Com o crescimento do TikTok e do formato popularizado pela rede, empreendedores e empreendedoras enxergam nos vídeos curtos uma janela para conquistar clientes e expandir seus negócios

Como os vídeos do TikTok ajudam negócios a ganharem mercado


Com o crescimento do TikTok e do formato popularizado pela rede, empreendedores e empreendedoras enxergam nos vídeos curtos uma janela para conquistar clientes e expandir seus negócios

Poucos segundos, muito alcance. Os vídeos curtos popularizados pelo TikTok estabeleceram um novo formato de produção e de consumo audiovisual. O sucesso do formato foi tanto que outras redes sociais, como Instagram e YouTube, desenvolveram suas próprias ferramentas para comportar a tendência criada pela rede social chinesa. Em 2021, de acordo com dados da Statista, empresa alemã especializada em dados de mercado, além de estar entre os apps mais baixados do mundo, o TikTok consolidou no Brasil o seu segundo maior mercado, perdendo apenas para a China. A adesão de cerca de 4,72 milhões de brasileiros à rede motiva quem empreende a apostar no formato para impulsionar negócios.
Poucos segundos, muito alcance. Os vídeos curtos popularizados pelo TikTok estabeleceram um novo formato de produção e de consumo audiovisual. O sucesso do formato foi tanto que outras redes sociais, como Instagram e YouTube, desenvolveram suas próprias ferramentas para comportar a tendência criada pela rede social chinesa. Em 2021, de acordo com dados da Statista, empresa alemã especializada em dados de mercado, além de estar entre os apps mais baixados do mundo, o TikTok consolidou no Brasil o seu segundo maior mercado, perdendo apenas para a China. A adesão de cerca de 4,72 milhões de brasileiros à rede motiva quem empreende a apostar no formato para impulsionar negócios.
Empreendendo no ramo audiovisual há nove anos, Clarissa Millford viu nos vídeos curtos popularizados pelo TikTok o formato de seu novo negócio. Ao lado de Diego Davoli, ela criou a Academia de TikTokers, curso voltado para empreendedores e profissionais autônomos potencializarem seus negócios através dos vídeos. O projeto, que surgiu em 2020, já teve mais de 2 mil alunos.
Clarissa conta que, quando chegou a pandemia, sua produtora, Remo, tinha grandes projetos com plataformas de streaming, como Netflix e Amazon, projetados para os próximos anos. As restrições e as mudanças trazidas pelo momento fizeram com que a empreendedora direcionasse seu olhar para uma plataforma que não parava de crescer: o TikTok. Queridinha da Geração Z, a rede social ganhou cada vez mais espaço e exportou o seu formato para outras plataformas, como Instagram, através do Reels, e YouTube, com o Shorts. "Comecei a ser muito solicitada por profissionais pedindo ajuda para captar clientes, para voltar para as redes sociais e fazer vídeos. Até então, toda a trajetória da empresa era muito voltada para CNPJs, não tínhamos clientes pessoa física. Era um momento que o TikTok estava entrando muito forte no Brasil, então começamos a experimentar com alguns profissionais e teve muito resultado", lembra Clarissa, que confessa que precisou ver o impacto da rede para deixar de lado o preconceito. "Tive que ver profissionais tendo muito resultado, falando como aquilo mudou a vida e o negócio deles. Isso foi me ajudando a virar a chave de que não era mais a plataforma de streaming, mas era incrível tudo que estava acontecendo, que estava impactando muito a vida das pessoas", conta.
A partir disso, surgiu o desejo de, no lugar de ajudar de forma pontual profissionais, desenvolver um curso com mais abrangência, focado em quem empreende ou atua de maneira autônoma.
"O curso é bem focado em pessoas que querem potencializar os seus negócios através do vídeo. São mais de 120 aulas gravadas porque vamos atualizando sempre. A cada atualização do Reels, TikTok, inserimos uma nova aula. O aluno pode maratonar o curso em duas semanas ou ir fazendo no seu tempo. Temos o acompanhamento desde o momento que ele entra", explica Clarissa, destacando o suporte oferecido todos os dias em qualquer horário como um diferencial do negócio. "Fazer vídeos é muito mais que a técnica. A pessoa tem que lidar com uma série de bloqueios de exposição, de se gostar da câmera, de conseguir falar, ter um posicionamento, se aceitar naquela linguagem que não é do dia a dia dela. Por isso, temos um suporte muito ativo que atende o aluno a qualquer momento que ele precisar", pontua.
No curso, são oferecidas aulas específicas para nichos, com foco na legislação de cada área em relação a atuação nas redes sociais. "Existe uma barreira das próprias profissões. O que percebemos, com a quantidade de alunos que temos hoje, é que é necessário ter cuidado, por regras e códigos de regulamentação, mas que é muito eficiente quando é feito de maneira estratégica. Aproxima muito o paciente, o cliente, e isso acaba trazendo muito resultado", acredita a empreendedora.
Para quem deseja iniciar a sua trajetória nos vídeos curtos, Clarissa garante: não é preciso fazer dancinha. Os profissionais devem identificar o que é pertinente para o seu segmento e apostar nisso. "Hoje, 95% dos nossos alunos são empreendedores e, às vezes, mesmo que goste de dançar, não sugerimos porque o algoritmo é muito inteligente nas duas plataformas. Se o conteúdo é para potencializar o teu negócio não faz dancinha, não precisa disso para dar certo. Pelo contrário, vai bagunçar o algoritmo e atrapalhar a tua conta. Sempre sugerimos que não faça se não é o core business", aconselha.
Clarissa acredita que a demanda por vídeos só deve crescer, já que, cada vez mais, o formato está sendo consumido pelos usuários das redes sociais. Sendo assim, apostar na criação de conteúdo no TikTok ou Reels pode ser uma estratégia certeira para alcançar mais pessoas e, assim, aumentar a clientela. "Hoje, a rede social se tornou o portfólio do empreendedor. E o vídeo traz visibilidade perante o público que não te conhece. Então, para o empreendedor que está buscando ampliar a clientela, a autoridade digital, o vídeo é o único recurso que entrega isso, pois é o único recurso que consegue esse alcance orgânico, que não é pago para ser entregue", explica a especialista.
O método da Academia de TikTokers foi desenvolvido para que quem empreende consiga fazer e editar o vídeo em até oito minutos, pensando em adequar à rotina agitada dos negócios. Segundo Clarissa, os gaúchos representam menos de 10% dos alunos da plataforma, que tem mais adesão no Sudeste e Nordeste, e entre pessoas com mais de 38 anos. As inscrições podem ser feitas pelo site (academiatt.com.br).

