiu a ideia do que hoje é o seu negócio. "Eu trabalhava muito com potencialização de marcas dentro dos eventos. Então, a minha ideia foi lançar uma marca e criar uma experiência. Tudo é pensado, desde o uniforme das meninas, a iluminação, até a música, para a pessoa ter uma experiência aqui, e não só consumir alguma coisa na loja ou no café. Digo que é um entretenimento comercial. Claro que o objetivo é sempre comprar e consumir, mas se a pessoa vier passear e tiver uma boa experiência já estamos com ganho", garante a empreendedora.
Para dar vida ao projeto, Deborah conta com a ajuda da amiga Ali Druzian, responsável pela curadoria dos itens que compõem a loja de decoração. "Sempre gostei muito de receber em casa, é algo que vem da minha família. E a minha casa é muito enfeitada, as minhas amigas diziam que parecia uma loja. Me perguntei: 'por que não ter uma loja, que é uma casa, onde as pessoas possam comprar e eu possa receber?'. A ideia aqui é ser um lugar de acolhimento, onde trocamos ideias, ouvimos e compartilhamos histórias", diz.
Desde que começou a estruturar o projeto, a única certeza era de que estaria alocado na Zona Sul. Orgulhosa, Deborah acredita que a região é a melhor para se morar na Capital e, por isso, merece ter negócios à altura.
"Sempre quis investir na Zona Sul. Precisa ter coisas legais por aqui, porque é, para mim, a melhor zona da cidade, e a Tristeza, o melhor bairro. Só que não é valorizado. Todo mundo pensa 'ah, aqui não vai dar certo, vou abrir lá no Moinhos, na Bela Vista'. Aí, ninguém abre nada aqui porque acha que não vai dar certo", relata a empreendedora, que pensa totalmente diferente dessa máxima. "Quero primeiro ser bem vista e bem quista no bairro e depois ir expandindo cada vez mais", projeta.
O espaço opera de segunda-feira a sábado, das 10h às 19h, e conta com uma área externa, que pode ser locada para eventos privados. Deborah acredita que as duas operações que ocupam a casa chegam para atender brechas. "Faço muitas coisas por aqui: academia, cabeleireiro, a minha vida toda. E sentia falta de ter, primeiro, uma loja de presentes, de decoração, porque não achava nada legal, tinha que ir no shopping. Eu gosto dos outros cafés da Zona Sul, mas todos falhavam em alguma coisa, e eu queria que fosse um lugar que tivesse a parte interna e externa agradável, que o atendimento fosse a prioridade. Que o cardápio fosse bom, não precisava ter 20 mil tipos de doces e salgados, mas tudo que tivesse fosse saboroso", conta. O carro-chefe, revela, é a avocado toast, comum em São Paulo, onde passou um período.
"Trouxe muito a cultura dos bairros que eu mais circulava por lá, que era Vila Madalena, Pinheiros e Perdizes", detalha a empreendedora, que segue indo à capital paulista para garimpar.

