Publicada em 21 de Setembro de 2020 às 00:00

Estudos se dedicam ao desenvolvimento de vacina contra carrapato bovino

Itabajara da Silva Vaz Jr. se dedica ao tema há muitos anos e diz que pesquisa está avançada

Itabajara da Silva Vaz Jr. se dedica ao tema há muitos anos e diz que pesquisa está avançada


LUIZA PRADO/JC
Roberta Mello, do Rio de Janeiro, especial para o JC
Um animal causador de grandes prejuízos no campo pode estar com os dias contados graças ao esforço do pesquisador Itabajara da Silva Vaz Jr. e da equipe capitaneada por ele no Laboratório de Imunologia Aplicada à Saúde Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Estudos têm o objetivo de pôr fim aos carrapatos nos rebanhos bovinos através do uso de uma vacina.
Razão de grandes perdas econômicas na pecuária, o carrapato bovino (Rhipicephalus microplus) leva à queda na produção de leite e carne, traz danos ao couro e é o transmissor dos protozoários que causam o complexo da Tristeza Parasitária Bovina (TPB) - doença muito comum no Brasil. Atualmente, o controle desse parasita externo é feito principalmente com o uso de acaricidas.
Mas alternativas para o seu controle, como o uso de vacinas, têm sido procuradas. Um dos grupos que se dedica a pesquisas nessa área está sediado no Rio Grande do Sul e investiga o tema há mais de 30 anos.
As pesquisas nessa área são coordenadas pelo veterinário formado pela Universidade Federal de Pelotas e doutor em Ciências Biológicas Itabajara da Silva Vaz Jr. desde meados dos anos 1990. Atualmente com 10 pesquisadores (de estudantes de graduação com iniciação científica a pós-doutorandos), o coletivo colhe os frutos de estudos avançados na compreensão da fisiologia do carrapato e tenta, a partir disso, identificar alvos para um controle com uso de vacinas.
As pesquisas estudam proteínas com potencial imunogênico e aspectos da própria bioquímica do parasito. Essas pesquisas básicas buscam novas ferramentas e vacinas para o controle do ectoparasita, responsável por muitas perdas no setor agropecuário.
Ainda não foi possível entregar ao mercado uma vacina eficaz. Mas o pesquisador adianta que estudos muito promissores estão em fase avançada. A grande dificuldade, entretanto, está na captação de recursos e investimentos para manter a excelência das pesquisas que vêm sendo feitas há anos. "Assim como em todas as áreas de pesquisa no Brasil, a manutenção da realização de um estudo, que pode levar muitos anos e envolver uma equipe de profissionais, é o mais complicado", relata.
Durante três anos, a pesquisa em fase mais avançada no laboratório, que utiliza proteína do carrapato como insumo e estimula a produção de anticorpos no boi através da vacinação, contou com financiamento de uma empresa privada. Contudo, a parceria foi descontinuada no início deste ano devido à dificuldade econômica enfrentada pela companhia.
Desde então, os estudos estão praticamente parados, lamenta o professor. "Essa é a vacina com resultados mais promissores. Já realizamos uma fase de testes e 65% dos animais vacinados apresentaram redução significativa na contaminação de carrapatos", destaca Itabajara.
De acordo com o professor, além de solucionar um problema enfrentado por um dos mais relevantes setores produtivos do Estado, o estímulo à produção de remédios e vacinas gaúchos também traz consigo outros ganhos importantes. Os avanços nessas pesquisas são cruciais para a formação de pessoal qualificado na área, para a garantia da autossuficiência do País na criação e produção desses fármacos e também para dar segurança aos pecuaristas de que o produto desenvolvido será eficaz. "Se tem algo que podemos aprender com a pandemia do novo coronavírus é que a ciência deve ser valorizada. Uma crise sanitária não avisa quando vai acontecer e todos os países precisam estar preparados", pontua o pesquisador.
Ele lembra também que já existem vacinas capazes de imunizar o gado aos carrapatos. Elas são desenvolvidas em outros países e não têm o mesmo efeito no rebanho brasileiro. "É o caso da vacina produzida na Austrália. Na América do Sul inteira ela não funciona do mesmo jeito devido às particularidades da pecuária e de outras condições da região", exemplifica.
Além das pesquisas, o grupo de pesquisa em imunologia mantém um Serviço de Produção de Anticorpos chamado Célula B. O serviço fornece anticorpos feitos sob encomenda para laboratórios acadêmicos, laboratórios clínicos e indústrias com preços competitivos e adequados à realidade nacional.
Mesmo com uma série de dificuldades e em meio à pandemia, que obrigou a equipe a realizar uma divisão do trabalho em turnos para que não houvesse mais de uma pessoa no espaço ao mesmo tempo, o grupo liderado por Itabajara já realizou o depósito de 17 patentes, das quais três já foram concedidas. Todas elas visam à criação de medicamentos contra o carrapato - a maior parte vacinas - ainda que sigam diferentes estratégias de elaboração, explica o especialista.
