No aniversário de seis anos do GeraçãoE, dono de espaço de eventos que opera desde 2015 e confeiteira que abriu ponto físico recentemente refletem sobre empreendedorismo

Como a maturidade ajuda um negócio a dar certo


No aniversário de seis anos do GeraçãoE, dono de espaço de eventos que opera desde 2015 e confeiteira que abriu ponto físico recentemente refletem sobre empreendedorismo

Porto Alegre registra, a cada ano, a abertura de diversos negócios - assim como fechamentos de tantos outros. Em 2015, por exemplo, surgiu o Espaço Maestro, no bairro Tristeza, Zona Sul da cidade. Foi um dos primeiros empreendimentos apresentados pelo GeraçãoE, que também era introduzido aos gaúchos naquela época. De lá para cá, o dono do local, que se propõe a ser um bar e espaço para eventos, diz ter errado duas vezes e perdido dinheiro nessas situações. Apesar disso, Tiago Mader Perlott consolidou o público que mantém o Espaço Maestro ativo mesmo após o pior momento da pandemia.
Porto Alegre registra, a cada ano, a abertura de diversos negócios - assim como fechamentos de tantos outros. Em 2015, por exemplo, surgiu o Espaço Maestro, no bairro Tristeza, Zona Sul da cidade. Foi um dos primeiros empreendimentos apresentados pelo GeraçãoE, que também era introduzido aos gaúchos naquela época. De lá para cá, o dono do local, que se propõe a ser um bar e espaço para eventos, diz ter errado duas vezes e perdido dinheiro nessas situações. Apesar disso, Tiago Mader Perlott consolidou o público que mantém o Espaço Maestro ativo mesmo após o pior momento da pandemia.
Agora, em meio à crise sanitária, em pleno 2021, do lado oposto da cidade, Camila Antunes da Cunha se lança no ecossistema empreendedor com uma característica comum a Tiago: persistência. Ela alugou um imóvel em uma das ruas mais disputadas da Capital, a Dinarte Ribeiro, para inaugurar a confeitaria Doce Formiga. Embora trabalhe com encomendas desde 2014, é a primeira vez que opera de portas escancaradas para o público.
O que a história de Tiago tem a ensinar a de Camila? Os dois, que não se conheciam, se encontraram de forma virtual a convite do GE para falar sobre o assunto.
Há seis anos, empreendedores maduros e novatos, como o Tiago e a Camila, se reconhecem nas páginas do Geração Empreendedora. O objetivo deste projeto é que Marias, Joãos, Gustavos e Helenas também tirem os seus planos do papel e tornem as ruas (e suas vidas) vibrantes.

O maior desafio são as pessoas

Tiago Mader Perlott abriu o Espaço Maestro, na rua Doutor Barcelos, nº 570, no bairro Tristeza, em 2015, ao perceber que a Zona Sul de Porto Alegre tinha carência de espaços de entretenimento.
Algum tempo depois, expandiu para Garopaba, em Santa Catarina, e, em 2018, lançou um modelo piloto para escalar o negócio no Shopping Paseo. Esses dois últimos fecharam. Desde o último verão, monta também uma operação temporária na praia de Atlântida. Atualmente, prepara um novo teatro para a cidade, projeto embrionário que deve funcionar na Zona Sul.
Para quem está começando, ele acredita que um dos segredos seja a paciência. "Lidar com o público é muito complicado. O Espaço Maestro atende cerca de 3 mil a 5 mil clientes por mês. Cada um quer ser tratado de uma forma. É bizarra a quantidade de vezes que tentam nos passar para trás", expõe ele, ressaltando que esse perfil é minoria. Para Tiago, o segredo para se firmar no mercado é manter um custo fixo baixo. "Se olhar, os restaurantes que faliram na pandemia tinham uma estrutura de custo alta. Tem que ser profissional, manter o mais baixo possível, pois toda hora estamos em alguma crise no Brasil", avalia. O empreendedor indica fazer um cálculo anual dos custos. Se o resultado continuar baixo, considera positivo e recomendável.
Sobre buscar expansão, Tiago faz um alerta: não se pode tomar pela empolgação e perder a lucidez. "No momento que tu decides expandir, significa que tu estás forte e confiante. Isso te cega para algumas coisas que num momento mais lúcido tu conseguirias enxergar", diz, após tentativas que não deram certo. Um dos grandes desafios, para ele, é a equipe. "Tem que ter o mesmo nível de comprometimento, de inteligência e de responsabilidade."
 

Passos de formiga podem gerar segurança

Camila Antunes da Cunha criou a Doce Formiga em casa em 2014. Ela se adonou da cozinha da família por seis meses, até que levou a produção para um local alugado. Neste ano, deu um salto de coragem ainda maior: se mudou para o número 15 da rua Dinarte Ribeiro, no bairro Moinhos de Vento, um dos mais caros da cidade. De portas abertas ao público pela primeira vez, precisou incorporar produtos com os quais não tinha intimidade.
Como a região é boêmia, se deu conta que não podia ir para casa bem na hora que começava o movimento, às 18h. Passou a oferecer bebidas alcoólicas, como espumantes e vinhos, e lanches salgados. Tudo novidade para ela.
"A empresa era só de bolos. Quando abrimos ao público, colocamos mesas e sabíamos que nem todo mundo ia querer doce. Não dá para ignorar o fato que existe essa situação, então adaptamos o espaço para isso. Entender o que o público quer exige paciência, mas não se pode fugir da essência", interpreta ela.
A demora para desbravar o empreendedorismo além das redes sociais se deve à uma viagem de sete meses à Itália, à pandemia e, principalmente, à cautela. "Eu sempre fui pé no chão e medrosa. Isso foi importante e fez a Doce Formiga chegar até aqui. E recomendo: começa de casa, devagarinho", destaca a empreendedora.
Ela, inclusive, dá uma sugestão em alusão ao nome de sua marca. "Com passos de formiguinha se chega lá na frente", diz a mais nova ocupante da Dinarte.
 

Dicas de quem trabalha com o público há seis anos

Gerir custos sempre
Valorizar pessoas
Muita paciência no começo
Cautela na expansão
(Re)investir sempre
Ter controle do fluxo de caixa

Dúvidas que Camila tinha antes de apostar na loja física

Será que vai dar certo? Trabalhar somente com encomendas é bem diferente.
Custos: aumentam bastante em relação a uma cozinha fechada, será que venderei o suficiente para pagar?
Como mensurar a quantidade de produto que irá vender no dia, para evitar desperdício?
O que realmente o público quer, que tipo de produto e de serviço?
O ponto é bom e tem bastante visibilidade?
Que horário de funcionamento adotar, levando em conta que a rua é noturna e a Doce Formiga opera durante o dia?
Incluir produtos que não temos no cardápio, para se adequar ao movimento da rua? Por exemplo, itens para happy hour?