Padaria que conquistou o Moinhos de Vento e a Cidade Baixa chega à Tristeza

A Massa Madre, padaria de fermentação natural que opera desde 2017 no bairro Cidade Baixa e desde 2019 no Moinhos de Vento, chegou à Zona Sul de Porto Alegre no dia 3 de maio. O endereço escolhido foi a avenida Wenceslau Escobar, nº 1.569, entre a Vila Assunção e a Tristeza. Além dos pães, o carro-chefe da nova unidade tem sido os croissants.
Rodrigo Escobar, 40 anos, diz que a loja tem a missão de levar a marca a um novo patamar. Além dos pães, quer se firmar como cafeteria. Por isso, há três ambientes para receber o público, com mesas na área interna e um pátio.
A história do empreendimento é contada através da decoração. As formas dos pães que estavam em uso foram penduradas nas paredes por sugestão do arquiteto. O primeiro avental que Rodrigo vestiu em casa também está enquadrado e à mostra. Ao lado do caixa, duas receitas escritas à mão ganharam molduras: a do bolo de milho e a do pão de cereais.
Os produtos vendidos na Wenceslau são finalizados na própria operação, mas a maioria da fabricação segue centralizada no Moinhos de Vento. A massa dos pães da Massa Madre, que significa fermento natural em espanhol, leva cerca de 30 horas para ficar pronta. O nome do local ainda carrega outros simbolismos. Quando Rodrigo decidiu que seguiria no ramo dos pães, pediu para a mãe (madre) a receita da família. Fechou todas.
Antes de empreender, Rodrigo trabalhava no banco Sicredi. Em busca de uma alimentação mais saudável, ao se deparar com a quantidade de ingredientes dos pães de sanduíche que encontrava nos supermercados, começou a colocar a mão na massa. O hobby foi virando negócio quando decidiu oferecer aos colegas do escritório e pelo Facebook, a partir de 2014. "Meus amigos que vêm aqui hoje lembram de quando eu levava as sacolinhas para a empresa e sabem que fazem parte disto", orgulha-se o empreendedor que agora produz cerca de 6 toneladas de pão por mês.
Quando as coisas começaram a dar certo, a esposa, Veridiana Rodrigues, que também trabalhava no Sicredi, juntou-se a Rodrigo. Os dois, que moram no São Geraldo, percebem que a Tristeza tem o que sempre sonharam para o empreendimento: consumo de bairro. Dizem que pais chegam com filhos na loja em busca de lanches. Além da receita da mãe, Rodrigo pesquisou muito na internet e fez um curso de 60 dias em São Paulo, sendo 30 deles como estagiário em uma padaria. Serviu como um laboratório. Embora o projeto tenha crescido, ele diz que sua ideia não surgiu com essa pretensão. "Sempre pensamos no pão, no processo primeiramente. Isso que sempre nos motivou. O negócio foi uma consequência", ressalta. Sobre o croissant, que tem conquistado a Zona Sul, Rodrigo lembra que se trata de algo totalmente diferente da visão que se tem do quitute. Embora grande, ele pesa 75g. "Usamos uma fermentação mista por 24h. A massa fica muito leve e crocrante", descreve.