Há anos à frente de pesquisas na área de imunologia parasitária, Itabajara parece ter a calma de quem sabe que a pesquisa requer tempo. Ao que tudo indica, uma vacina capaz de trazer mais saúde aos rebanhos gaúchos e tranquilidade aos criadores está cada vez mais perto de se tornar realidade.
Um animal causador de grandes prejuízos no campo pode estar com os dias contados graças ao esforço do pesquisador Itabajara da Silva Vaz Jr. e da equipe capitaneada por ele no Laboratório de Imunologia Aplicada à Saúde Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Estudos têm o objetivo de pôr fim aos carrapatos nos rebanhos bovinos através do uso de uma vacina.
Razão de grandes perdas econômicas na pecuária, o carrapato bovino (Rhipicephalus microplus) leva à queda na produção de leite e carne, traz danos ao couro e é o transmissor dos protozoários que causam o complexo da Tristeza Parasitária Bovina (TPB) - doença muito comum no Brasil. Atualmente, o controle desse parasita externo é feito principalmente com o uso de acaricidas.
Mas alternativas para o seu controle, como o uso de vacinas, têm sido procuradas. Um dos grupos que se dedica a pesquisas nessa área está sediado no Rio Grande do Sul e investiga o tema há mais de 30 anos.
As pesquisas nessa área são coordenadas pelo veterinário formado pela Universidade Federal de Pelotas e doutor em Ciências Biológicas Itabajara da Silva Vaz Jr. desde meados dos anos 1990. Atualmente com 10 pesquisadores (de estudantes de graduação com iniciação científica a pós-doutorandos), o coletivo colhe os frutos de estudos avançados na compreensão da fisiologia do carrapato e tenta, a partir disso, identificar alvos para um controle com uso de vacinas.
As pesquisas estudam proteínas com potencial imunogênico e aspectos da própria bioquímica do parasito. Essas pesquisas básicas buscam novas ferramentas e vacinas para o controle do ectoparasita, responsável por muitas perdas no setor agropecuário.
Ainda não foi possível entregar ao mercado uma vacina eficaz. Mas o pesquisador adianta que estudos muito promissores estão em fase avançada. A grande dificuldade, entretanto, está na captação de recursos e investimentos para manter a excelência das pesquisas que vêm sendo feitas há anos. "Assim como em todas as áreas de pesquisa no Brasil, a manutenção da realização de um estudo, que pode levar muitos anos e envolver uma equipe de profissionais, é o mais complicado", relata.
Durante três anos, a pesquisa em fase mais avançada no laboratório, que utiliza proteína do carrapato como insumo e estimula a produção de anticorpos no boi através da vacinação, contou com financiamento de uma empresa privada. Contudo, a parceria foi descontinuada no início deste ano devido à dificuldade econômica enfrentada pela companhia.
Desde então, os estudos estão praticamente parados, lamenta o professor. "Essa é a vacina com resultados mais promissores. Já realizamos uma fase de testes e 65% dos animais vacinados apresentaram redução significativa na contaminação de carrapatos", destaca Itabajara.
De acordo com o professor, além de solucionar um problema enfrentado por um dos mais relevantes setores produtivos do Estado, o estímulo à produção de remédios e vacinas gaúchos também traz consigo outros ganhos importantes. Os avanços nessas pesquisas são cruciais para a formação de pessoal qualificado na área, para a garantia da autossuficiência do País na criação e produção desses fármacos e também para dar segurança aos pecuaristas de que o produto desenvolvido será eficaz. "Se tem algo que podemos aprender com a pandemia do novo coronavírus é que a ciência deve ser valorizada. Uma crise sanitária não avisa quando vai acontecer e todos os países precisam estar preparados", pontua o pesquisador.
Ele lembra também que já existem vacinas capazes de imunizar o gado aos carrapatos. Elas são desenvolvidas em outros países e não têm o mesmo efeito no rebanho brasileiro. "É o caso da vacina produzida na Austrália. Na América do Sul inteira ela não funciona do mesmo jeito devido às particularidades da pecuária e de outras condições da região", exemplifica.
Além das pesquisas, o grupo de pesquisa em imunologia mantém um Serviço de Produção de Anticorpos chamado Célula B. O serviço fornece anticorpos feitos sob encomenda para laboratórios acadêmicos, laboratórios clínicos e indústrias com preços competitivos e adequados à realidade nacional.
Mesmo com uma série de dificuldades e em meio à pandemia, que obrigou a equipe a realizar uma divisão do trabalho em turnos para que não houvesse mais de uma pessoa no espaço ao mesmo tempo, o grupo liderado por Itabajara já realizou o depósito de 17 patentes, das quais três já foram concedidas. Todas elas visam à criação de medicamentos contra o carrapato - a maior parte vacinas - ainda que sigam diferentes estratégias de elaboração, explica o especialista.
Há anos à frente de pesquisas na área de imunologia parasitária, Itabajara parece ter a calma de quem sabe que a pesquisa requer tempo. Ao que tudo indica, uma vacina capaz de trazer mais saúde aos rebanhos gaúchos e tranquilidade aos criadores está cada vez mais perto de se tornar realidade.
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