A Estofaria Jaca, na avenida Bento Gonçalves, nº 3.725, em Porto Alegre, guarda mais que sofás desmontados e ferramentas para reparo de móveis. Dezenas de crianças depositam no local o sonho de virarem campeãs de Jiu-jitsu.
Tudo começou quando o dono do estabelecimento, Alexandre Moura da Rosa, 50 anos, conhecido como Alexandre Jaca, se viu sem dinheiro para continuar frequentando uma academia da modalidade, há seis anos. “Tive a ideia porque eu treinava, já era faixa roxa e não tinha condições de continuar pagando mensalidade. Aí, comprei seis placas de tatame com o lucro do serviço de um sofá que fiz e coloquei dentro da minha estofaria”, conta Jaca.
Ele iniciou o projeto da Jaca Team Guetho despretensiosamente, treinando com um amigo. Até que um dia algumas crianças viram a cena e perguntaram se poderiam treinar também. “Falei que sim e, então, começaram a vir”, narra ele. Hoje, nenhuma das 56 crianças atendidas paga para aprender as técnicas. Dos 20 adultos frequentadores, cobra R$ 70,00 pela mensalidade.
“Eu desmancho a estofaria para o pessoal entrar. Tem uma mesa bem no meio do caminho. Se eu não desmanchar a mesa, eles não entram”, descreve o profissional.
O ambiente, um tanto diferente das academias tradicionais, parece dar sorte. Jaca já formou campeões brasileiros e mundiais. Mas o motivo de orgulho mesmo é outro: “tirei várias crianças das ruas”.
No auge da pandemia do coronavírus, os treinos presenciais migraram para o online e Alexandre ajudou as famílias com cestas básicas e brinquedos.