Mineiro aposta na Zona Sul para expandir padaria artesanal

As ruas arborizadas e a proximidade com o rio foram alguns dos fatores que levaram o mineiro Matheus Vimieiro, 32 anos, a abrir o seu negócio na Zona Sul. O Ateliê Vincent fica no número 800 da Copacabana, avenida que faz jus ao encanto de Matheus pela região. Em uma cozinha envidraçada, no segundo andar do ateliê, ele produz itens de fermentação natural, como pães, croissants e pizzas - e enxerga os atributos que lhe conquistaram no bairro Tristeza enquanto trabalha.
Morando em Porto Alegre há oito anos, o caminho de Matheus de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul não foi direto. A primeira parada aconteceu em Santa Catarina, enquanto estudava Gastronomia.
Lá, conheceu a ex-esposa e, assim, veio parar na capital gaúcha. Inicialmente, sua carreira era voltada para a alta gastronomia. Com a chegada do filho, Vicente, ele recalculou a rota. "Minha ex-esposa engravidou e eu fui mais para casa, saí do restaurante que trabalhava. Nesse processo, comecei a me interessar por fazer pão. Comecei a padaria em casa, tentando vender em umas feiras. Foi uma questão circunstancial de fazer alguma coisa rentável, poder estudar e aprender um pouco mais e ficar com o meu filho", conta o empreendedor, que começou a se interessar pelos pães durante uma experiência internacional.
"Fiz um estágio na França e lá tive uma relação maior com o produto. Eles têm uma cozinha muito autêntica. Comecei a provar pão, queijo, coisas que têm um envolvimento maior com a cadeia produtiva. Quando voltei, passei a fazer pão, que na época era um tópico emergente. Estavam abrindo muitas padarias que agora são referências, e viraram nossas vizinhas", lembra Matheus, referindo-se à Massa Madre.
O projeto ganhou seu primeiro espaço físico há quatro anos, em um galpão na avenida Pereira Passos dedicado à modalidade pegue e leve. Há um ano, chegou ao novo endereço na avenida Copacabana, o que trouxe mais visibilidade para o negócio.
"Fomos começando bem aos pouquinhos mesmo, e agora conseguimos vir para esse ponto e está sendo mais visível. Comecei a produção só eu e a Dona Maria, que era uma senhora que me ajudava. Agora, estamos organizando uma equipe. Estou mais responsável pela produção com o Tomás, temos uma estagiária e duas atendentes na loja", orgulha-se Matheus.
Os carros-chefes do negócio são os croissants "bem folhados e bem amanteigados", garante, e o pão ciabatta. As pizzas no estilo napoletana também são uma grande aposta do negócio e são servidas nas quintas, sextas e sábados, das 18h às 21h. Nas terças e quartas-feiras, o ateliê opera das 9h às 19h30min. "Fazemos uma pizza com uma fermentação longa, no mínimo 42 horas. O pessoal pega para levar, mas temos a ideia de servir aqui. Estamos instalando o deck para isso", conta.
Morador do bairro, Matheus revela que adora a Zona Sul e o vínculo que criou com os moradores da região, mesmo antes de ter um ponto físico, quando vendia seus pães em feiras. "Sempre morei por aqui e sempre gostei muito da Zona Sul, porque tem toda essa coisa mais ecológica, arborizada, com o rio perto. Todo mundo me perguntava por que abri aqui e não na Zona Norte, mas eu só conhecia essa parte da cidade e é a região que eu gosto. Adoramos a clientela daqui, mas tem gente que vem dos bairros mais pertinhos, como o Menino Deus. E, às vezes, vira um ponto de visita, com clientes vindo de São Leopoldo, Canoas", relata o empreendedor, que enxerga com bons olhos a chegada de novas padarias ao bairro.
"Acho que não temos que pensar na gente, mas pensar como serviço. A Zona Sul como um todo está ganhando. Tem padaria de fermentação natural, pizzarias com qualidade, agora vai abrir uma cervejaria aqui na rua, temos o Al Nur como vizinhos, atrás da gente é o Severo. Fica muito legal e vira um polo, uma região de se consumir produtos gastronômicos", percebe.
À espera do segundo filho, Enrico, Matheus enxerga que o diferencial do ateliê é a dedicação ao espaço e aos produtos que são feitos ali.
"Temos só essa casa, trabalhamos para ela. É uma rotina difícil, a equipe é pequena, e nos esforçamos para fazer o melhor com processos e dedicação para servir alguma coisa que emocione as pessoas. Na França, o pessoal fala maison, que é a casa onde se fabrica. É interessante pensar em maximizar a venda, mas estamos falando de uma coisa mais natural, mais voltada para o processo, então é interessante que as pessoas venham nos visitar e conheçam o que propomos. A ideia não é ser muito atacadista, é ser mais artesanal", pontua.

Floricultura resiste há 135 anos e se torna atração turística em Porto Alegre

A Winge, que é uma das floriculturas mais antigas do Brasil, com mais de 135 anos, já se tornou atração turística do bairro Tristeza. Administrada por membros da quinta geração da família que dá nome ao negócio, é um complexo que reúne cafeteria, armazém e quadras de beach tênis. "Nos enxergamos como um espaço de saúde", define a psicóloga Gabriela Winge, 32 anos, filha do atual comandante do local, de 30 mil metros quadrados, Walter Luiz Winge.
Passando por um processo de sucessão no negócio, Gabriela diz que a maioria dos jardins das casas do bairro foi ornamentada com produtos da Winge. Mas a história, que começou com seu tataravô alemão, em 1896, surgiu com um objetivo diferente. Joseph Winge, atraído pelo clima ameno que a proximidade do terreno com o Guaíba gerava, instalou a propriedade para plantar videiras e pessegueiros. Ele ajudou, inclusive, a fundar a Cooperativa dos Produtores Rurais da Tristeza.
"Antigamente, era viveiro de plantas. Aos poucos, nos tornamos um garden center. Hoje, não plantamos e não cultivamos nada aqui. Só comercializamos", compara Gabriela, que afirma ser difícil haver dentro de uma região metropolitana um local com uma estrutura tão grande.
Por essa característica, é comum ver pessoas dos mais diferentes extremos de Porto Alegre aproveitando a Winge, que fica na rua Dr. Mário Totta, nº 963, como se fosse um parque. Levam filhos para darem alimentos aos peixes e para apreciarem o banho de sol das tartarugas, além de ter contato com as diversas flores e árvores frutíferas.
Gabriela lembra que o Café & Prosa, presente há cerca de 15 anos no complexo, ajudou muito a atrair novos frequentadores.
"Ele funciona com o slogan de slow food, que é para sentar e curtir o espaço", explica, salientando que todas as operações que funcionam aliadas à Winge ajudam a manter a estrutura e reforçam o conceito de ser um centro de bem-estar.

