A bandeira amarela indica impedimento do time que está no ataque durante uma partida de futebol. O jogo para, e a bola troca de lado. Mas, em tempos de pandemia do novo coronavírus e do distanciamento controlado adotado no Rio Grande do Sul, cujas restrições são comandadas por cores de bandeiras, a amarela tem o poder de liberar completamente as partidas, mesmo sem público, assim como treinamentos coletivos.
Problema, e por isso a pressão aumenta, é que Porto Alegre, onde estão Grêmio e Inter, a bandeira é laranja, que veta jogos e treinos coletivos. A dupla já retomou treinos, mas com limitações. Sem jogos e a renda de transmissões e patrocínios, os prejuízos só se acumulam. O jejum de partidas soma mais de 70 dias no Rio Grande do Sul. A
suspensão ocorreu em 16 de março, após o último fim de semana de jogos do Gauchão 2020.
Sobre o assunto, o governador Eduardo Leite avisou,
durante live pelo Instagram do
Jornal do Comércio, na noite dessa segunda-feira (25):
"Isso não é tarefa do governo do Estado resolver. É uma decisão da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) de como contornar a situação", avisou o governador Eduardo Leite, ao avaliar as condições para a bola voltar a rolar nos gramados gaúchos.
Ao concordar que, para as partidas voltarem na Capital, precisa mudar a bandeira, o governador também lembrou que o "Campeonato Gaúcho é mais que Porto Alegre". Restaria à FGF encontrar um caminho para fazer jogos onde a prática está liberada. Mas admitiu que o sistema de bandeiras, definido por condições regionais da pandemia e que deixa agora Porto Alegre fora das zonas liberadas, dificulta o retorno dos jogos.
"O protocolo permite que haja jogos sem público nas regiões de bandeira amarela, que não proíbe atividades esportivas. Mas o Gauchão é estadual. Então, como fazer um campeonato se em uma região pode ter jogo e na outra não. Isso torna a situação complexa", admitiu Leite.
O governador afirmou que é "preciso aguardar um pouco mais", indicando ainda que não é apenas o futebol que sofre com as restrições. Ele lembrou que a "economia do entretenimento" tem mais atores, como casas noturnas, museus e outros equipamentos, que estão sofrendo por não poderem operar.
No caso do futebol, Leite aponta que o perfil do jogo, com muito contato, é um primeiro obstáculo. "É um esporte de contato. Não tem como jogar mantendo distanciamento, 'dois metros de distância', pois tem a disputa pela bola. Tem grande possibilidade de contágio e isso tem de ser observado", reforçou o governador, que adota cautela e não quer arriscar perder o controle sobre a pandemia.
Ele também observou que "houve casos de jogadores dos principais times de futebol que tiveram confirmação de Covid-19". Mesmo sem citar nomes, um dos casos é do centroavante Diego Souza, do Tricolor, que teve teste positivo e ficou em isolamento. Diego voltou esta semana a treinar no CT Luiz Carvalho, na Capital.
Os limites para o futebol reforçam ainda o que é mais crucial na política atual de vigilância e distanciamento. O governador ressaltou que "a prioridade é não perder o controle da disseminação do vírus". "Em outros locais no Brasil e no mundo que tiveram sucesso em um primeiro momento e se descuidaram, perderam o controle e aumentaram a incidência de casos", frisa o governador.
Leite também cita que é preciso acompanhar o "desafio do inverno", que eleva a demanda por atendimento com maiores registros de doenças respiratórias, e como está indo o modelo de distanciamento controlado, que está sendo testado e que foi
adotado há menos 20 dias, em 11 de maio.
"Eu sou Xavante, Brasil de Pelotas, e lá (Pelotas) também está laranja", lembrou o torcedor Leite, mostrando que compreende o sentimento de colorados e gremistas que estão sem poder assistir aos times jogar.