Jornal do Comércio - Qual o papel do CEO dentro do Inter?
Giovane Zanardo - O CEO se reporta ao Conselho de Gestão do clube, com o papel de liderar os demais executivos em prol dos objetivos estratégicos traçados. Os executivos de marketing, futebol, operações, finanças, jurídico são liderados pelo CEO, que faz uma ponte entre estes profissionais e o Conselho de Gestão.
JC - Quais os principais pontos do planejamento estratégico adotado pelo clube?
Zanardo - O presidente Alessandro Barcellos e o seu Conselho de Gestão tiveram um projeto analisado e balizado nas urnas. O projeto pensa no clube para o futuro, com alguns pilares importantes: finanças, formação de atletas, futebol e receitas – todos cercados com grandes objetivos estratégicos. De forma bem simplista, podemos dividir esse projeto em duas grandes áreas. De um lado está a manutenção de um clube protagonista, com um futebol competitivo nos campeonatos que participa. De outro lado, deve realizar isso de uma maneira financeira sustentável. Estes dois objetivos são os balizadores para o projeto entregue pelo Alessandro para os próximos três anos de gestão do Inter.
JC - De que forma o clube pretende trabalhar estes pilares, por exemplo, no futebol?
Zanardo - Dentro dessa linha de se ter um futebol protagonista é fundamental o trabalho com ciência de dados. Hoje, a gente tem muita informação no mundo. Com isso, todo gerenciamento dos nossos ativos precisa estar ancorados na ciência de dados. Precisamos trabalhar a formação de atletas como ativos do nosso futuro. Eles nos darão competitividade esportiva, à medida que forem sendo incorporados ao elenco principal, assim como irão permitir retroalimentar os investimentos que estão sendo feitos, uma vez que, depois de vendidos, retroalimentam este processo de gestão de ativos.
JC - E nas finanças, qual a estratégia?
Zanardo - O projeto fala em alcançarmos os 200 mil sócios em três anos. Este é um plano extremamente importante, porquê é uma receita recorrente. Uma das premissas do projeto do Alessandro é que as receitas recorrentes cubram as despesas recorrentes. Para que isso ocorra, o nosso sócio e a nossa sócia são fundamentais. E a gente entende que têm condições de melhor ainda mais essa relação com o associado e fazer essa receitar ser ainda mais relevante para o clube.
JC - Como o senhor, como CEO, enxerga a atual saúde financeira do Inter?
Zanardo - Desde a campanha, o Alessandro Barcellos sabe que a situação do clube é difícil. Do ponto de vista econômico e financeiro, a gente tem enfrentado alguns déficits ao logo dos últimos anos, e o clube tem um endividamento elevado. Nunca se escondeu as dificuldades que o Inter enfrenta. Por outro lado,
existe um projeto de enfrentamento disso. Quando recebi o convite para assumir o cargo de CEO, foi me apresentado em detalhes esse projeto. Como citei antes, para cada um dos pilares existem ações. O conjunto dessas medidas é que vai permitir o enfrentamento destas dificuldades. O organograma do clube precisa suportar o projeto estratégico.
JC - Qual a participação do CEO nas tomadas de decisão de cada pasta do clube?
Zanardo - Os executivos dentro de suas pastas têm liberdade para agir. Claro que esta liberdade precisa respeitar um orçamento. E, obviamente, que decisões extremamente estratégicas precisam envolver o CEO e o Conselho de Gestão. Por exemplo, a mudança de um grande patrocinador, a troca do fornecedor de material esportivo, uma grande contratação ou venda de um jogador, um negócio imobiliário, todas essas decisões relevantes, independentemente de estarem ou não sendo previstas, começam a ser conduzidas pelo executivo da área. Claro que, a partir de um determinado momento, é trazido para o CEO e para o Conselho de Gestão, para que juntos possamos tomar a decisão.
JC - Como está o processo que envolve a revitalização do Gigantinho, encaminhado na última gestão?
Zanardo - Está acontecendo, no gerúndio. Está nos tramites internos que o processo precisa. Houve uma apresentação para o Conselho Deliberativo, foram feitas algumas observações, e agora está sendo feito pela gestão um refinamento da proposta apresentada, para que a gente chegue a um consenso. Ainda não temos uma data prevista, já que envolve uma decisão de longo prazo para o clube.
JC - Dentro desse projeto da gestão de valorizar ainda mais a formação do atleta na base do clube, como estão as tratativas para o início das obras do centro de treinamentos em Guaíba?
Zanardo - O CT é prioridade na gestão. Sabemos o quanto ele é importante por tudo que já foi falado e, agora, estamos numa fase de análise do detalhamento do projeto em si. Como podemos fazer o enfrentamento dessa obra, o tamanho de cada fase, a estruturação do modelo para busca de recursos e a execução do projeto. Por se tratar de algo grande e complexo, estamos fazendo todo tipo de análise para essa viabilização e atrás das alternativas. O CT é um projeto que vai gerar um debate em todas as esferas do clube.