Academia de crossfit visa suprir demanda dos donos e da vizinhança

Foi por uma necessidade pessoal que os praticantes de crossfit João Pedro Lisboa, Diego Mucelin e Denis Martins dos Santos abriram, recentemente, a Nexum, na rua General Rondon, nº 543, no bairro Tristeza, em um pavilhão de 450 m². Os dois porto-alegrenses e o capixaba, respectivamente, sentiam falta de um local amplo para a prática do esporte nas redondezas.
A história do projeto surgiu com base nos propósitos de promover saúde e qualidade de vida. "Depois da pandemia, houve uma migração de pessoas buscando um estilo de rotina diferente. Esse grande fluxo traz diversos moradores do bairro para o nosso box. A escolha de operar na Tristeza foi uma união de fatores, que é o cerne de onde tudo está acontecendo", explica João Pedro.
De acordo com o empreendedor, a maioria dos alunos são curiosos. "Estamos numa área de trânsito no coração da Tristeza, que é caminho para os habitantes do bairro. Tivemos uma boa aceitação e a maioria dos inscritos não é praticante, mas pessoas animadas em sair do sedentarismo", interpreta o empresário.
A ideia é que a Nexum passe a mensagem de que o esporte é para todos. "O principal motivo do crossfit ganhar essa divulgação é que ele foi quebrando barreiras. Além de ser 100% inclusivo, a comunidade é muito forte. É possível criar amigos, turmas e derrubar paradigmas em uma aula", afirma o empreendedor, que também atua em outro ramo. Denis, por outro lado, foca no crossfit, até porque já trabalhava como treinador antes da Nexum.
As aulas são coletivas, mas as cargas individuais variam de acordo com cada perfil. Para João Pedro, o diferencial do crossfit é o dinamismo. "Trabalhamos três pilares: ginástica, levantamento de peso e capacidade aeróbica. Todos os dias, proporcionamos um novo treino e isso é completamente diferente de uma academia tradicional", conta. Com horários de segunda a domingo, os planos variam entre R$ 230,00 e R$ 380,00.

