Filho de pais gaúchos, de Carlos Barbosa, Roberto Zagonel, 55 anos, construiu a maior empresa da região Oeste de Santa Catarina. A Zagonel, que fabrica chuveiros, torneiras e soluções de iluminação, emprega 750 pessoas em cinco unidades e faturou R$ 200 milhões em 2021. A expectativa é atingir faturamento de R$ 1 bilhão em 2029, quando o negócio completa 40 anos. O empreendedor sempre destaca em suas palestras que nunca cursou uma faculdade e seus acertos surgiram das oportunidades que soube identificar.
O destino indicava que Roberto devia ser agricultor, assim como o pai. Mas, como ele mesmo diz, não deu para a coisa. Essa constatação ficou ainda mais latente após um episódio envolvendo uma vaca e ao colidir a Brasília da família humilde. Quis achar um novo caminho após a história traumática. “Eu estava ordenhando as vacas e uma delas pisou no balde. Fiquei nervoso, peguei uma pá para soltar e acabei batendo muito forte”, lembra. “Vi que tinha que estudar”, afirma.
Roberto, então, passou a fazer um curso técnico no Senai. Não havia as facilidades da tecnologia de hoje, mas se achou nos livros. Até que um amigo, que morava em uma pensão, se queixou que o chuveiro elétrico do local estava muito quente. Naquela época, só havia os níveis “desligado”, “inverno” e “verão”.
Visionário, Roberto criou um chuveiro eletrônico, com variação de temperatura, inexistente no Brasil. A tecnologia, lançada por ele em 1991, hoje gera conforto e foi adotada por outras marcas. Rendeu-lhe, inclusive, um prêmio de inventor inovador. Ele recorda que, antes de sua ideia, as pessoas tinham medo de levar choque ao mexer no botão do item.
“Fabricar um chuveiro em Pinhalzinho, que era distante dos grandes centros, foi um desafio muito grande”, revela.
Roberto teve de lidar com a descrença da possível clientela, que não acreditava ser possível tal modernidade. Lojistas lhe davam não de cara. O jeito foi achar pessoas que aceitassem que o empreendedor instalasse a novidade por 30 dias com a promessa de que trocaria a peça caso não se adaptassem. “Tinha que provar cliente por cliente. E foi indo”, narra.
O Rio Grande do Sul é um dos principais mercados da Zagonel: trata-se do segundo estado consumidor de chuveiros da marca, atrás apenas do Paraná. Já no setor de iluminação, lidera. Esse ramo, aliás, surgiu, entre outros motivos, quando seus concorrentes, como Lorenzetti e Hydra, começaram a brigar entre si e tornar as condições difíceis, inclusive de preço, de serem acompanhadas por sua empresa.
Ao se sentir ameaçado, e por já ter maquinário e know-how, decidiu explorar o nicho de lâmpadas. Sua fábrica, garante, é a única do Brasil com produção 100% nacional do segmento. Atualmente, o faturamento se divide entre os dois braços e os negócios crescem 40% ao ano.
“Fui quebrando paradigmas. Meus amigos não acreditavam em mim. Nenhum quis se associar ou comprar parte do projeto. Hoje somos a maior empresa de Pinhalzinho”, avalia ele, que recentemente foi palestrante no Instituto de Estudos Empresariais (IEE).