Body piercer de Viamão possui mais de 1 milhão de seguidores

Em meio ao isolamento social causado pela pandemia, a body piercer e estudante de enfermagem Ilana Govinatzki, 33 anos, de Viamão, foi uma das milhares de pessoas que cedeu ao aplicativo queridinho do momento: o TikTok. Na busca por distração durante um período conturbado, Ilana encontrou acolhimento na plataforma. O que ela não esperava que fosse acontecer, no entanto, era ficar conhecida no Brasil inteiro por fazer vídeos educativos sobre o seu trabalho.
Atuando há mais de 10 anos com piercings e perfurações, a profissional conta que o seu contato com os vídeos curtos ocorreu da maneira mais natural possível, sem qualquer intenção de viralizar na plataforma. "Usava muito o TikTok para edição de vídeos, e um dia, depois de editar, postei lá, mas foi só por postar mesmo, e acabou que viralizou. Não imaginava que receberia tantas visualizações, sempre gostei de produzir conteúdo informativo, mas até então eu utilizava apenas o Instagram, tanto o meu próprio quanto o do estúdio em que eu trabalho", conta.
Depois disso, Ilana lembra que não foi fácil se manter no TikTok, pois acabou "batendo de frente" com muitas pessoas, inclusive profissionais da área da saúde. "Percebi que eu precisaria me impor muito lá, porque quando enxergam alguém com piercings, tatuagens e cabelo colorido, automaticamente limitam essa pessoa achando que ela não trabalha, não estuda e não sabe o que está falando", expõe. Ela ainda acredita que o que a faz destacar-se na plataforma é justamente o fato de ter propriedade sobre o assunto. "Quando eu me posiciono e rebato alguma coisa, uso argumentos científicos, uso fatos, porque eu estudo e sei o que estou falando, não é só achismo. Além disso, ver uma mulher adulta com tantos piercings, que muita gente assume que só adolescentes usam, também acaba chamando a atenção", afirma.
Apesar de nunca imaginar alcançar tantas pessoas, Ilana conta que toda a experiência vem sendo muito positiva, tanto para si mesma quanto para o seu trabalho. "Atualmente, tenho 1 milhão e quase 200 mil seguidores, e, desde que fiquei conhecida por lá, notei um grande impacto nos meus atendimentos. Por conta da pandemia, até acredito que poderia ser maior, mas, hoje em dia, 80% dos meus clientes já me conhecem da plataforma. Também fui capaz de me descobrir como uma pessoa muito versátil, que consegue passar um conteúdo informativo e divertido ao mesmo tempo", explica.
A profissional conta que muitos usuários assumem que, por ser conhecida e ter muitos seguidores, ela mora e atende em São Paulo e região. "Tem pessoas que já falam que não poderiam fazer um trabalho comigo porque assumem que eu moro por lá, e se surpreendem quando descobrem que sou do Rio Grande do Sul, mas eu sempre reforço que também temos muitos profissionais bons aqui", declara.
Ilana destaca que, para o futuro, gostaria que mais pessoas pudessem enxergar o potencial que a plataforma possui para os negócios. "Enxergo o TikTok como o que há de novo em termos de rede social. Já acredito que está perdendo aquele estigma de ser apenas um espaço para dancinhas, cada vez vejo mais profissionais por lá compartilhando conhecimento e informações, sempre aprendo algo novo", completa.
Atualmente, a profissional passa a maior parte do seu tempo em um estúdio em Porto Alegre, no bairro Azenha, mas também atende em Viamão, na Santa Isabel.
Na plataforma, é possível encontrá-la pelo username @ilanagovinatzki.
 

