Seis em cada 10 empresas fecham em cinco anos de atividades no Brasil. É o que aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) numa pesquisa divulgada em 2019. O dado mostra que, para muitos, a jornada empreendedora pode ser difícil. Porém, conforme destaca o diretor da Associação Brasileira de Franchising (ABF) no Sul, Antônio Carlos Diel, o caminho não precisa ser solitário e pode ser contornado com o franchising. A decisão de entrar no modelo (seja através de marca própria, sendo um franqueador, ou de terceiros, como franqueado) é uma forma de ter uma rede de apoio ativa, disposta a tirar dúvidas e superar dificuldades de um negócio.
Em comparação com o dado do IBGE, de acordo com pesquisas da ABF, apenas 8% das franquias não sobrevive. No Brasil, são cerca de 3 mil marcas franqueadas ativas. O sucesso para esse conceito de funcionamento, para Antônio, deve-se ao potencial escalável e a bagagem que as franquias trazem consigo. "Uma rede leva as tecnologias e inovações que um pequeno empreendedor não consegue ter sozinho", destaca. Para ele, é preciso ter em mente que essa modalidade requer tanto empenho quanto uma empresa tradicional. "O dia a dia é o dono quem faz."
Um dos maiores desafios para franquear o próprio negócio é conseguir replicá-lo em grande escala e estar atento às diferenças culturais e sociais. "Ter uma franquia em Porto Alegre é diferente de ter uma no Nordeste", explica o diretor. Por isso, é necessário desenvolver uma boa gestão de relacionamento entre as partes. "Têm coisas que não são maleáveis, como a cultura da marca, a identidade visual. Mas outras, como alguns fatores de adaptação, têm que ser", pontua.
O sistema de franquias, no Brasil, é regido pela lei nº 13.966/2019. Para Antônio, é uma das legislações mais atualizadas do mundo no segmento. "Há o que chamamos de Circular de Oferta de Franquia, o COF, que dispõe de todas as informações sobre a empresa, números de telefones de outros franqueados e ex-franqueados. Pela lei, o interessado não pode assinar o contrato antes de 10 dias após o recebimento do COF, para não fazer uma compra no impulso e ter tempo de refletir", explica. Por isso, uma das coisas mais importantes no processo, para o diretor, é estudar muito sobre o modelo de negócio.
Dicas para quem quer entrar no ramo
- Informe-se. A ABF conta com informações de graça no site e cursos. Além da Associação, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é outro canal para estudar, segundo Antônio. Veja mais através do site www.abf.com.br.
- Associe-se à ABF como potencial franqueador. "Na regional Sul, há duas reuniões por mês com outros franqueadores para compartilhar experiências e informações", afirma.
- Tenha consciência que o trabalho triplica ao escalar um negócio e demanda tempo para dedicação.
- Participe da ABF Franchising Expo, uma das maiores feiras do ramo.
- Considere ter um sócio caso não tenha tempo e energia para dispor à empresa. "Ele irá liderar e coordenar".
- Invista na digitalização. "Tem que ir até o cliente, e não esperá-lo chegar".
Saiba mais sobre as vantagens do setor
Um dos episódios da primeira temporada de podcasts do GeraçãoE aborda a temática de franquias. Fabiana Estrela, proprietária do holding Estrela Franquias, que comanda as marcas Barriga Verde e Caverna do Dino, conta sua experiência no franchising e dá dicas para quem deseja empreender no modelo. Ouça no seu player favorito ou em www.jornaldocomercio.com/podcasts.