Quem passou pela Praia Grande, em Torres, não teve como não se render. A areia se transformou em uma arena - ou melhor arenão - de confrontos de beach tennis, um esporte que conquista cada vez mais adeptos e de todas as idades. Torres atraiu mais de 500 atletas para os jogos individuais e de duplas dentro do IV Torneio da SAPT - Sociedade Amigos da Parai de Torres.
Um dos eventos da Federação Gaúcha de Tênis, o torneio comprovou a popularidade do esporte e também abriu a temporada de beach tennis de 2020 no Rio Grande do Sul.
Na Praia Grande, foram montadas 18 quadras para os confrontos, que foram acompanhados por árbitro geral e auxiliares, e em categorias mista, feminina e em diversas idades. Pelo menos 27 categorias movimentaram a competição de sexta-feira (17) a domingo (19). Oitenta troféus estavam em jogo. Os atletas competiram nos níveis PRO (profissional), A, B, C, e D.
"Tem atleta dos 12 anos aos 70 anos", disse Lucas Marcelino, diretor de beach tennis da SAPT, que atesta: "Cada ano cresce mais o número de praticantes. Abraçamos a modalidade". O torneio tem como parceiro a AMello Eventos, que tem sede em Porto Alegre e já é veterana em promover a modalidade. Hoje a Capital é o maior centro da prática, mas as praias registram adesão de praticantes. Torres ganhou até uma quadra pública na Parai da Cal, ao lado do Morro das Furnas.
Na federação, são 800 a 900 atletas registrados, mas a estimativa é que mais de 5 mil pessoas se dediquem ao beach tennis no Estado, projeta Aurelio Mello, da AMello.
A própria evolução dos participantes do torneio em quatro anos valida a ascensão do jogo na areia e com raquetes que exigem manobras firmes e certeiras. O torneio da SAPT teve na primeira edição, há quatro anos, 63 duplas, e na edição de 2020, o número saltou a 243 duplas.
Um dos motivos da popularização é a facilidade de jogar, comenta Mello. O bech tennis não exige apuro técnico, dizem os organizadores, mas os praticantes cada vez buscam mais treinos para melhorar o seu jogo. "O aumento de inscritos mostra a qualidade do torneio", reforça o dono da AMello.
Marcelino destaca ainda o ambiente do esporte. Há muita descontração e um clima de amizade. "Beach tennis é família", resume ele.
Duplas como João Vítor Bastos, 16 anos, e João Linhares Veríssimo, 15 anos, esmeraram-se nas sacadas e mantêm firmes as raquetes. Já desistiram de outros esportes - com o o futebol, no caso de João Vitor, mas não sabem se vão seguir na trilha profissional.
O mais velho mudou-se de Canoas, na Região Metropolitana, para a praia de Imbé, onde descobriu o beach tennis. "Comecei a jogar com um amigo que levou a raquete, ele disse que eu tinha futuro. Acabei largando o futebol", contou João Vitor, hoje na categoria B, segundo melhor nível entre amadores. Hoje ele já é federado, incentivado por amigos que viram o potencial do seu jogo.
"Não sei se vou seguir carreira no beach tennis, quero ser arquiteto", diz o garoto, que admite ficar dividido. "Gosto muito do ambiente da praia e das pessoas", comenta sobre razões para muitos aderirem ao esporte.
João Linhares começou a jogar tênis com três anos e depois foi se apegando ao beach tennis, em uma quadra montada na areia da Praia da Cal. "Comecei a jogar e a ter mais técnica Era todo o dia", lembra Linhares, que reside em Torres. No começo, diz que tinha dificuldade para conseguir quem jogasse com ele, pois "era muito pequeno".
Em 2019, o garotinho que pega em raquete para jogar desde os três anos foi para Aruba, onde disputou um torneio. Ele voltou mais com experiência do que medalha. "Faltou focar mais, mas valeu. Quero ir a mais campeonatos", projeta.