Lidar com números é uma das primeiras tarefas quando se inicia um negócio. Resolvemos ir a fundo para entender que administrar bem as finanças vai além de saber contar ou somar dividendos

A importância do equilíbrio emocional para tomar as melhores decisões financeiras


Lidar com números é uma das primeiras tarefas quando se inicia um negócio. Resolvemos ir a fundo para entender que administrar bem as finanças vai além de saber contar ou somar dividendos

"Seja qual for a sua meta, é preciso gerenciar os seus recursos", afirma a psicóloga clínica Simone Grohs. E, por recurso, pode-se entender tanto a energia para viver o dia quanto o dinheiro que se ganha. "Uma coisa que a gente descobriu é que a maioria das pessoas vive no automático, sem estar consciente das coisas que faz", completa o psicólogo e analista de sistemas Hector Nievas.
"Seja qual for a sua meta, é preciso gerenciar os seus recursos", afirma a psicóloga clínica Simone Grohs. E, por recurso, pode-se entender tanto a energia para viver o dia quanto o dinheiro que se ganha. "Uma coisa que a gente descobriu é que a maioria das pessoas vive no automático, sem estar consciente das coisas que faz", completa o psicólogo e analista de sistemas Hector Nievas.
Autores do livro Máxima performance em 12 passos, lançado em Porto Alegre neste ano, os dois estudam a força de vontade e como ela atua no cérebro. Ao ler muitas pesquisas sobre o tema, descobriram que o cérebro tem um "orçamento de energia". "Nossa energia é como a bateria do celular, ela vai esgotando ao longo do dia", detalha Simone. Ou seja, a atenção que damos à tarefas desimportantes pode gastar o potencial para as que são realmente prioritárias. Esse paralelo pode facilmente ser traçado com relação aos gastos: se deixamos nossos pilas escoarem em coisas menores, talvez falte na hora de juntar um montante.
Para tomar decisões inteligentes, é preciso estar em boas condições cerebrais, sustentam eles. Na contramão, os formatos das empresas e o funcionamento da sociedade produtiva tendem a ativar o sistema simpático, área do cérebro responsável pelo mecanismo de luta e fuga, que deixa as pessoas alertas em questões de sobrevivência, pela ansiedade e pelo estresse. "O mundo inteiro está cheio de ambientes que ativam o sistema simpático", esclarece Simone. E o dinheiro, claro, está ligado à manutenção da sobrevivência. Em uma situação de dívidas, por exemplo, é fundamental ter as condições para pensar com clareza.
"O estresse repetido se torna crônico. Então, vem a exaustão, que é o sistema colapsando. A gente precisa estar consciente disso, desligar mais o simpático e ativar o parassimpático, que acalma o fluxo", explica Hector. Isto é, em meio ao estresse, você só tende a encontrar ainda mais atrapalhações. "O estresse se instala como algo permanente e momentos de introspecção e relaxamento cortam esse curso", esmiúça.
Para sobreviver ao furacão, existem técnicas e estratégias. Hector e Simone praticam e ensinam em seus cursos um estilo de respiração diafragmática (ou seja, focada nos movimentos do diafragma), que além de transportar a mente para o sistema parassimpático, estimula a imunidade e altera o nível de frequência cardíaca. "Desativando toda a parte do cérebro que está operando em garantir a sobrevivência, ou seja, quando há sentimento de ameaça, nós conseguimos enxergar os problemas e as oportunidades de dentro deles", explica Simone. "É melhor pensar sobre algo importante pela manhã, quando estamos descansados, do que à noite, quando nosso cérebro já trabalhou bastante", exemplifica ele. Quando o sistema está sobrecarregado, inclusive, a ansiedade se manifesta nos pontos fracos de cada um, como consumir ou comer.