Marca de óculos pintados à mão ganha loja física na avenida Copacabana

Unindo a experiência no segmento de ópticas e o apreço por arte, Angra Ornel Brilhante criou a Pop! Óculos Diferentes. A marca, que surgiu há dois anos, conta com armações pintadas à mão, comercializadas em uma loja no bairro Tristeza.
A inspiração para começar a personalizar os óculos veio da artista belga Ronit Furst, conta a empreendedora. Por trabalhar há 15 anos com óptica, Angra percebia que as opções com valores mais acessíveis eram as mais básicas, dificultando para as clientes conciliarem estilo e custo benefício.
"Sempre foi aquela questão das pessoas, principalmente as mulheres, quererem algo colorido e simplesmente não ter. Na função de pintar telas, nos inspiramos em uma artista belga que pinta armações. Não tem nenhum tutorial dizendo como pintar, levamos um ano e meio para chegar no acabamento que temos hoje. É a mesma tinta da indústria, com o mesmo acabamento", conta Angra, destacando que um dos seus objetivos é ter um preço mais competitivo.
"Nas ópticas tradicionais, o que tem de diferente são as marcas internacionais, e aí tem um custo bem mais alto. A nossa proposta é ter óculos exclusivos, dentro de uma média razoável de valor", garante.
Atuando em um mercado bastante tradicional e encarando a concorrência das grifes populares vendidas pela internet, Angra enxerga a sua empresa no meio do caminho entre essas duas frentes. "Estamos em um nicho muito específico. Mulheres, a partir de seus 40 anos, que já tem uma vida profissional estabelecida, que querem algo no rosto para trazer uma marca. O pessoal da óptica tradicional não vem nos procurar, e quem compra óculos da internet é o pessoal mais jovem. E nós pegamos uma outra fatia de mercado", pontua.
Os óculos da Pop! partem de R$ 199,00 e chegam a R$ 599,00. Com opções de grau e de sol, é possível personalizar o modelo da armação e a pintura. Usando sempre muitas cores, Angra conta que o nome é, justamente, uma referência a um movimento artístico. "Quem chega aqui vai ver um monte de telas, porque gostamos muito de arte, de cor. O nome é Pop!, de PopArt, dando referência à arte mesmo", explica.
A marca, que surgiu primeiro online, com vendas pelo Instagram (@pop.oculosdiferentes) e atendimento à domicílio, tem, desde outubro de 2021, um ponto na avenida Copacabana, nº 580, na zona sul de Porto Alegre. "Começamos junto com a pandemia, até que surgiu a necessidade das pessoas irem ao local. Aqui era a garagem da minha sogra. Reformamos e começamos a fazer o atendimento com agendamento", lembra Angra, que agora recebe, também, os moradores do bairro.
"Comecei a trabalhar em loja no Strip Center há 15 anos. Era um polo, e, quando fechou, deu uma boa baixada no movimento na Tristeza. Agora, o comércio está se renovando. Aqui na nossa rua mesmo tem nós, que somos novos, tem uma padaria, e o Bossa, que é um espaço superlegal. Está voltando com novas opções, mais modernas de atendimento, e trazendo um pouco mais de exclusividade para o cliente", percebe a empreendedora sobre o bairro.
Além disso, Angra ressalta que as moradoras da região têm muito a ver com o seu público-alvo, o que ajuda o negócio a prosperar.
"O pessoal passa aqui na frente, entra para conhecer, e se surpreende. Fala que não sabia que tinha uma coisa tão diferente por aqui. São pessoas na faixa etária mais ou menos do meu público. Preparamos esse lugar para ser o mais aconchegante possível para fugir daquela coisa de óptica convencional. Estamos tentando trazer um novo conceito", afirma Angra, que mora na Cavalhada, outro bairro da Zona Sul.

Bar da Zona Sul oferece música ao vivo todos os dias

José Carlos de Azevedo, 52 anos, e Carolina Barcellos, 51, que se conhecem desde a infância, estão à frente do Skobar, espaço aberto no Shopping Paseo Zona Sul, na avenida Wenceslau Escobar, nº 1.823. O bar abriu as portas em novembro de 2021, e contou com um terceiro sócio fundador, o amigo do casal Marcelo Rospide, que não participa mais da operação.
"Três amigos se uniram para criar um lugar onde as pessoas possam celebrar, curtindo um som ao vivo e a cores. Aqui, nós oferecemos uma experiência única, sempre com a missão de ser um espaço para confraternização", declara José, mais conhecido pela clientela como Zé.
A escolha do local foi pessoal para os empreendedores: ambos nasceram e cresceram na região. E, após o difícil período de pandemia, acreditaram que a comunidade necessitava de um ponto de encontro.
O grande diferencial do Skobar, conforme a dupla, é a música ao vivo, atrativo que faz parte da agenda diária do espaço.
"No sábado, temos feijoada com samba a partir das 11h, e nas terças temos o dia delas com música ao vivo e karaokê", detalha. O local também realiza aniversários, encontros corporativos e outros eventos.
Com capacidade interna para 60 pessoas, a casa oferece pizza, petiscos, chope e outras bebidas. No inverno, o cardápio se expande e passa a contar com sopas quentes.