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04 de Agosto de 2020 às 09:00
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Isadora Jacoby
GE
Isadora Jacoby
No GE de Casa, Diogo Pires, professor de administração, e as empreendedoras à frente do Coffee & Stuff falam sobre o fechamento de espaços físicos
'O empreendedor precisa saber a diferença entre resiliência e teimosia', afirma especialista
Isadora Jacoby
No GE de Casa, Diogo Pires, professor de administração, e as empreendedoras à frente do Coffee & Stuff falam sobre o fechamento de espaços físicos
Com as portas fechadas em razão das restrições trazidas pela pandemia, diversos negócios acabaram encerrando as atividades em seus pontos físicos. No GE de Casa desta semana, recebemos as empreendedoras Melissa Marsilac e Lisia Nunes, proprietárias da cafeteria Coffee & Stuff, e o professor de administração da Fadergs, Diogo Pires, para debater as possibilidades de reinvenção de um negócio após o fechamento.
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Com as portas fechadas em razão das restrições trazidas pela pandemia, diversos negócios acabaram encerrando as atividades em seus pontos físicos. No GE de Casa desta semana, recebemos as empreendedoras Melissa Marsilac e Lisia Nunes, proprietárias da cafeteria Coffee & Stuff, e o professor de administração da Fadergs, Diogo Pires, para debater as possibilidades de reinvenção de um negócio após o fechamento.
Melissa e Lisia decidiram fechar a unidade física de sua cafeteria ainda março. Operando no bairro Moinhos de Vento desde maio de 2019, o negócio, agora, funciona somente on-line. "Tomamos a decisão de um dia para o outro. Transformamos um pedaço da nossa casa na cozinha da nossa cafeteria e, desde então, estamos trabalhando somente com tele-entrega", conta Lisia. As empreendedoras explicam que a decisão de encerrar o atendimento presencial foi tomada pensando na sobrevivência do negócio. "Com o agravamento da pandemia e de todas as medidas restritivas, começou a ficar inviável manter o ponto físico. Conversamos bastante, foi uma coisa bem dolorosa, porque queríamos evitar que isso acontecesse, mas ficou inviável, levando em consideração critérios financeiros e logísticos. Mas vai ser temporário, porque queremos voltar, já temos uma ideia de como vai ser, estamos sendo bem cautelosas", contextualiza Lisia.
Diogo acredita que, especialmente nesse momento de pandemia, o que deve estar na mente dos empreendedores e empreendedoras é o cliente. "A palavra de ordem não é digital. A palavra de ordem é cliente. A digitalização tem que ser um meio para chegar mais fácil, perto, rápido no cliente", pontua o especialista, aconselhando que se utilize o maior número de canais possível para atingir o consumidor. "Gosto muito da analogia do anzol. É muito legal jogar um anzol na água, pegar um peixe, jogar outro, pegar outro peixe. Mas se puder jogar quatro anzóis, teu resultado será melhor. O consumidor é 'preguiçoso', quer a conveniência. Então, tem que estar em todos os canais", acredita Diogo.
Uma das grandes dificuldades na hora de levar os negócios para o mundo digital é experiência. Na Coffee & Stuff, por exemplo, o cliente podia tocar guitarra, cantar, já que a temática do espaço era rock. Além da ambientação, era possível praticar inglês, já que as sócias são professoras da língua e ofereciam esse serviço de imersão. Agora, para seguir fidelizando esse público, elas criaram uma caixa pensada para cooking classes. "Entregamos um pacotinho com um pré-preparo dos cookies que vendemos aqui, com todas as instruções em inglês. Não focamos especificamente na experiência que proporcionávamos antes, mas estamos tentando criar outras experiências", afirma Lisia.
Diogo alerta que, além de pensar em estratégias para reinventar o negócio, é preciso ponderar se é viável seguir empreendendo. "Esse processo de desistir, mudar, encolher é super doloroso. Mexe com a auto estima da pessoa. A grande dificuldade do empreendedor é saber a diferença entre resiliência e teimosia. Estou sendo teimoso ou resiliente, estou sendo burro ou persistente. É muito difícil saber esse equilíbrio. Qual a hora certa de sair fora, de encolher, de investir. Essa é a diferença entre empreendedor de sucesso e o de não sucesso: saber essa hora", acredita. Lisia e Melissa julgaram que ainda não era o momento de encerrar totalmente as suas atividades, por isso remodelaram o negócio e buscaram empréstimo para viabilizar esse novo momento. "Dispensamos a nossa funcionária, fechamos o ponto físico, mas não achamos que era o momento de abandonar o nosso sonho", expõe Lisia.
Para Diogo, explorar novos formatos pode ser uma oportunidade para empreendedores incorporarem mais canais e possibilidades a seus negócios mesmo em um momento pós-pandemia. "O novo normal está em entender que existem outras possibilidades de atingir o consumidor, mas sempre vai ter aquela pessoa que sai do trabalho e quer tomar um café num lugar agradável, sempre vai ter alguém atrás da experiência. O novo normal significa mais opção, e não eliminação de certos formatos. Tem gente que gosta de vinil, de fita, e tem quem só escute o streaming. Essa é a lógica da digitalização: novos canais de relacionamento, de venda, que se fortalecem e que são para ficar."