Júlia Fernandes

Figura de Linguagem aposta na demanda de mercado que não é bem atendida no País

Editora foca na difusão de autores negros no RS

Júlia Fernandes

Figura de Linguagem aposta na demanda de mercado que não é bem atendida no País

Abdias do Nascimento, Carolina Maria De Jesus, Conceição Evaristo, Maria Firmina Dos Reis, Milton Santos, Cidinha da Silva e não para por aí. A lista de escritores negros brasileiros é extensa, mas seus nomes em catálogos de grandes editoras são limitados ou inexistentes. Ao chegar nas grandes livrarias, outra dificuldade: os livros que têm como autores pessoas negras quase nunca estão à vista, em destaque. Ou, ainda pior, não estão à venda. Segundo o pesquisador Luiz Maurício Azevedo, 37 anos, um dos sócios fundadores da Figura de Linguagem, nova editora independente de Porto Alegre, a consequência desse ciclo é séria. "Você sai da loja sem o produto, com o dinheiro para comprar, com a disposição para comprar. Com o dinheiro no bolso, que é o pesadelo capitalista", reflete.
Abdias do Nascimento, Carolina Maria De Jesus, Conceição Evaristo, Maria Firmina Dos Reis, Milton Santos, Cidinha da Silva e não para por aí. A lista de escritores negros brasileiros é extensa, mas seus nomes em catálogos de grandes editoras são limitados ou inexistentes. Ao chegar nas grandes livrarias, outra dificuldade: os livros que têm como autores pessoas negras quase nunca estão à vista, em destaque. Ou, ainda pior, não estão à venda. Segundo o pesquisador Luiz Maurício Azevedo, 37 anos, um dos sócios fundadores da Figura de Linguagem, nova editora independente de Porto Alegre, a consequência desse ciclo é séria. "Você sai da loja sem o produto, com o dinheiro para comprar, com a disposição para comprar. Com o dinheiro no bolso, que é o pesadelo capitalista", reflete.
A editora independente é fruto da parceria entre Luiz e a jornalista Fernanda Bastos, 30. Os dois lançaram a Figura de Linguagem no dia 9 de junho, e são também os autores dos dois primeiros volumes da editora: o livro de poesias Dessa cor, de Fernanda, e a novela de afroturismo Pequeno Espólio do Mal, de Luiz.
LUIZA PRADO/JC
A Figura de Linguagem tem na diversidade o ponto central do seu propósito. "A gente tem um histórico no País de criação de diversas editoras independentes voltadas para pessoas negras", comenta Fernanda. Segundo ela, isso é consequência do racismo estrutural, que acaba sendo reproduzido dentro do mercado editorial. Esse histórico de editoras voltadas a esse público foi uma inspiração para a criação da Figura de Linguagem. "É uma autoria negra, mas quem pode publicar e quem pode ler esse público é tanto negro quanto não negro", explica.
Ambos escritores perceberam a carência de uma editora como essa na Região Sul, onde fosse proposta uma iniciativa de protagonismo negro. Os sócios compreenderam que não basta submeter seus textos para as editoras que têm pessoas brancas predominantes em seus catálogos.
"É necessário tentar tensionar o mercado para essa diversidade através da nossa proposta", comenta Fernanda. Por diversidade, eles entendem que haja a inclusão de todos os grupos.
"Quero que chegue uma mulher negra, lésbica da periferia e diga 'se eu tivesse um livro escrito, mandaria para essa editora'. Ao mesmo tempo, que chegue um homem negro heterossexual e diga 'essa editora que publicaria meu livro'. A gente quer que todo mundo seja representado", exemplifica Luiz.
Atualmente, os exemplares da Figura de Linguagem estão nas livrarias Baleia e Taverna, nos bairros Santana e Centro Histórico, respectivamente, e há planos para, em breve, disponibilizar uma loja virtual.
Júlia Fernandes

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