Publicada em 25 de Setembro de 2020 às 03:00
A volta às origens com a exposição de animais
Parque Assis Brasil 50 anos. Caderno especial da Expointer.
JOYCE ROCHA/JC
Thiago Copetti, do Rio de Janeiro, especial para o JC
Criado como um grande substituto do Parque Estadual de Exposição de Animais Menino Deus, em Porto Alegre, o Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, retorna, de certa forma, às suas origens na feira deste ano. Isso porque a Expointer 2020, que ocupará os 141 hectares do local, será basicamente uma exposição de animais.
"Esta edição da Expointer é um encontro do passado com o futuro. Vai nos remeter à origem e nos lembrar das exposições focadas quase que exclusivamente na pecuária e, ao mesmo tempo, teremos uma plataforma online transmitindo para o mundo inteiro", destaca Leonardo Lamachia, presidente da Federação das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) - que, neste ano, assumiu as rédeas da exposição.
Os animais, por muito tempo os principais atrativos deste tipo de evento, foram reduzindo sua presença no parque, especialmente na última década. No seu ápice, pecuaristas chegaram a levar próximo de 8 mil animais nos anos 1990 - número que baixou para cerca de 5 mil em 2010 e, no ano passado, não alcançou 4 mil inscritos. O que não significa desprestígio da feira, mas sim uma nova visão de negócios, de redução de custos e até mesmo de riscos.
Transportar um animal até Esteio exige investimentos elevados, assim como bons tratadores - também corre-se o risco de doença e desgastes do animal no transporte e nos estandes, tumultuados por milhares de visitantes. Lamachia explica ainda que, se antigamente estar com dezenas de animais no parque era uma necessidade de comercialização, a tecnologia eliminou a demanda presencial.
"Ter animais no parque é importante para conquistar um grande campeonato, disputas de raça e provas de cavalos, com o Freio de Ouro, mas os criadores viram que não dependem mais da ida até o Assis Brasil para vender. Levam aquele que pode ser o grande campeão de Esteio. É algo mais institucional, não mais de resultado econômico imediato de vendas", analisa Lamachia.
Tradicional pecuarista gaúcho e presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira, pondera que existe ainda hoje uma "extrema subutilização do Parque Assis Brasil", mas que o local, mesmo assim, tem um grande significado não apenas para a pecuária sul-rio-grandense, mas nacional e, até mesmo, internacional.
"Temos na América do Sul quatro exposições importantes, entre elas a Expointer. E o parque evidentemente faz parte disso", diz. Para Gedeão, "trata-se de um dos maiores parques de exposições de animais do mundo, tem boa infraestrutura, acolhe todos os anos 500 mil pessoas, que entram ali e têm espaço para uma infinidade de atrações", destaca.
O presidente da Farsul ressalta ainda que, na sucessão do Parque Menino Deus, a infraestrutura de Esteio assumiu o papel de representar uma boa parte da relevância econômica do agronegócio gaúcho, brasileiro e até mesmo dos países do Mercosul, pela dimensão do que apresenta ali em pouco mais de uma semana.
"Os negócios que se viabilizam lá, por si só, garantem a ociosidade do parque no resto do ano. Na realidade, cada Expointer movimenta mais de R$ 2 bilhões em vendas, porque tem todos os reflexos posteriores da exposição", avalia o pecuarista.
Gedeão conta que foram raros os anos que não pisou no parque para acompanhar a feira. Com 72 anos, lembra que o Assis Brasil está em suas memórias desde quando ingressou na faculdade de Medicina Veterinária. Ele esteve, inclusive, na inauguração.
"Eu já estava na faculdade em 1970, cursando Medicina Veterinária. O que se viu foi muita reclamação. E, para variar, foi um ano muito chuvoso, os galpões estavam muito ruins. Olha, foi um inferno o primeiro ano! Mas se venceu isso graças à garra do secretário da Agricultura na época, Luciano Machado, que foi homenageado pela Farsul antes do seu falecimento", finaliza Gedeão.
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Criado como um grande substituto do Parque Estadual de Exposição de Animais Menino Deus, em Porto Alegre, o Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, retorna, de certa forma, às suas origens na feira deste ano. Isso porque a Expointer 2020, que ocupará os 141 hectares do local, será basicamente uma exposição de animais.
"Esta edição da Expointer é um encontro do passado com o futuro. Vai nos remeter à origem e nos lembrar das exposições focadas quase que exclusivamente na pecuária e, ao mesmo tempo, teremos uma plataforma online transmitindo para o mundo inteiro", destaca Leonardo Lamachia, presidente da Federação das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) - que, neste ano, assumiu as rédeas da exposição.
Os animais, por muito tempo os principais atrativos deste tipo de evento, foram reduzindo sua presença no parque, especialmente na última década. No seu ápice, pecuaristas chegaram a levar próximo de 8 mil animais nos anos 1990 - número que baixou para cerca de 5 mil em 2010 e, no ano passado, não alcançou 4 mil inscritos. O que não significa desprestígio da feira, mas sim uma nova visão de negócios, de redução de custos e até mesmo de riscos.
Transportar um animal até Esteio exige investimentos elevados, assim como bons tratadores - também corre-se o risco de doença e desgastes do animal no transporte e nos estandes, tumultuados por milhares de visitantes. Lamachia explica ainda que, se antigamente estar com dezenas de animais no parque era uma necessidade de comercialização, a tecnologia eliminou a demanda presencial.
"Ter animais no parque é importante para conquistar um grande campeonato, disputas de raça e provas de cavalos, com o Freio de Ouro, mas os criadores viram que não dependem mais da ida até o Assis Brasil para vender. Levam aquele que pode ser o grande campeão de Esteio. É algo mais institucional, não mais de resultado econômico imediato de vendas", analisa Lamachia.
Tradicional pecuarista gaúcho e presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira, pondera que existe ainda hoje uma "extrema subutilização do Parque Assis Brasil", mas que o local, mesmo assim, tem um grande significado não apenas para a pecuária sul-rio-grandense, mas nacional e, até mesmo, internacional.
"Temos na América do Sul quatro exposições importantes, entre elas a Expointer. E o parque evidentemente faz parte disso", diz. Para Gedeão, "trata-se de um dos maiores parques de exposições de animais do mundo, tem boa infraestrutura, acolhe todos os anos 500 mil pessoas, que entram ali e têm espaço para uma infinidade de atrações", destaca.
O presidente da Farsul ressalta ainda que, na sucessão do Parque Menino Deus, a infraestrutura de Esteio assumiu o papel de representar uma boa parte da relevância econômica do agronegócio gaúcho, brasileiro e até mesmo dos países do Mercosul, pela dimensão do que apresenta ali em pouco mais de uma semana.
"Os negócios que se viabilizam lá, por si só, garantem a ociosidade do parque no resto do ano. Na realidade, cada Expointer movimenta mais de R$ 2 bilhões em vendas, porque tem todos os reflexos posteriores da exposição", avalia o pecuarista.
Gedeão conta que foram raros os anos que não pisou no parque para acompanhar a feira. Com 72 anos, lembra que o Assis Brasil está em suas memórias desde quando ingressou na faculdade de Medicina Veterinária. Ele esteve, inclusive, na inauguração.
"Eu já estava na faculdade em 1970, cursando Medicina Veterinária. O que se viu foi muita reclamação. E, para variar, foi um ano muito chuvoso, os galpões estavam muito ruins. Olha, foi um inferno o primeiro ano! Mas se venceu isso graças à garra do secretário da Agricultura na época, Luciano Machado, que foi homenageado pela Farsul antes do seu falecimento", finaliza Gedeão.
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