Loja de decoração de Porto Alegre conquista mercado através dos posts

A pandemia foi um ponto de virada para o posicionamento online da Brasil Decor, loja de decoração que fica no 4º Distrito da Capital. Livia Linck Sudbrack, diretora de marketing e sócia de Fábio Mendes Sudbrack no negócio nascido em 2019, conta que, antes, as redes sociais eram um catálogo dos produtos vendidos por lá. A necessidade de aproximar os clientes nos momentos mais restritivos fizeram com que a loja enxergasse mais possibilidades e ampliasse a sua presença digital.
"Já tínhamos o Instagram funcionando desde o primeiro dia da loja, sempre acreditamos nisso. É uma vitrine enorme, que, com certeza, abrange muito mais pessoas do que conseguiríamos com uma mídia mais tradicional. No início, era como se fosse um catálogo digital, e, quando a pandemia veio, começamos a fazer lives, comecei a aparecer mais, para que as pessoas pudessem ter uma referência, não ser só uma empresa, mas alguém com quem pudessem conversar", lembra Livia sobre a mudança. Segundo a empreendedora, produzir conteúdo em vídeo foi fundamental para que os clientes estreitassem os laços com o negócio mesmo em momentos em que não podiam ir até a loja física. "Os vídeos fazem com que a pessoa tenha a experiência de estar mais perto da loja, parece que ela está ali dentro comigo olhando os móveis", acredita.
Hoje, a loja, que fica na avenida Brasil, n° 1.455, soma mais de 70 mil seguidores no Instagram e mais de 4 mil no TikTok. O formato dos vídeos curtos é explorado nas duas redes, o que, segundo Livia, garante um alcance nacional para a Brasil Decor. "Vamos muito para outros estados, chegamos a países da América do Sul, mas não entregamos acima de Santa Catarina porque, para isso, precisamos de uma logística mais estruturada. Mas vendemos bastante online para Santa Carina e interior do Estado", conta a diretora de marketing, revelando que, hoje, as redes sociais são responsáveis por cerca de 60% das vendas.
Percebendo a crescente demanda nos últimos anos, Livia, que é nutricionista por formação, buscou se aprofundar na área e se tornou especialista em Marketing pela ESPM. Para produzir os conteúdos, ela conta que o segredo é ampliar horizontes na hora de buscar inspiração. "Comecei a buscar referências em outras áreas que não estão relacionadas com móveis, como moda, entretenimento, alimentação. Os vídeos estão cada vez mais curtos, mas eles têm que passar uma ideia do que tem na loja ou uma ideia de educação", explica Livia, que aposta em três formatos. "Sempre fazemos vídeos de entretenimento, porque todo mundo quer ver alguma coisa engraçada, fazemos vídeos de educação, que tenham dicas de como organizar o ambiente, montar o aparador, escolher o tamanho de uma mesa, e vídeos que mostrem mais os nossos produtos", pontua.
Um dos vídeos mais bem sucedidos da loja, onde Livia apresenta uma mesa de centro que se torna uma escrivaninha para trabalhar no sofá, passa das 300 mil visualizações no TikTok e das 70 mil no Instagram. "Em um vídeo de 10 segundos, precisamos colocar tudo para que mais pessoas compartilhem e sejamos conhecidos por um público maior. Hoje em dia, acredito que qualquer consumidor que está atrás de um móvel vai procurar se a loja tem um perfil na rede social porque isso facilita muito. Já consegue saber o que a loja tem, se o preço cabe ou não no seu bolso. É como se a gente estivesse jogando cada vez mais limpo com o consumidor", expõe.