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28 de Março de 2019 às 03:00
GASTRONOMIA
Isadora Jacoby
GE
Isadora Jacoby
Desde 1927 no Mercado Público, a Banca 40 é conhecida pela sua tradicional salada de frutas com sorvete artesanal
Sobremesa da Banca 40 foi aprovada por Bob Dylan
Isadora Jacoby
Desde 1927 no Mercado Público, a Banca 40 é conhecida pela sua tradicional salada de frutas com sorvete artesanal
Ter a aprovação de um ícone da música internacional é para poucos. A Banca 40 do Mercado Público de Porto Alegre carrega esse "selo" concedido por ninguém menos que o cantor Bob Dylan. Em passagem por Porto Alegre, em 1991, um dos maiores artistas de todos os tempos visitou, junto com o escritor Eduardo Bueno, a famosa Banca 40. Por lá, ele experimentou a Bomba Royal, sobremesa que leva três sabores de sorvete, frutas e uma porção generosa de nata, tudo produzido artesanalmente na cozinha de um dos pontos turísticos de Porto Alegre.
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Ter a aprovação de um ícone da música internacional é para poucos. A Banca 40 do Mercado Público de Porto Alegre carrega esse "selo" concedido por ninguém menos que o cantor Bob Dylan. Em passagem por Porto Alegre, em 1991, um dos maiores artistas de todos os tempos visitou, junto com o escritor Eduardo Bueno, a famosa Banca 40. Por lá, ele experimentou a Bomba Royal, sobremesa que leva três sabores de sorvete, frutas e uma porção generosa de nata, tudo produzido artesanalmente na cozinha de um dos pontos turísticos de Porto Alegre.
E foi a própria sobremesa que mudou a história da banca. Nascida em 1927, inicialmente, funcionava como uma fruteira. Com o tempo, o sorvete batido artesanalmente passou a integrar o cardápio do lugar. Mas foi somente em torno de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, que a iguaria mais famosa do Mercado Público foi batizada. Com a vinda de imigrantes europeus nesse período para a Capital, o Mercado passou a ser frequentado por estrangeiros. Essa nova clientela começou a pedir que servisse a salada de frutas com o sorvete e a nata. Assim, em homenagem a eles, surgiu a Bomba Royal.
João Bonnel Junior, gerente da unidade do Mercado Público e sócio da Banca 40 da Padre Chagas, acredita que manter a qualidade é a receita para operar com sucesso por tantos anos. "A gente preza sempre pela qualidade do produto e por manter um preço bom. É um lugar que é uma referência em Porto Alegre, então é só trabalhar direitinho que tu vais sempre para frente", acredita. No entanto, não é só o nome que garante o sucesso de um empreendimento. Aberta em 2015, a unidade da Padre Chagas deve fechar as portas ainda este ano. O contrato de aluguel está encerrando e a unidade não deve permanecer lá. "A operação não comporta um aluguel tão alto. O que estamos apostando, hoje, é colocar a Banca 40 Express, com sorvete e açaí, em alguns restaurantes da rede Japesca. Estamos elaborando um sistema de franquias pequenas. Tentamos na Padre Chagas, mas não deu muito certo. Trabalhamos com um produto muito perecível. No Mercado dá certo porque tem muito movimento. Em outras bancas, não vale a pena, por isso estamos apostando em um formato mais rápido", conta Junior, que faz parte da nova administração que tem como proprietária, desde 2011, Juliana Lança.
Um espaço tão tradicional reúne memórias afetivas de muitas pessoas. Para Geison Machado Gonçalves, coordenador da Banca 40, o lugar representa o sustento da sua família. Há 16 anos trabalhando no local, ele entrou pela primeira vez no Mercado para fazer a entrevista de emprego aos 21 anos. Começou na cozinha, lavando louça, e foi ascendendo para outras funções. Enquanto conversa, os olhos estão sempre atentos aos clientes, indicando para a sua equipe, que ele conta ser muito afinada, quais mesas precisam de atendimento. Com 25 funcionários, o espaço opera de segunda a sexta-feira das 8h às 19h30min e aos sábados o atendimento encerra às 18h30min. Geison conta que, entre os quase 3 mil clientes que passam por lá em um dia, já circularam muitos atores famosos e turistas. Além da salada de frutas com sorvete, a Banca 40 oferece pratos quentes e açaí, produto que, segundo Geison, atrai novos clientes.
O incêndio na parte superior do Mercado, em 2013, está entre as memórias mais marcantes de Geison. "No incêndio de 2013, o Mercado ficou fechado por um tempo e ficamos muito angustiados. Consegui trazer meus dois irmãos para trabalhar aqui também, então o mercado é o sustento de muitas famílias. Não sabíamos o que realmente tinha acontecido", lembra.
Orgulhoso de sua trajetória, Geison afirma que o Mercado está sempre aberto para quem está buscando emprego. "É um lugar acolhedor, que recebe muitas pessoas. As bancas sempre estão precisando de gente. É um lugar muito bom de trabalhar, por isso estou há tanto tempo."