'As pessoas não sabem lidar emocionalmente com o dinheiro'

"As chances de sucesso oscilam demais conforme as crenças associadas ao dinheiro", defende o coach de comportamento financeiro André Luiz Machado. Isso porque muita gente acha, inconscientemente, que "não merece" ou que "não será feliz" se tiver grana à disposição - ou, que ela só virá mediante muito sacrifício. Muitas pessoas também não reconhecem que o ganho de dinheiro possa estar relacionado ao cumprimento de um propósito de vida. Se identificou com algumas destas impressões?
Ele e a também coach Fabiana Mendonça estão à frente da Money Mind, empresa de Porto Alegre que presta consultoria para quem quer se organizar financeiramente. "O grande problema é que as pessoas estão buscando segurança fora delas, e não dentro. Onde está a segurança? Dentro", afirma André. "O dinheiro tangibiliza um nível de segurança que a gente determina. A quantia que faz a gente se sentir confortável somos nós que criamos", completa Fabiana.
Segundo eles, 78% das pessoas associam o dinheiro à ansiedade e medo, e o comportamento é resultado de como a pessoa está estruturada emocionalmente. Um exemplo são aqueles que gastam mais do que ganham, ainda que ganhem muito.
Dos seus clientes, muitos, inicialmente, não conseguem fazer as planilhas de gastos, porque isso significa ter controle sobre o dinheiro. "E isso é uma coisa nova para eles. O que mais acontece é o contrário, o dinheiro controlar a pessoa", fundamenta Fabiana.
A metodologia da Money Mind segue os estudos da coach de comportamento financeiro norte-americana Deborah Price, uma das pioneiras em mentoria financeira baseada numa abordagem comportamental.
"Entender finanças é entender as pessoas. E a partir daí identificar o que move cada um na tomada de decisões", explica André.
Os clientes deles vão dos 21 aos 75 anos, aposentados, empreendedores e profissionais liberais. 
 

'Foco e prioridade é o caminho para o sucesso', diz Nathália Arcuri

Influenciadora digital, coach financeira e criadora do Canal Me Poupe, Nathalia Arcuri participou do 6º Congresso Brasileiro do Varejo, em paralelo à 6ª Feira Brasileira do Varejo, no Centro de Eventos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), no fim de maio. Definindo-se como poupadora por opção, jornalista por profissão e especialista em finanças pessoais por vocação, Nathalia conta que, ainda criança, aos sete anos de idade, começou a entender a arte de poupar.
Com o passar do tempo, já adulta, foi percebendo a liberdade que o dinheiro pode representar na vida das pessoas, principalmente àquelas que sofrem por serem financeiramente dependentes de alguém e que estão presas a uma determinada situação - sem conseguir ver uma saída para seus problemas.
Para Nathalia, o foco e o estabelecimento de prioridades fez com que chegasse ao sucesso que é seu empreendimento hoje: um blog, um canal no YouTube e um contrato com uma empresa corretora de valores.
Seu canal, inclusive, é considerado o maior de finanças do YouTube. "Muitas pessoas acham que são focadas porque realizam suas tarefas até o fim, quando na verdade estavam na maior parte do tempo desviadas do foco correto. Sem foco, não se vai a lugar nenhum. Nem saia de casa", afirma, contrastando momentos sérios e de descontração.
"Então, onde seu foco deveria estar?" pergunta.
"É preciso descobrir qual é sua realidade por meio das respostas às seguintes perguntas: O que você faz, para que você faz, para quem você faz e como você faz?"
Ela considera que somente depois destas respostas as coisas começarão a fazer sentido. "Na prática, isso significa olhar estas questões com outros olhos, controlando o que é controlável, como o dinheiro, processos e produtos, deixando de gastar energia com tempo e pessoas, coisas que você não pode controlar."
Por fim, Nathalia faz algumas recomendações para quem quer vencer financeiramente: "Defina as tarefas mais importantes e comece por elas; defina as tarefas menos importantes e limite o tempo delas; defina as tarefas que não contribuem e as elimine agora. Com a clareza resultante desse processo você vai se colocar mais perto de seus objetivos", conclui.