O projeto gaúcho Boleto +1 iniciou como uma comunidade no Facebook logo no primeiro mês da pandemia, março de 2020, com o objetivo de ser uma rede de apoio financeira para mulheres que precisassem de algum auxílio. A iniciativa foi idealizada e colocada em prática pelas amigas Caroline Falero, Monique Prada e Priscila Guerra. Atualmente, a plataforma conta com 62 mil inscritos, homens e mulheres, de todo o País.
Segundo a sócia Caroline, 38 anos, a comunidade surgiu sem grandes pretensões. “Nunca pensamos que tomaria essa proporção, imaginávamos que ficaríamos em um recorte bem pequeno, apenas no Rio Grande do Sul, mas rapidamente atingimos pessoas do Brasil inteiro”, explica.
A proposta inicial era oferecer um amparo a mulheres que precisassem de pequenas ajudas, como pagar uma conta de luz ou água, por exemplo. Essas faziam um post com foto ou código do boleto, e outra mulher sinalizava que poderia ajudar quitando a dívida. Porém, com o aumento de mulheres na comunidade, as necessidades também foram crescendo. “Não bastava mais um boleto, tinham pedidos de cestas básicas, itens de higiene, produtos para crianças, entre outros. Então acabamos criando ferramentas dentro da comunidade, como a possibilidade de divulgação de serviços, uma biblioteca digital, guias específicos que selecionam informações sobre ofertas de trabalho, dicas, etc. Fomos migrando de um grupo de assistência para uma iniciativa que busca dar suporte a essas mulheres”, afirma Caroline.
De encontro com o desejo de expandir a iniciativa, o Facebook criou um edital de aceleração para projetos sociais, e a Boleto +1 foi selecionada. Neste ano, as sócias apresentaram o pré-projeto, que foi aprovado. Desde então, participaram de aulas de mentoria e desenvolvimento do projeto, que entrará em vigor a partir do dia 7 de fevereiro, ampliando e estruturando a comunidade para além do Facebook. “A orientação que tivemos no edital fez com que organizássemos nossas ideias de uma forma muito melhor. A partir daí, teremos uma mudança importante no perfil do grupo, trazendo muito mais conteúdo e trabalhando de uma forma diferente”, declara.
“O objetivo geral é se constituir como o maior grupo de colaboração do País, não mais atuando apenas com repasse de dinheiro, mas ser uma grande rede de apoio afetivo e financeiro entre mulheres”, diz Priscila Guerra, 42 anos, que também garante que, diferentemente do início do projeto, hoje em dia, existem muito mais mulheres na plataforma dispostas a colaborar e com maior entendimento do coletivo. “É muito significativo ver essa mudança. Nós nos preocupamos em criar um ambiente com valores bem pontuais e específicos, construindo essa ideia que a jornada, assim como o sucesso da comunidade e dessas mulheres, é de responsabilidade de todas elas, não só das administradoras", completa.
Para fazer parte do grupo, é necessário preencher um cadastro que ficará em análise antes de ser aceito. "Sondamos muito os perfis, vemos se são falsos ou recentemente criados, com textos muito agressivos ou algo que não dialogue com o conceito da comunidade”, explica Monique, 48. A sócia também esclarece que, atualmente, homens são aceitos apenas em campanhas de apoio, como a de Natal, que ocorreu em dezembro, mas não na comunidade. O grupo está com um site em construção, mas também está presente no Instagram como @boletomaisum.